Capítulo Dez - O Herdeiro e a Câmara

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Todos ainda nos olhavam com a mesma expressão, e eu continuava sem entender o que aquele aviso queria dizer. Mas as coisas estavam prestes a piorar.

— O que está acontecendo aqui? Que está acontecendo? — veio berrando Argo Filch atraído pela voz de Draco, sem entender o por que do alvoroço.

Quando seus olhos focaram em Madame Nor-r-ra, seu rosto formou uma expressão horrorizada.

— Minha gata! Minha gata! Que aconteceu a Madame Nor-r-ra? – gritou ele, com os olhos saltados, que no instante seguinte pousaram em Harry. — Você! – gritou. — Você! Você assassinou a minha gata! Você a matou! Vou matá-lo! Vou...

– Argo!

Dumbledore chegara à cena, seguido de vários professores, passando por mim,
Harry, Rony e Hermione e soltando Madame Nor-r-ra do porta-archote.

— Venha comigo, Argo — disse ele a Filch. — Os senhores também, Sr. Potter, Sr. Weasley, Srta. Goldstein e Srta. Granger.

E lá vamos nós de novo. Lockhart deu um passo à frente pressuroso.

– A minha sala fica mais próxima, diretor, logo aqui em cima, por favor, fique à vontade...

– Muito obrigado, Gilderoy – disse Dumbledore.

Os presentes se afastaram para os lados em silêncio para que pudéssemos passar. Lockhart, com o ar agitado e importante, acompanhou Dumbledore, apressado; o mesmo fizeram a Profa. McGonagall e o Prof. Snape.

Nunca tinha entrado na sala de Lockhart e a cena que encontrei não era lá das mais agradáveis. Ao entrarmos, vi vários Lockharts nas molduras, alguns com os cabelos presos em rolinhos. O verdadeiro Lockhart acendeu as velas sobre a escrivaninha e se afastou um pouco. Dumbledore pôs Madame Nor-r-ra na superfície polida e começou a examiná-la. Harry, Rony, Hermione e eu trocamos olhares tensos e nos sentamos observando, sem saber que rumo seguiríamos. Estava realmente nervosa dessa vez. A ponta do nariz comprido e curvo de Dumbledore estava a menos de três centímetros do pelo de Madame Nor-r-ra. Ele a examinou atentamente através dos óculos de meia-lua, apalpou-a e cutucou-a com os dedos longos. A Profa McGonagall estava curvada quase tão próxima, os olhos apertados. Snape esticava-se por trás deles, meio na sombra, com uma expressão estranhíssima no rosto: era como se estivesse fazendo força para não sorrir. E Lockhart andava à volta do grupo, oferecendo sugestões.

– Decididamente foi um feitiço que a matou, provavelmente a Tortura Transmogrifiana. Já a usaram muitas vezes, que pena que eu não estava presente, conheço exatamente o contrafeitiço que a teria salvado...

— Não sabemos usar esse feitiço, não sei se notou mas estamos no segundo ano. — Disse e Hermione me deu um chute e um olhar repressivo.

Lockhart continuou com suas suposições idiotas que eram pontuadas pelos soluços secos e violentos de Filch. Ele se afundara na cadeira ao lado da escrivaninha, incapaz de olhar para Madame Nor-r-ra. Por um breve momento senti pena do homem. Então lembrei que havia a possibilidade de ele nos denunciar como culpados da morte de sua gata e o pânico lentamente tomou minha mente. Se Dumbledore acreditasse nele, seria não só expulsa mas sairia acusada de assassinato de um animal e provavelmente seria abandonada na rua a própria sorte, iria acabar vivendo na travessa do tranco sem ter o que comer e deserdada.

Dumbledore murmurava palavras estranhas para si mesmo, tocando Madame Nor-r-ra com a varinha mas nada aconteceu: ela continuava parecendo que fora empalhada recentemente.

– ... Lembro-me de algo muito parecido que aconteceu em Ouagadogou – disse Lockhart –, uma série de ataques, a história completa se encontra na minha autobiografia, naquela ocasião pude fornecer aos habitantes da cidade vários amuletos, que resolveram imediatamente o problema...

 2 | 𝐓𝐇𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋 𝐖𝐇𝐎 𝐂𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐂𝐇𝐎𝐎𝐒𝐄  [Harry Potter]Onde histórias criam vida. Descubra agora