Mari
Pega o controle pra mim?, ele perguntou com os olhos grudados na tevê, depois enfiou cinquenta pipocas de uma só vez na boca. Garotos são mesmo esquisitos. Ora se perfumam e saem em busca de uma paquera, ora ficam largados no sofá, enchendo-se de porcarias, arrotando e soltando pum. Dan era bem assim. Um garoto bonito, não posso negar, mas desleixado até de mais para o meu gosto. Éramos amigos, melhores amigos, eu diria. A gente se conhecia desde sempre. Nossos pais foram amigos de infância e nossas mães tiveram que virar amigas de adolescência — era isso ou ficar sozinhas todo sábado à tarde, quando rolava o sagrado baba do macarrão, um torneio de futebol boboca que sempre terminava em pizza, literalmente.
— Ô, Dan, você não está cansado de assistir tevê, não? — perguntei, e ele apenas me jogou seu belo olhar castanho-claro.
Não, eu já sabia. Então para que perguntava?
Toda sexta-feira era assim. Chegávamos do colégio, almoçávamos e nos encontrávamos para, supostamente, estudar. Dan não gostava daquilo, por isso as nossas tardes de estudos sempre terminavam em filme, pipoca, Coca-cola e festival de arrotos e puns, além de os meus dedos doloridos de tanto pesquisar na net.
Dizem que ele só passou em biologia porque fizemos todos os trabalhos em grupo juntos, mas eu não ligo. Queria mesmo era que o idiota do Dan reconhecesse tudo que eu fiz por ele, no mínimo, nos últimos três anos. As coisas no colégio mudaram de figura antes mesmo de chegarmos ao segundo grau, todavia ele continuou voando, sequer pareceu notar.
— Ô, Dan...
— Shhhhh... — nem olhou para mim. — Não fala agora, senão eu perco o fim do filme.
Sabe quando te sobe um calor que se converte, imediatamente, em bolhas de suor? Era demais, não aguentei. Levantei com tudo, peguei a vasilha da pipoca e enfiei na cabeça de Dan! Quem adivinha a reação dele? Sim, a mais óbvia... O abestalhado apenas riu e me chamou de temperamental.
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Simplesmente Dan - Livro 1 #DEGUSTAÇÃO
Chick-Lit"Simplesmente Dan" conta a história de dois amigos de infância, Marina e Dan. A Mari é apaixonada pelo amigo, que é um verdadeiro pentelho. Ele arrota, solta pum na frente dela e, como se não bastasse, ainda se aproveita da sua intelectualidade. Mas...