O sinal tocou naquele fim de tarde. O céu costuma se colorir a essa hora, em tons diversos de laranja, levemente nublados por causa da comum poluição de Seul, a poeira fina está menos densa hoje.
Ajustou seu uniforme, está um pouco amassado por causa da cadeira que ficou sentado por tanto tempo. A van do orfanato os busca sempre na mesma hora, ninguém fica para trás, mas algo está diferente hoje.
Nessa distinção, Jungkook percebeu que haviam ido embora sem ele. Segurou a alça da mochila, com seus olhos enormes, procurando alguém, que loucura, o local parece vazio, como? Existem tantos alunos naquela escola...
Bufou um pouco, sentou no banco na frente da escadaria, pensando que a van voltaria em breve para buscá-lo assim que notassem sua ausência.
Um homem de terno se aproximou dele, Jeon não se lembra de ter visto ele antes, na verdade, seu rosto está um pouco confuso, mas ele é alto e parece elegante.
Com as mãos nos bolsos, se abaixou na frente dele.
— Olá. Está sozinho?
Afirmou com a cabeça. Quem é esse cara? Trabalha na escola? Porque ele me olha assim?
— Olhe nos meus olhos, Jungkook. Faça o que eu pedir.
Daí para frente, o jovem Jungkook não se lembra exatamente, tudo virou um mar de escuridão, profundo, como se mãos o segurasse pelo calcanhar, impedindo de alcançar o topo.
Uma dor aguda envolveu seu pescoço, quem o morderia assim? Quem morderia alguém do nada dessa forma? E que gosto é esse? Um gosto estranho de ferro...
E dor. Uma dor absurda.
— Aqui está seu dinheiro. O deixe perto da mansão do clã.
Ouviu uma segunda voz, um pouco densa, uma voz grave, jovem e baixa.
— Sim, sim. Agora, devo ir, certo? Me deixará em paz?
Jungkook sente tanto frio, tanto... Deixaram seu corpinho mole no fundo de uma van, ele sabe, aquela borracha do chão parece com a da que o leva para escola.
Sente um cheiro de poeira, sente muitos cheiros, mas não consegue abrir os olhos, não consegue se mover.
— Vocês são seres desprezíveis — disse a voz mais jovem e o som de um gemido cortou aquela conversa.
Acho que o outro foi morto... E o medo de ser o próximo invadiu sua mente. O pavor piora quando você não consegue se defender.
Aos poucos perdeu o resto dos sentidos que tinha, os poucos que ele agarrou tentando se manter são.
Acordou naquele fim de tarde assustado. Se sentou na cama, vendo seu pijama rasgado, ele provavelmente se moveu muito durante o sono.
Que pavor. E por causa do medo que sentiu ao dormir, no batente da sua porta, feito um demônio, Park Jimin o observa com um copo de sangue na mão.
Seria adorável acordar com aquela visão, Jimin é lindo, contudo, do jeito que sua mente está confusa, não pode aproveitar muito.
— Teve um pesadelo? — perguntou com a voz baixa. Jimin está aprendendo a falar com Jungkook no tom dele, baixinho e calmo. O mais novo afirmou com a cabeça. — Uma das coisas que acontece quando nos unimos é que sei quando está mal...
Se aproximou devagar e sentou-se na beirada da cama, ao seu lado, lhe entregando o copo. Jungkook segurou, ainda com o rosto abatido.
— Hyung... sonhei com... com o dia que fizeram isso comigo — falando pausadamente, ainda cansado, deu um gole no sangue. — Acho que meu criador morreu...
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MILK TEETH | jikook
Fanfiction"Quem é isso nas suas costas, Namjoon? Um humano?" Seokjin apontou confuso ao ver que nos ombros do amigo, um rapaz jovem está pendurado e inconsciente. No beco escuto próximo a casa, ele foi encontrado desacordado. O pior de tudo, é um jovem recém...