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Rafaela guardava seus materiais dentro da bolsa quando faltava apenas alguns minutos para a saída da escola. A menina sentia o mais puro ódio em seu coração por ser quase uma da tarde e estar quase trinta e quatro graus, sem contar que seu pai não poderia a buscar já que estava com alguns problemas para resolver na delegacia.

A adolescente joga sua mochila sobre os ombros, faz um coque apertado em seus cabelos e marcha para fora da escola junto com os milhares de alunos que reclamavam do calor. Pegando o celular que estava no bolso da calça, Rafaela manda mensagem para seu pai implorando para que ele fosse a buscar ficando irritada ao ver que não chega a nem ser entregue.

Se despedindo de suas amigas, a menina olha para o sol forte e por um breve momento desejava morar no sul, e não em São Paulo. Observando a movimentação de carros na frente da escola, ela espera alguns segundos para que possa atravessar sem ter perigo de ser atropelada.

O caminho da escola até sua casa era de trinta minutos de caminhada, o suficiente para que ela aderir um mal humor insuportável. Rafaela odiava o calor, sua pele sempre ficava vermelha e a cada dois passos sentia dois litros de água sair do corpo.

Pegando a carteira que estava na bolsa, a menina passa em um bar para comprar algo para comer devido não ter comido a merenda da escola. Comprando um salgado e uma garrafa de água, ao sair ela volta a caminhar tentando pegar o máximo de sombra possível.

Passando pelos caminhos familiares, ela se aproximava de uma praça indicando que faltava vinte minutos de caminhada. Querendo sombra a qualquer custo, ela passa por dentro da praça sem se importar que isso a atrasaria por dois minutos. Já sentindo o ar fresco passando pelo local, um pequeno sorriso aparece por seus lábios e resolve se sentar em um dos bancos de concreto para poder terminar de comer a esfirra que tinha comprado.

A garota fica uns minutos por ali até que olha em volta por puro instinto na esperança de encontrar a viatura de seu pai já que sempre estavam se esbarrando pelas ruas, mas apenas encontra algumas pessoas sentadas pelos bancos da praça tendo sua maioria idosos. Entretanto uma mulher com cinco malas, um carrinho e uma bebê sobre suas pernas lhe chama a atenção.

De forma discreta, Rafaela permanece olhando a mulher que parecia desesperada e tentava disfarçar que chorava. Por ter aprendido com sua mãe que nunca deveria ver alguém chorando sem tentar ajudar, a adolescente pega suas coisas e caminha de forma desajeitada até a mulher sentando ao seu lado.

- Oi, eu sou a Rafaela. - se apresenta com um sorriso gentil atraindo a atenção dos olhos castanhos claros que estavam avermelhados e assustados - Não me leve a mal, mas eu te vi chorando e gostaria de saber se aconteceu alguma coisa e se posso te ajudar. - a mulher franze o cenho estranhando aquela abordagem mas apenas nega com a cabeça indicando que não precisava de nada - Certeza?

E foi ai que a mulher desconhecida a respondeu com uma curta frase. Então, Rafaela parou seus olhos sobre a bebê que aparentava ter no máximo nove meses vendo os lindos olhos castanhos, idênticos aos da mãe, a olhando com curiosidade.

- Oi lindinha. - cumprimenta a bebê que sorri animada - Vocês são novas na cidade? Digo, pelas malas.

- Não, moro aqui há alguns anos... - a mulher que não tinha se apresentado responde com a voz cansada - Você tem um celular para me emprestar?

- Claro, para quê? - pergunta com impulsividade. Odiava que outras pessoas pegassem no aparelho, fosse suas amigas ou sua mãe, não que tivesse algo a esconder mas por não gostar.

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