Quatro.

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Quando Jimin colocou os pés em casa, ainda sentindo-os meio dormentes devido à euforia do beijo tão recente — conseguia sentir a doçura e quentura agradável. Soltou um suspiro, apoiando as costas na porta atrás de si que havia sido fechada pouco tempo antes.

O cheiro de Jeongguk, tão marcante e característico, estava presente em sua roupa com tanta intensidade. Fechou os olhos, experimentando algo diferente daquela vez.

As luzes que chegavam lá de fora, dos carros e postes de iluminação, contribuíam para que o apartamento de Jimin não estivesse tão escuro. Ele não havia acendido a lâmpada da sala quando caminhou por entre os móveis, parecendo flutuar.

Levou a mão até os lábios que queimavam, e os pensamentos estavam tão drasticamente desordenados. As meias brancas e macias como a neve tocavam o piso gelado.

E então, os pensamentos sabotadores retornaram com a força de um vendaval.

Aquela sensação o pegou de surpresa.

Foi por isso que, rapidamente, abriu a geladeira e encheu o copo de martini. Por pouco, não transbordou. Apenas precisava esquecer-se do peso inconveniente que tomou forças dentro de si.

Só queria ter um minuto de paz e apreciar aquele momento como uma pessoa normal ao acabar de ter sido beijada por alguém especial, alguém que realmente valia à pena. E esse era o problema crucial. Será que Jimin merecia mesmo ter alguém tão incrível em sua vida? Porque o fizeram acreditar que não.

E então, esvaziou o copo inteiro numa velocidade impressionante.

Era uma situação de emergência, ele mesmo denominava dessa forma. Emergência porque sentia a paciência e sanidade se esvair.

Respirou fundo e, olhando para o copo que, por incrível que possa parecer, se tornou seu melhor amigo numa questão de segundos. Encheu-o novamente até um pouco mais que a metade e sorveu até a última gota para depois voltar para a sala, sentando na ponta do sofá. Insensato...

O celular no bolso vibrou e sua curiosidade atiçou. Era o despertador do celular avisando-o com uma melodia doce que ele precisava olhar o resultado final do concurso.

Foi o que ele fez, sem pensar.

Estava meio dormente quando abriu o site, os olhos passeando de um lado a outro entre os nomes dos inscritos e as classificações, até que se estagnaram na tela que iluminava todo o seu rosto.

Lá estava o número da sua inscrição, sua nota final e a posição de 2º lugar.

Havia conseguido...

Todas as noites que passara estudando, tentando ocupar a sua mente e subir de vida...

Jimin continuava observando a tela, lendo o seu nome incontáveis vezes enquanto esperava alguma reação, algum rastro de alegria ou algo do tipo. Qualquer coisa...

Ele não deveria estar comemorando agora? Não deveria soltar um sorriso e suspirar de alívio porque a sua meta havia sido alcançada?

A ausência de ânimo o varreu de modo repentino e ele estranhou o sentimento duro e cruel. O martini ainda dançava em sua língua, sua mente seguia carregada e percebeu que não estava conseguindo organizar os pensamentos da forma certa. Era o álcool nublando qualquer tipo de sensação.

Havia conseguido...

Mas, ainda não parecia o bastante.

E todas as lembranças do que havia acontecido com ele retornaram, perturbando-o e enlouquecendo-o.

Pugilista • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora