O abuso

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Conteúdo delicado que abordará temas como abuso sexual e vulnerabilidade, peço que leia apenas se estiver confortável para isso, caso contrário, é melhor seguir para o próximo texto.

12 de Fevereiro de 2015

O dia estava com o céu aberto, eu pensei que seria maravilhoso poder passar aquele tempo com você, mas, era apenas um desejo meu.

Você chegou de mansinho, sorrindo, brincando, conversando, e eu como uma menina de 13 anos que se achava madura o suficiente, acreditei em seus papos. Eu me abri de forma única para você.

Naquele dia tomamos café juntos, assistimos desenhos e por fim, eu me entreguei para você.

Seu beijo em meu pescoço acendeu algo que eu não compreendia direito, era um sentimento novo e até gostoso de sentir, suas mãos adentrando minha camiseta trazia reações de eletricidade, meu coração estava acelerando e ansiando pelo próximo passo.

Cerca de minutos eu estava nua na sua frente, você apenas usava um pano que cobria sua intimidade, seu olhar era obscuro, mas eu ignorei, já que de acordo com suas falas eu teria total liberdade para dizer que não estava pronta. O próximo passo foi sentir você dentro de mim, suas estocadas eram lentas, fazendo meu corpo se levantar sutilmente da cama, a dor foi sumindo e dando a sensação ao prazer, era apenas eu, você e nossos corpos colados ali.

Você gozou enquanto meu corpo sangrava, eu estava me sentindo bem, até que sua fisionomia mudou e com a voz rouca pediu para que eu ficasse de quatro, segui seus comandos, meio que perdida, mas apenas fiz o que me pediu.

Lembro da sua voz grossa e rouca perguntando se poderia colocar "atrás", eu falei que não, mas você não ouviu, lembra? Senti um cuspe na minha bunda e em seguida seu membro estava onde eu não queria, comecei a me debater e implorar para não fazer aquilo, mas estava fraca e você forte demais.

Enquanto eu me debatia, sua mão me agredia, você mandava eu engolir o choro e olhar para o espelho, pois o espetáculo começaria. Suas mão seguraram a minha nuca, empurrando para o colchão, senti mais um tapa forte em meu corpo e a ardência era instantânea, deitei no colchão e você se deitou por cima, não tinha o que ser feito. Você entrou sem lubrificante, sem piedade, sem receio, eu me senti invadida, machucada e apenas sabia chorar copiosamente enquanto pedia não a cada estocada.

Suas mãos foram para meu cabelo, puxou de forma que eu olhasse para ti através do espelho, seu sorriso era sombrio, seu olhar era macabro e meu corpo já não era mais meu.

Sai daquele lugar perdida, você disse que era normal e aquilo sim era sexo, também disse que nenhum homem me tocaria como fez, de acordo com suas convicções, apenas me deixou pronta para o próximo homem que me teria em mãos.

Eu queria sumir, queria morrer e principalmente voltar no tempo.

Apenas dois anos depois entendi o abuso que tinha sofrido. Em uma conversa com meu professor de história narrei o que tinha acontecido, ele me olhou preocupado e disse "sua amiga foi violentada, eu sinto muito, mas você precisa contar isso para ela, sexo não é fazer aquilo que não quer, sexo é ser respeitada em primeiro lugar", concordei, respirei fundo e pedi alguns conselhos. Depois disso pedi licença e me retirei da sala de aula, meu professor não sabia, mas tinha acabado de falar que fui abusada por quem eu achava amar.

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NÃO SE CALEM, DENUNCIEM!!  

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