prologo

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Seul, 2019.

Naquela noite quente, fogos estouram sobre a cabeça dos cidadãos. Música, comida, sorrisos e muita alegria, Seul está em festa e nada de ruim parecia acontecer.

Tantas cores piram o muro do beco, sobre o bairro residencial, subindo o morro e as escadarias.

Esse cheiro...

Ali, com o rosto no chão entre tanta sujeira, próximo a latas de lixo, ao som dos estouros dos fogos, seu corpo mole repousa.

Levando as compras que fez no centro, aproveitando as promoções da semana de Chuseok, Kim Namjoon anda distraído, ouvindo a música, sorrindo para as cores... Até que um odor pousou seus sensos.

— Que cheiro estranho... - comentou consigo mesmo, apertando as alças da sacola, um tanto tenso, seguiu o cheiro pelo beco estreito e escuro.

Os cabelos loiros, que antes estavam sendo tingidos pelos reflexos coloridos dos fogos, agora estão escuros pela falta de luz. Mas nada fica mais claro do que o cheiro que persegue.

Não conseguia acreditar no que via. Soltou uma das sacolas, levou a mão ao telefone, precisa ligar para a polícia. Discando o número, levou o aparelho ao ouvido enquanto chegava perto da massa deitada no chão.

Mas o cheiro é diferente. Há algo errado naquele humano. Não parece... Humano?

— Emergência? - a moça atendeu e ele se abaixou ao lado do corpo. Uma jaqueta azul escura, uniforme escolar. É um estudante, deduziu. — Emergência?!

Namjoon percebeu. Não sabe o que fazer, então desligou o telefone imediatamente e o guardou no bolso traseiro da calça. Por sorte, onde estão, ninguém passa com frequência. Levou a mão até o corpo e o empurrou de leve até ver seu rosto.

Bochechas fofas, nariz marcado, sombrancelhas bonitas, lábios pequenos e cabelos negros, lisos e bonitos feito petróleo.

— É só um garoto... - murmurou e levou a mão ao rosto do mesmo. Frio, feito gelo. Precisa sanar sua dúvida, inconsciente, apertou a mandíbula do rapaz, fazendo a boca se abrir e notou um pequeno par de presas, tímido, sangrento, saindo entre os lábios. — Não...

Não mesmo, não pode ser...

Respirou, amarrou as alças das sacolas de compras, as levou ao ombro e o rapaz desacordado ao outro. O cobriu com sua jaqueta xadrez de flanela, que adorna sua cintura, e o carregou pela escadaria, sem dificuldade.

Mesmo que algumas pessoas tivessem visto, estavam bêbados e alegres, e por sorte, a roupa do garoto é escura, não dá para ver as manchas de sangue.

Assim, subindo pela rua, Namjoon não sabia bem o que fazer, apenas fazia e quando tocou a campainha da enorme casa de portões negros, o rosto de seu amigo ao abrir definiu.

— Quem é isso no seu ombro?! - exclamou, usando pijamas azuis listrados, alto e elegante com um livro abaixo do braço. — É um garoto?!

Bufou estressado e passou por ele, sem pedir licença. A jaqueta caiu no jardim enquanto anda, apressado, correu até a sala e deixou o garoto no chão, no meio do cômodo. Na luz, podia ver o quanto o rapaz parece novo e bonito.

— Caralho, é um garoto... - ainda com o livro debaixo do braço, parecia querer surtar. — Caralho, caralho... ele tá morto?!

O rosto pálido e fofo do rapaz parecia imóvel, Namjoon o apertou, abrindo sua boca mais uma vez para ter certeza de que viu o que viu e o amigo correu até ele surpreso.

— Jin-hyung, por favor, chame os outros - pediu. — Ele está se transformando.

A frase foi emergencial, mas Seokjin não conseguiu se mover de primeira. Não podia processar tudo direito, o livro veio ao chão e o despertou do choque. Correu para cima, nas escadas da casa, batendo em portas, mesmo sabendo que a noite quase ninguém fica ali.

MILK TEETH | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora