Enquanto seu estômago se revirava com socos do passado, lembranças doces e amargas, que fugiram por entre seus dedos, a dor pressionava pelo seu âmago, engulindo o apagador, com tilintar do álcool nas veias.
Bertha se viu forçada a tomar as rédeas...
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A escola parecia um palácio, sua estrutura como se fosse uma enorme caixa com os mínimos detalhes, arandelas, fileiras de janelas que eu não poderia contar nos dedos, circundada com arbustos e flores coloridas. Era lindo.
Quando cheguei no meu quarto hoje cedo, uma das camas já havia sido ocupada, vislumbrei os pertences de minha colega de quarto, uma raquete no chão, pesos de academia e todas suas roupas em um monte na cama, como se tivesse virado sua mala e ido embora. Achei estranho, quinze anos já fazendo academia?
Recebi meus horários antes mesmo de me acomodar, quatro aulas no total e um certificado, renomado com um acumulativo dos quatro meses da quantidade de anos que você participasse. As matérias eram muito diferentes, as quais nunca vi sequer serem citadas na minha escola.
Literatura ocidental e oriental, botânica, extra curriculares, em artes, como: pintura a oléo, esculturas em pedra sabão e argila, aula de desenho realista, abstrato e mangá. Ensinamentos de línguas, latim, mandarin e grego, e o mais importante técnicas em esportes, os mais variados: bádminton, tênis, pólo, esgrima, canoagem e hipismo.
Era tudo demais, me deixando confusa em qual sequer escolher, pelo menos em todo o resto tirando os esportes. Com toda certeza iria escolher hipismo.
Devo explicar minhas motivações de estar aqui, em um lugar com pessoas tão distintas de mim na maioria dos aspectos, mas ainda sim com uma metas em comum.
Ganhei meu primeiro prêmio estadual a algumas semanas atrás, mais especificamente no concurso de salto estadual no módulo juvenil 2, e por pouco, muito pouco, não parei na liga americana de equitação. Então além de uma medalha de bronze, ganhei uma vaga gratuita em Saints Fear, para aprimorar minhas habilidades, e quem sabe vencer no ano que vem.
Minha paixão por cavalos começou com meu primeiro, que ganhei aos 7 anos, Charlotte. Foi quando nos duas começamos a descobrir o mundo juntas, amei desde o início cavalgar em alta velocidade, deixar meus avós loucos, ensinando a ela como saltar tudo que tinha pela frente, e tendo muitas quedas no caminho.
Quando chegava maio, a temporada de hipismo passava na televisão, então era nossos dias de férias, ficava sentada na tapeçaria empoeirada da sala de estar, vidrada, toda santa tarde, para que mais tarde contasse todos mínimos detalhes a Lotte, minha melhor amiga.
E de repente cresci, saltando no tempo, com um sonho quase impossível, em um lugar onde minha única escolha era viver da agricultura, pecuária, ou abrir uma venda.
Assim que meu avô me inscreveu no teste para o concurso em uma cidade vizinha, pirei total, treinava das seis as seis, sem descanso, me vendo ficar cada vez mais fera.
