Quando aceitei a proposta de Taehyung, eu tinha apenas uma coisa em mente; sobreviver aos quatro dias de retiro sem me envolver em alguma confusão, morrer de tédio, ou sair no soco com algum infeliz.
Objetivo número um fracassado. No fim das contas, mamãe tinha razão em se preocupar.
Não sei se posso considerar o pequeno conflito na piscina como sendo uma briga, mas tenho certeza que o ego daquele bostinha ficou bastante ferido. O cara teve a audácia de imaginar que zombaria do Jimin-hyung e depois me humilharia na frente de todas aquelas pessoas, e no fim sairia impune. Pobre infeliz... A sorte dele é que estávamos em seu habitat natural, senão teria feito pior. Muito pior.
Tirando esse pequeno detalhe, o retiro espiritual de jovens e adolescentes das Igrejas Batistas de Busan estava me rendendo surpresas inusitadas. Primeiro de tudo, o retorno triunfante de Park Jimin. Meu ex-melhor-futuro-amigo colorido. Segundo, o fato de eu ter feito novas amizades em um ambiente totalmente fora do meu contexto. E isso era algo que quem me conhecesse de verdade, jamais acreditaria.
Já era quase madrugada. Não queríamos chamar atenção. Esperamos todos irem para suas camas. Foi uma das condições que Hoseok nos impôs para burlarmos as regras e dormirmos além do horário. A outra condição é a de que voltássemos antes de uma hora da manhã. Ele foi irredutível nesse ponto.
Quando a penúltima luz da casa foi desligada, Hoseok deu o sinal de que poderíamos ir. Ele não parecia muito convicto da decisão. E com razão. Um grupo de jovens reunidos possui naturalmente o talento de fazer merda. E jovens reunidos, influenciados pela mente perversa de Jeon Jungkook, possuem o talento de fazer merda em dobro.
Guiados por algumas lanternas, seguimos a trilha na mata lateral da propriedade em meio à escuridão. Choa levou sua caixinha de som e Seokjin e Namjoon levaram alguns snacks e balinhas para comermos no caminho. Hoseok disse que não poderia nos acompanhar, mas entregou-nos alguns tatames que os donos da propriedade haviam lhe emprestado.
Numa escala de um a dez, meu sono flutuava entre o três e o quatro. Se dependesse de mim, viraria a noite conversando e ouvindo música naquele coreto.
— Galera, vocês viram o escândalo que a Nari fez durante o louvor? — Choa trouxe à tona o assunto, dando fim ao silêncio que nos acompanhava desde o início da caminhada.
— Eu vi. O que foi aquilo? — Taehyung perguntou, enroscando seu braço ao meu. Medo do escuro... certamente.
— Ai, gente, é a Nari, até parece que vocês não conhecem a figura — disse Dasom.
Seokjin, que dividia uma das lanternas com Namjoon, parou no meio do caminho e ergueu os braços para o alto.
— "ESTOU QUEBRANTADA, Ó PAPAI!" — Ele encenou e todos riram. A imitação foi perfeita.
— Se aconteceu algo, semana que vem ela aparece lá na frente da igreja pedindo oração. Aí descobrimos o motivo — disse Namjoon virando-se e jogando o feixe de luz da lanterna nos nossos olhos.
Nari era um livro aberto, embora seu conteúdo fosse de baixíssima qualidade.
— É verdade que ela namora de corte? — perguntou Jihyo.
— Sim. Se não me engano, ela namora de corte com um garoto da presbiteriana do Centro.
— Que porra é essa de namorar de corte? — perguntei, recebendo um puxão de advertência de Taehyung.
— Então, Jungkook... Corte advém da palavra cortejar. É quando o casal de namorados se compromete a ficar junto, mas deixa a intimidade para depois do casamento. Tipo beijos, abraços e essas coisas — Explicou Namjoon.
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Um Crush Espiritual || Jikook
HumorA grande amizade entre Park Jimin e Jeon Jungkook teve um final inesperado no início da adolescência, quando foram pegos brincando de um jeito suspeito no banheiro da igreja. Anos depois, o acaso decide reuni-los novamente num retiro espiritual para...