Capítulo 72

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Scarlett

A caixa de Pandora era um artefato da mitologia grega, tirada do mito da criação de Pandora, que foi a primeira mulher criada por Zeus. A "caixa" era na verdade um grande jarro dado a Pandora, que continha todos os males do mundo. Pandora abre o Jarro, deixando escapar todos os males do mundo, menos a "esperança".

A vida pode ser a representação perfeita dessa caixa: quando mostrando que não importa quantas coisas ruins possam existir dentro de um lugar, desde que haja esperança, teremos força para que o bem prevaleça!

Muitas vezes ouvimos dizer que o destino dita quem nós somos ou o que seremos. Mas essa força misteriosa que determina os acontecimentos de nossas vida, apenas nos colocam no lugar certo e na hora certa para que possamos exercer o nosso livre arbítrio na forma mais pura que pudermos. Assim, o destino é uma pergunta sabia, que se escora no canto, à espera da resposta correta.

Há meses atrás, meu destino me trouxe a Washington com a desculpa de que com a chegada do meu décimo sexto aniversário, era hora de finalmente voltar para casa. Ele me trouxe para que eu pudesse ter a chance de escolher ser uma empresária bem sucedida, mas cheia de traumas ou a mulher mais poderosa do mundo, enfrentando os meus próprios medos.

Você entende? Muitas vezes, nós só temos que encarar a nós mesmos, porque somos os únicos capazes de fazer as mudanças necessárias em nossas vidas, e isso é uma merda! Ninguém está bem o tempo todo, ninguém quer ser forte o tempo todo. Todo mundo, mesmo que em milésimos de segundos, queria poder doar a responsabilidade de cuidar da sua própria vida para outra pessoa. Porquê o peso da responsabilidade de sermos os DONOS do nosso próprio destino, é imensa demais. Então eu decidi que tudo bem ser fraca as vezes. Tudo bem ceder um pouco. Tudo bem me perdoar...

Mas hoje não. Hoje eu preciso me libertar! Hoje é o dia em que posso nascer de novo. Hoje é o dia em que decidir quem eu quero ser!

- Senhora, a sala está pronta. Me sentiria mais seguro em acompanhá-la até a mesma. - ouço meu fiel segurança falar e apenas sorrio sabendo que não é uma opção deixar ele longe de mim. Ando em passos firmes pelo corredor extenso de concreto. Apenas o tilintar dos meus saltos podem ser ouvidos no lugar. Assim que a porta se abre, sinto o cheiro forte do ambiente me invadir. A sala está limpa, mas o odor da prisão não pode ser disfarçado

- Olá, Josh. - minha voz sai em um sussurro ao ver o homem parado a minha frente. O jovem Grant já não tem mais uma das mãos. Seus cabelos estão grandes, assim como a barba, e posso dizer que ele parece 10 anos mais velho agora

- O que você quer? - range em minha direção. Me aproximo com calma e me acomodo em uma cadeira. Apenas uma mesa me separa dele... - Veio aqui debochar da minha cara, Primeira Dama? Ou quem saber trazer os restos do meu pai? - pergunta irônico e sinto um arrepio percorrer meu corpo ao me recordar de David sendo morto pelas minhas próprias mãos.

- Como você está? - questiono tentando desviar do assunto que visivelmente me incomoda. Sua risada irônica ecoa alta pelo lugar, enquanto uma lágrima escorre do seu olho

- Você é mesmo uma vadia desgraçada - diz ainda gargalhando

- Olha a merda da sua boca - meu segurança range indo em duração a ele

- Está tudo bem, Ty. - digo fazendo com que ele pare em dúvida - Por favor... - continuo e o mesmo da alguns passos para trás, voltando ao seu posto

- Uau. Agora você tem uma porção de cães de guarda - Josh ironiza e eu o encaro

- Tentar me fazer perder o controle com você não é o ideal, Grant. Eu vim até aqui em paz. - digo o olhando e ele franze o cenho

- A princesinha do Estados Unidos quer saber como funciona o pentágono? Você poderia perguntar isso ao seu marido, já que é ele quem está fazendo da minha vida um INFERNO NA TERRA!! - grita enquanto bate os braços na mesa. Não me mexo, não tenho medo. Não mais...

- Eu estou aqui para ver você, Josh. - digo o olhando diretamente nos olhos - Estou aqui, porque nunca tivemos a oportunidade de estamos realmente cara a cara. Então me diz, qual é a sensação de me olhar agora? 10 malditos anos depois de ter me estuprado? - questiono e sinto seu olhar tremer. Me estico na mesa para chegar mais perto e ele se afasta rápido - Oh meu Deus. Você está com medo... - murmuro e ele volta o rosto para o outro lado com a respiração pesada, e eu me sento normal novamente - Porquê fez aquilo, Josh? - pergunto e ele apenas balança a cabeça negativamente

- Eu estava acostumado a ter tudo que eu queria, e eu queria você... - sussurra sem me olhar e meu coração dispara. Engulo em seco com as cenas daquele dia pairando sob minha cabeça novamente - Mas se eu soubesse que você se tornaria essa vadia sem coração, eu teria te matado na mesma noite. - fala me encarando e sorrio abertamente agora

- Você achava que aquela menina indefesa não poderia se tornar a mulher mais poderosa do mundo não é? - pergunto sorrindo - É uma pena Josh, você deveria ter aprendido que toda menina tem o dom de ser uma grande rainha. E rainhas não têm medo de cortar algumas cabeças quando necessário. Foi isso que eu fiz com você, e foi isso que eu fiz com o seu pai! - digo

- SUA FILHA DA PUUTAAAAAA! - grita tentando se levantar, mas as algemas não permitem. Ainda o encaro sentada na mesma posição e sinto cada pelo do meu corpo se arrepiar por finalmente esse dia ter chegado

- Hoje eu vim aqui para te dizer que está perdoado, Josh. Vim te dizer: o mau que você me fez, não tem mais efeito. - cada palavra sai com tranquilidade da minha boca e do meu coração - Eu vim te dizer que te perdoo, para que eu possa me libertar da prisão que é viver com ódio de alguém. E nesse exato momento, tudo que eu consigo sentir por você, é pena e desprezo. Te perdoo para que eu possa ser livre e viver com a esperança de que posso acabar com qualquer pessoa tão suja e maldosa quanto você e sua família. - digo me levantando e pegando minha bolsa - Não irei morrer sabendo que levei rancor em meu coração por alguém que não valia a pena. Então sim, você está perdoado. - digo olhando em seus olhos que não sabem distinguir o que se passa. - Espero que pague pelo seus erros a partir de agora dentro dos trâmites da justiça do homem, e depois disso, a justiça divina será a única a te julgar. Porque eu abro mão de qualquer coisa que se relacione a você. Está livre das minhas garras. Mas não se esqueça, ainda está sob a minha vigilância. Porque enquanto eu viver Grant, serei um lembrete da desgraça da sua vida. Adeus Josh. - digo antes de sair daquele lugar. Sinto todo o ar dos meu pulsões evaporarem. Respiro o ar puro novamente, e dessa vez, ele vem sem resquícios de culpa. Uma lágrima desse solitária do meu olho e sorrio

- Está bem, Senhorita? - Tylor pergunta ao entrarmos na limusine e sorrio para ele do retrovisor

- Estou chorando por ser a mulher mais livre do mundo, Ty - respondo com toda a sinceridade que tenho no coração - Agora vamos, tenho uma festa de aniversário para comparecer....

A Primeira Dama (CONCLUÍDO) Onde histórias criam vida. Descubra agora