❗ Nota: O símbolo "o(^▽^)o" representa a mudança de ponto de vista entre JK e JM.❗
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— Isso é sério? — Esfreguei minhas pálpebras sem acreditar que Taehyung havia me acordado para pedir tamanho absurdo.
A resposta era não, e ele já me conhecia o suficiente para saber disso.
— Jungkook-ah... Em nome da nossa amizade, poxa... Eu por acaso sou uma piada pra você? — O tom dramático me fez revirar os olhos e afundar a cabeça no travesseiro. — Você acha que eu queria ir também?
Virei-me de lado na cama e acidentalmente chutei o notebook a poucos centímetros do meu pé. A aba da Netflix aberta me perguntava se "Tem alguém assistindo".
— Por que vai então, caralho? Você já é maior de idade. — Estiquei o braço acima da cabeceira para aumentar a velocidade do ventilador, mas para minha infelicidade, a porcaria já estava no máximo. Meu corpo seminu pregava no lençol, devido ao calor infernal que fazia dentro do quarto.
— Você conhece meus pais, Jungkook... Se eu falar que não quero ir, eles já vão supor coisas e imaginar que estou querendo sair da igreja.
— Eu não tenho culpa se você é enrustido, Taehyung — Brinquei, porém ele me devolveu um silêncio broxante do outro lado da linha.
— Odeio quando você fala assim... Cada um tem seu tempo, poxa... E você só diz isso, porque sua mãe é super de boa. Pra você foi mais fácil — disse Tae sem dar sequer uma pausa entre uma frase e outra. — Sua mãe por acaso vai me receber aí se eu for expulso de casa? Você vai me bancar? Cara, minha vida vai virar um inferno.
Assumir-se nem era o maior dos problemas na vida de Taehyung, mas sim a maneira como ele reforçava o preconceito dos pais quando estava na presença deles. Insistir em posar com uma imagem tóxica de hétero homofóbico nunca foi uma boa ideia. Quem saía mais machucado, no fim das contas, era ele, que se enfiava cada vez mais naquele armário, vivendo uma vida dupla com versões de si totalmente incompatíveis.
— Tá bom, você tem razão. Foi mal aí, enrustidinho lindo. Eu errei. Mesmo assim não vai rolar.
— Jungkook, são só quatro dias. Não custa nada. — Persistiu com um lamento fino na voz, que infelizmente não era o bastante para derreter meu coração gelado.
— Custa muito. Eu tenho alergia a esse tipo de coisa. Você sabe disso.
— Meu Deus, o drama...
— Aprendi com você, amigo. — Bocejei e me espreguicei de um jeito escandaloso, tirando forças do além para me sentar na beirada da cama.
Com o celular ainda grudado no ouvido, pulei do colchão e desci minha cueca boxer, que ficou presa nas canelas. Com o auxílio dos pés, terminei de tirá-la e a chutei para cima pegando no ar.
Ainda escutando o repertório de lamentações de Kim Taehyung, soltei o elástico que prendia meu cabelo e segui em direção ao banheiro catando algumas peças de roupa pelo caminho. As mesmas que eu havia jogado no chão, no dia anterior, por preguiça de colocá-las na roupa suja.
— Que barulho é esse? Está mijando aí? — perguntou Tae, dando uma trégua momentânea no assunto anterior.
— Tô, por quê? — Assenti sonolento.
— Tira uma foto da rola e me manda. — Ele pediu naturalmente, como quem pede um copo d'água.
— Que!? — Minha risada quase me fez errar a mira e sujar o chão do banheiro.
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Um Crush Espiritual || Jikook
ComédieA grande amizade entre Park Jimin e Jeon Jungkook teve um final inesperado no início da adolescência, quando foram pegos brincando de um jeito suspeito no banheiro da igreja. Anos depois, o acaso decide reuni-los novamente num retiro espiritual para...