Capítulo 1 - Brincadeiras de Dan

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Dan

Eu adorava ficar na casa de Mari! Viramos amigos no final da sexta série. Bom, a gente se conhecia desde criança, mas ela era mesmo uma garotinha chata e mimada. Não vou dizer que a coisa havia mudado muito, meninas são sempre enjoadinhas, só que agora era diferente, estávamos no segundo grau. A Mari era superinteligente; e eu, mega popular. Todo mundo queria fazer os trabalhos com ela, e esse universo de pessoas menos providas de inteligência geralmente era formado pelas maiores gatinhas do colégio. Era isso, claro, que tornava a união "Mari & Dan" realmente perfeita.

Viajamos para a Ilha no verão passado, disso eu me lembro muito bem. Nós ficamos na mesma casa, porque nossos pais pareciam estar no auge da amizade. Sabe que a Mari até era bem bonitinha? Magricela, não posso negar, porém do tipo seca com curvas, entende? Não ali, em janeiro de 2005, mas depois, em dois ou três anos, talvez ela se tornasse a garota mais sarada de Cacha Pregos.

O que posso contar?

Apesar das regrinhas bobas impostas pelos nossos pais, aquelas férias foram mesmo iradas. Cacha Pregos era show! Todo dia, a gente tinha uma festa diferente para curtir. Além do mais, para começo de conversa, praia sempre foi sinônimo de exposição natural de pernas, barriguinhas perfeitas e bumbuns. É óbvio que havia algumas barangas no meio das sereias, mas e daí? Jogando a real, garotos de quinze não ligam muito para essas coisas, eles só pensam em contar vantagens. E quem foi que disse que, para isso, a garota precisava ser, assim, uma espécie de Angelina Jolie?

Claro que não. O que contava eram outros fatores...

Mari

Também me lembro das férias na praia com Dan. A casa pertencia aos meus avós, era meio antiga e tinha um quintal enorme. Todo dia, a gente acordava e se batia em frente ao pé de manga. Eu sempre ria da cara amassada de Dan. Ele não gostava de acordar cedo, quem não sabe? Entretanto era uma das regras da casa: oito horas, todos de pé. Isso era bom, a gente nunca dormia muito depois da meia-noite; porém, quando acontecia, a coisa era ainda melhor, porque Dan ficava a tarde inteira comigo, tanto que nós terminamos lendo um livro juntos.

Para falar a verdade, eu lia bem mais do que ele, não só porque eu era mais rápida — ele gaguejava e pulava linhas, um horror! —, mas porque meu precioso amiguinho sempre dormia cerca de dez minutos após o início da leitura. Não vou dizer que eu odiava aquilo, afinal, ficávamos debaixo da sombra de uma árvore, deitados em minha canga azul gigante, estendida sobre a grama rasteira e perfeita do caminho de casa ao quebra-mar.

— Ô, Dan — eu o balancei de volta à realidade, à minha casa e aos trabalhos do colégio. — Acorda, abestalhado. Você está babando meu travesseiro.

— Por que você não deixa de ser mal-humorada, hein?

— E por que você não deixa de ser folgado, hein?

— Eu não sou folgado — disse, enquanto erguia o corpo e franzia o rosto, todo ele! — Você me convidou, esqueceu?

— Que eu saiba — peguei uma almofada para tacar na cara dele —, o convite era pra a gente estudar.

Eu bem que tentei jogar a almofada na cara de Dan, mas ele se defendeu e me puxou com força. Gritei e, ao mesmo tempo, caí em seu colo. Cócegas... Oh, não! Aquilo era péssimo, me tirava o ar — se bem eu que gostava...

— Para, seu nojento, para! — eu me esquivei.

— Paro nada — tornou a me puxar.

Também fiz cócegas em Dan e aqueles dois minutos de contato físico foram muito mais divertidos do que toda a tarde pesquisando e fingindo assistir filminho ridículo de ação. Garotas não gostam disso, quando é que os meninos vão entender?

— Mas você não é minha namorada — ele reclamou quando resmunguei do filme.

— Mas eu sou uma garota — quase emburrei. — Se não aprender sobre essas coisas comigo, com quem é que você vai treinar?

Dan parou para pensar.

— Espera, espera! — gritei e corri para pegar meu celular.

— Que é que foi, ô?

— Não se mexa — preparei a câmera. — Você está pensando, é um momento raro, eu tenho que registrar.

— Ah, sua débil mental! — ele disse e partiu para cima de mim. — Sabe o que é que você merece?

Sim, não que eu merecesse, mas corri, pois já sabia o que viria: Dan me abraçaria para soltar pum.


Simplesmente Dan - Livro 1 #DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora