CONTO 3- QUANDO O SOL SE PÕE

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CONTO 3: QUANDO O SOL SE PÕE

Havia uma casa linda, em Rio de Janeiro. Perto da praia, de cor branca, muito bem decorada. A casa já tivera alguns moradores, há algum tempo atrás.

Os últimos moradores da casa haviam saído há alguns meses. Era um casal, dois filhos e uma amiga da família.

Lá dava para ver o pôr do sol. O único problema era que a casa ficava numa parte isolada, onde havia uma praia que não era muito freqüentada. Essa casa estava à venda.


                      *           *           *


-Dona Leila, eu deixei todas as malas prontas.

-Obrigada, Júlia. Não me chame de dona, querida. Você é minha amiga.

-Oh, desculpe-me. Sempre me esqueço disso. Mas te respeito muito, e isso me faz agir assim.

-Eu entendo, minha querida. Mas fique tranqüila.

-O que a senhora acha de todo aquele boato sobre a casa para a qual está indo?

-Quais boatos?

-Oh, aqueles que foram ditos sobre a casa para onde vai, hoje.

-Eu nem sei direito quais boatos são, mas não dou muita trela para essas bobagens, não.

-És muito corajosa! Boa sorte com sua mudança! Veremo-nos semana que vem, quando eu for fazer uma faxina em sua nova casa!

-Obrigada, querida! Foi muito bom ter você como minha ajudante nesta casa, nesses últimos dois anos. Agora só nos veremos uma vez na semana. Aproveite!

-Muito obrigada, Don... Leila!

-Por nada, minha cara Júlia!


                      *           *           *


Dona Leila, senhora de 63 anos, estava em sua cadeira de balanço, quando ouviu algo de estranho em sua varanda, mas ao olhar, viu que era apenas um coelho. Ele era branco com manchas marrons, olhos vermelhos e olhar penetrante.

-Ah, oi, coelhinho- disse ela, sorrindo.

O coelho saltou algumas vezes, até desaparecer dali.

Era um fim de tarde e o sol estava quase se pondo. Leila gostava de aproveitar as tardes em sua rede, na varanda, tomando um chá. Quando resolveu entrar, teve uma sensação, um pressentimento estranho, como se fosse um erro entrar. '' Não deve ser nada demais '', pensou a senhora, ''deve ser apenas um delírio de uma velha sozinha ''.

Dona Leila voltou para a rede, ficou ali por mais uns minutos e depois entrou para casa.

O sol ia se pondo e a escuridão mostrava sua cara. Dona Leila começava a perceber que a casa era totalmente diferente do que parecia ser, quando o sol começava a se por. Ela tinha uma leve impressão de que estava em outra casa, pois muitos traços da bela casa que comprara recentemente, haviam sido trocados. Não era uma mudança tão grande, que fizesse uma pessoa gritar de pavor, mas era uma mudança notável.

Dona Leila achou que deveria estar enlouquecendo ou tendo uma impressão errada sobre a casa. Respirou fundo e decidiu ir fazer o café. Entrou na cozinha, e lá, notou mais algumas diferenças, mas resolveu continuar fazendo o que pretendia fazer. Pegou um bule, encheu de água, pegou o pote de café e prosseguiu.

Quando dona ela estava em frente ao armário, de costas para o fogão bonito de cor cinza com detalhes pretos, sentiu algo muito quente em suas costas e gritou bem alto, num agudo agourento:

Vidas Marcadas: Contos de Terror e SuspenseOnde histórias criam vida. Descubra agora