Extra

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Rony Weasley realmente não entendia o que se passava na cabeça de seu Rei. Eles estavam a um passo de dominar toda a Europa quando o caçador da profecia foi neutralizado, mas, surpreendentemente, Harry parou todos os seus esforços depois disso.

Ao invés de planejar ataques e convocar reuniões, ele passava o dia inteiro no seu amado jardim de rosas vermelhas, observando um rapaz dentro de um caixão. Ele pensou que deveria ser algum amado do seu Rei, e perguntou-lhe porque não o trazia de volta a vida como um vampiro, assim poderiam viver a eternidade juntos.

- "Ele iria preferir se matar ao invés de viver como um vampiro." - Harry falou com um ar melancólico, e Rony pode apenas lamentar pelo seu Rei. Foi uma surpresa ainda maior quando descobriu que aquele rapaz era o jovem da profecia.

É, ele realmente venceu o Rei dos vampiros, mas provavelmente não da forma esperada. Tom roubou o coração daquele Rei e era triste que Harry nunca teria seus sentimentos correspondidos, afinal, o caçador o odiava com todas as suas forças e o queria morto mais que tudo.

Mas não importava agora, Tom Riddle estava morto.

- "Pelo menos eu ainda posso vê-lo, aqui nesse jardim e nas memórias do espelho. Eu me contento com tão pouco, não é?" - Soltou uma risada amarga, as lágrimas brilhando nos olhos esmeraldinos. Rony se viu em choque; seu Rei nunca chorou ou pareceu tão abalado. Ele sempre parecia acima de tais sentimentos mundanos. - "Se ele pudesse voltar a vida... eu não me importaria se ele me matasse, se ele ficasse feliz com isso, eu teria uma morte feliz."

Rony suspirou, negando levemente enquanto voltava ao seu trabalho. Seu Rei havia o dado a tarefa de limpar o exterior do caixão e era isso que ele fazia. Tinha que fazer isso manualmente, afinal, qualquer outra magia iria interferir no feitiço de conservação do corpo.

Porém, em um momento de descuido, em que Rony nem sequer entendeu muito bem o que aconteceu, o caixão de cristal virou e caiu no chão, quebrando-se em milhares de pedaços. O Weasley sequer teve tempo de se preocupar com isso, já que, inesperadamente, o corpo de Tom, que deveria estar morto começou a se mexer.

Tosses foram ouvidas e o que parecia ser um pedaço de maçã foi cuspido no chão. Tom tinha a respiração ofegante e começou a se levantar, tendo alguns pequenos cortes por causa dos cristais quebrados.

Rony apenas pode assistir admirado e horrorizado o caçador que estava morto ficar de pé e respirar como uma pessoa viva.

Tom tirou geada da bainha, olhando para o pobre Weasley e pressionando a lâmina contra sua garganta, a sensação fria da espada penetrando até os seus ossos. Por um momento, ele amaldiçoou a estupidez do seu Rei de deixar a espada junto ao Riddle, mas quem poderia imaginar que ele voltaria a vida?

- "Onde está Luna?" - Os olhos azuis selvagens o encaravam com fúria. Quando não teve a resposta, a espada foi pressionada com mais força e a pergunta repetida com mais firmeza. - "Onde. Está. Luna?"

Rony lutou para pensar naquele momento, quem diabos era Luna!? Oh, espere... antes, seu Rei havia usado alguém de isca para atrair Tom, certo? Essa deveria ser a tal Luna, parceira de Riddle.

- "E-ela... ela foi morta..." - E a última coisa que Rony sentiu foi a dor excruciante de ter sua garganta rasgada pela espada, seu sangue espirrando sobre seu assassino. E os olhos azuis selvagens brilhando em lágrimas não derramadas foi a única coisa que viu antes de apagar.

oOo

Quando Harry Potter retornou ao jardim, ele não esperava ver Tom de pé, vivo. Ele estava vivo. Como aquilo era possível? Não importa como, ele estava vivo!

Foi como se uma nova luz se ascendesse nos olhos de Harry.

Porém não durou muito, pois quando Riddle o olhou, os olhos azuis estavam cheios do mais puro ódio.

- "Porque você sempre tem que destruir tudo aquilo que eu amo?" - A voz de Tom estava embargada, ele parecia bastante miserável. Alguém que havia perdido tudo.

Com a falta de uma resposta, ele não hesitou em atacar Harry. E ele não desviou, sentindo a vida esvair de seu corpo conforme a espada era enfiada mais profundamente em seu coração.

O coração que pertencia a Tom para ele o apunhalar o quanto quisesse.

Quando a espada foi retirada de seu corpo, ele caiu no chão, sem forças para se manter de pé.

Tom Riddle não se incomodou mais em conter suas emoções, um grito rasgando sua garganta e as lágrimas caíam livres pelo seu rosto, enquanto ele continuava tirando e apunhalando o peitoral de Harry de novo e de novo, até finalmente parar e largar a lâmina no chão.

Ele estava morto. Os olhos esmeraldinos opacos e sem vida. Porém o desgraçado ainda parecia feliz até em sua morte.

Tom Riddle estendeu os dedos trêmulos, fechando os olhos de Harry. Uma leve brisa passou por ele naquele momento, fazendo seu cabelo balançar e um sussurro soar em seu ouvido.

- "Você está feliz agora, Tom?" - Era a voz de Harry, e ele não poderia dizer se era uma alucinação ou se era real. Quem saberia?

Naquela tarde de primavera, em que as rosas vermelhas floresciam lindamente, o primeiro e único Rei dos vampiros, Harry James Potter, morreu.

E Tom Riddle perdeu seu sentido de viver.

Ele viveu unicamente por aquela vingança, mas aquilo não lhe trouxe nem uma faísca de alegria.

Não existia nada em seu futuro se Harry Potter não estivesse nele, por mais que Riddle o odiasse, ele era a única constante em sua vida.

Seu norte.

E agora, ele estava morto.

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