Um.

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Os olhos de Jeongguk ardiam feito o inferno. Perdera a conta das vezes que rolou em sua cama, ajeitou o travesseiro para que ficasse mais confortável e arrancou o lençol sobre seu corpo.

O problema não era o calor que cobria a cidade durante aquele verão interminável, Jeongguk já estava mais habituado com a temperatura.

Ao rolar pela milésima vez e sentir um desconforto interior, encarou a sua insônia. Há quanto tempo ele não conseguia ter uma noite tranquila e com sonhos agradáveis que poderiam tirá-lo da realidade durante um tempo? Ele sentia falta de dormir. E mesmo que os olhos estivessem implorando por estarem fechados e sua mente desse sinais de que estava exausta, simplesmente não conseguia se desligar. Suspirou quando seus olhos miraram o relógio digital sob a mesa de cabeceira, constatando que já passava das três da madrugada.

De qualquer forma, deveria procurar por algum tipo de ajuda o mais rápido possível ou então, ficaria louco.

Desistindo depois de tanto tentar — ele realmente não era de desistir, mas paciência tem limite —, levantou-se da cama e foi até a cozinha descalço mesmo, não se importando com a friagem envolvendo a sola dos pés.

Virou um copo de água com certa fúria, como se a água pudesse lhe oferecer um pouco de sono e depois se direcionou para a varanda do pequeno apartamento, sentindo a brisa da madrugada bater em seu peitoral e revigorar seus pulmões. Lá fora, era sempre mais fresco do que seu quarto. A rua estava tão silenciosa que era possível escutar apenas o som dos grilos num lugar bem longe. Os dedos tocaram no parapeito e ele fechou os olhos para tentar aliviá-los de alguma forma.

— Não consegue dormir?

Jeongguk pulou de susto, buscando por apoio no parapeito automaticamente. Morava no terceiro andar, a queda com certeza não tiraria a sua vida, mas lhe causaria alguns machucados sérios. Realmente não esperava escutar a voz melódica do nada. Olhando para o lado, observou o seu vizinho que, com os cotovelos apoiados no parapeito, segurando uma latinha de cerveja entre os dedos curtos, o encarava de forma divertida.

— Quer me matar de susto? — Jeongguk sentiu-se na obrigação de perguntar, levando a palma da mão na direção do coração que pulava. — Você não pode fazer esse tipo de coisa.

Jimin era seu vizinho há quanto tempo? Dois anos e meio? Três? Jeongguk não sabia dizer ao certo. Eles quase não se falavam, cumprimentos rápidos eram o bastante quando se esbarravam na entrada no prédio ou quando surgiam na varanda ao mesmo tempo. Política da boa vizinhança.

Jeongguk gostava de morar ali, era um prédio sossegado, não precisava enfrentar nenhum choro de criança até tarde, mas a varanda ficava extremamente próxima do apartamento ao lado. Quando se mudou, sabia que isso poderia lhe causar algum tipo de desconforto e afastar toda a sua privacidade, mas acabou adaptando-se porque não era como se ele passasse o tempo inteiro na varanda, muito menos o seu vizinho.

Jimin franziu o cenho de leve, observando a figura no meio da escuridão.

— Desculpe, não queria ter te assustado — defendeu-se e bebeu um gole da sua preciosa bebida. — Problemas com o sono podem ser bem comuns...

Fora a vez de Jeongguk franzir as sobrancelhas demoradamente.

— Como você sabe que não estou conseguindo dormir ultimamente?

Seus olhos desviaram-se das luzes dos postes da esquina para que pudesse encarar o vizinho.

Jimin havia descolorido os cabelos naquela semana, os fios quase brancos pareciam dançar conforme a brisa ditava. E se Jeongguk estivesse um pouco mais próximo, seria capaz de enxergar os lábios molhados de cerveja. Jeongguk amava cerveja.

Pugilista • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora