Verdejante

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   Manchester talvez tenha sido bela no século passado, já não existem nem ruínas que tragam a lembrança de como era antes da fumaça das indústrias, anciões que puderam ver um pouco disso já estavam a padecer, junto com toda a memória de áreas verdes em abundância naquela área, isso enfurecia a jovem Aurora, cidadã de um dos mais belos territórios do sul da Inglaterra, Derbyshire, se já detestava Londres quando habitava a grande metrópole, o extremo norte inglês lhe trazia enjoo, era uma dama rural, todavia, estava empolgada com a ida à Greenheys, uma área limitada da Grande Manchester, que ela facilmente poderia ver sendo urbanizada no futuro, já haviam fragmentos que indicavam essa possibilidade, porém, no momento, eram campos verdes vazios e cheios de plantas, não das mais bonitas, pois nem isso conseguia crescer em Manchester sem morrer pela fumaça intoxicante, haviam poucos parques, os que existiam tinham o fim de diminuir a bebedeira em dias de folga da população pobre, tornar aquele ambiente hostil mais suportável.

Aquela manhã em Deansgate fora a manhã onde a jovem Kingston esteve mais animada, seguindo a sua rotina de organização matinal cantarolando peças que sabia decoradas do piano, sorrindo como uma boba, por estar sozinha, perdendo a compostura pela animação de ter colegas jovens para aproveitar o momento, os Chadwick pareciam o poço de decência, tudo que mais havia de adequado em uma sociedade; chegariam logo após o desjejum, para a felicidade da dama, não teria de esperar muito.

O dia estava ensolarado em padrões do norte da Inglaterra, onde o sol rarefeito lutava para ultrapassar as barreiras da névoa artificial e gélida, para o pró-ativo Graham Hunt, era mais uma manhã onde poderia salvar o mundo com suas pequenas atitudes. Levantava de sua cama por volta das sete, talvez viessr a fazê-lo mais tarde se não estivesse com vontade, contudo, naquele dia deveria ir ao Owens College, universidade a qual tinha dado início, com apoio financeiro dos Hope e até mesmo das finanças mirradas de seu pai, mesmo que maiores do que já foram, não eram sozinhas o suficiente para suprir uma educação ao nível do intelecto do rapaz, estava no departamento de inglês e literatura, mesmo após insistência de seu pai para que fosse pelo caminho mais seguro da advocacia, porém, com seus poderes de persuasão, pode convencê-lo do potencial do curso ao qual teria escolhido. Não era muito comum ver outros que não fossem fidalgos ou burgueses nos corredores de qualquer instituição educacional, especialmente em Manchester, um distrito tão segregado, isso incomodou o jovem pontualmente quando chegou ao destino, visualizar um ambiente de pessoas que não eram como ele, ou que talvez fossem como ele, só não conseguia aceitar que sua realidade se tornava mais poderosa que sua origem naquele momento, do que adiantaria ter nascido na pobreza se vivia paparicado como qualquer outro da elite inglesa?

Não seria seu primeiro dia, embora todos os encontros nas salas de aula em arquitetura clássica e mesas de madeira pura tivessem nele o mesmo efeito de um recém chegado, todos evitavam sua presença, não por seus status financeiro, mas por ser altamente mal falado diante de suas ações generosas para com os necessitados, e também por se posicionar contra o dava o dinheiro para aqueles moços pagarem sua anualidade na universidade. Era recluso, tinha um ar suspeito, também não contribuia para a interação social, mesmo com o pouco convívio, sua mente sagaz chamou a atenção de seus professores, o que gerou ainda mais inveja e raiva naqueles que o rodeavam, com exceção desse dia único, ao qual adentrou as portas grandiosas da instituição e fora abordado por um menino com uma aparência engraçada, baixo, no ombro dele, a mesma altura da jovem Aurora ou de Betsey, sua amiga dos Slums, era magro, tinha uma tez de subtons amarelados e utilizava óculos redondos que se apoiavam em seu pequeno nariz e se misturavam dentre a franja de cabelos negros e seus olhos amendoados, apenas se alinhou à Graham e caminhou ao seu lado.

— Sou Theodore Kenett! Prazer em conhecê-lo, Sr. Pigeon — Disse em um sorriso simpático.

— Fico feliz em conhecê-lo, Sr. Kenett, se importaria se perguntasse como sabe meu nome? — Respondeu confuso.

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⏰ Última atualização: Oct 05, 2020 ⏰

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Aurora (Série "Victoria")Onde histórias criam vida. Descubra agora