Sangue Puro:Destinada ao Herdeiro ( Livro 4) - FINALIZADO

Capítulo 23

ZOE LABONAIR

-Imbecil!-grunhiu Asher atirando um pedaço da sua carne em Martell, sua gargalhada acabou me contagiando e deixei escapar uma rápida risada.

-Alguém ficou nervosinho-debochou o bruxo, limpando seu casaco do molho da carne. -Não suporta ouvir a verdade?

-Do que está falando?-quis saber e Martell me olhou risonho.

-Não sabe das novidades?-franzi o cenho e neguei com a cabeça. -Peguei Asher e Celeste se pegando no corredor.

Lucian que bebia seu vinho, engasgou, Celeste ficou vermelha e Asher fuzilou Martell com os olhos. Apertei meus lábios com força para tentar conter minha surpresa.

-O quê?-meu marido perguntou sem fôlego.

-Ele está mentindo!-gritou Celeste vermelha até o último fio de sua cabeça.

O cheiro conhecido por mim me atingiu.

-Não está não-garanti e seu olhar se tornou feroz em minha direção.

-Do que está falando, impura?

Antes que eu pudesse mandá-la ao inferno, Lucian interferiu.

-Cuidado com sua língua, Celeste, se não quiser perdê-la.

Segurei sua mão, tentando acalmá-lo. Os insultos de Celeste não me incomodavam mais.

-Você e Asher exalam tanto feromônio que entopem meu nariz-falei despreocupada.

-Zoe, por favor. -Asher bufou e eu não evitei a gargalhada que escapou de mim.

-Eu desconfiava-comentou Adrian bebendo seu vinho.

-Não sejam estúpidos-esbravejou Celeste com as bochechas coradas. -Eu jamais teria algo com esse bruxo ridículo.

Asher a olhou com indignação, como se estivesse ofendido com suas palavras e levou a mão ao peito.

-Isso foi ofensivo, sabia?

Celeste deu de ombros, fingindo não se importar.

-Eu não vejo problemas-disse certa de minhas palavras, mas pareceu que eu havia falado em árabe pelo olhar que me enviaram.

-Não?-Danya me questionou com o cenho franzido.

-Por que teria?-peguei minha taça de vinho.

-É uma vergonha que nossa senhora não conhece as tradições de seu próprio povo-a voz venenosa de Scarlett fez minha cabeça latejar, bebi um longo gole do vinho doce e apoiei a taça na mesa de madeira, desviando meus olhos para a ruiva que bebia seu vinho tranquilamente e seu olhar era tão afiado quanto as garras que rasgavam meus dedos naquele momento.

-O que teria de errado em uma união de duas pessoas que se amam?-a desafiei.

Antes que Scarlett pudesse me responder, Lucian foi mais rápido:

-A união entre clãs diferentes nunca foram bem vistos por nossos ancestrais, apenas acontecia em casos raros em casamentos arranjados para manter a paz entre os clãs. São antigas tradições dos bruxos e acho difícil que seja mudada.

Cuspi uma risada incrédula e esfreguei minha testa.

-Isso é ridículo-não medi minhas palavras antes de dizê-las.

-São as tradições, senhora-Danya tentou interferir, a voz baixa e um tanto melancólica. 

-Tradições impostas por ancestrais preconceituosos e amargos que nunca conheceram o amor verdadeiro. Uma tradição que criaram para tentar ter mais controle sobre os clãs e os manipularem da forma que desejavam, numa tentativa de impedir que duas pessoas que se amam fiquem juntos, mas tenho certeza que isso não impediu o amor de nascer entre dois bruxos de clãs diferentes. Afinal, o amor verdadeiro é capaz de vencer até barreiras preconceituosas escondidas por tradições antigas.