Entre "Tremores" e Amores

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Matteo


Depois da longa reunião, finalmente consigo respirar ar fresco. Minha cabeça dói de tanto ter ouvido os anciões. Sorte que no Reino Mernin não havia esse tipo de conselho, no máximo eu só pedia ajuda à Tírio.

Caminho pela varanda no alto do castelo de Gaia. O vento frio era fortalecedor.

Encosto os braços na sacada e aproveito a brisa e a paisagem do reino.

Percebo uma presença no local, mas decido apenas aguardar. Se ele quiser falar comigo, então deixarei que ele se sinta confortável em fazê-lo, e antes que o fizesse Elffen surge pela porta do salão.

— Toda essa ladainha só me cansa! Esses velhos possuem mais de 1.500 anos e a cada ano que passa, mais teimosos ficam. — Ela fala sobre seu conselho. — Eu te invejo!

Rio. Observo o enorme dirigível com suas luzes piscando e sinalizando a sua presença no extenso céu.

— Você mudou. — Elffen muda seu tom de voz encostando seu ombro no meu.

Direciono meus olhos minha amiga.

— Está mais sério. Se fosse o antigo Matteo teria jogado uma piada para cima daqueles idosos. — Encaro as orbes verdes de minha amiga. — Consigo ver que algo te perturba,e sinceramente, tenho medo disso.

Não posso fazer isso com eles. Com ela, com todos que se preocupam comigo. Tenho que viver neste mundo da melhor forma possível, tentar me adaptar... Inspiro derrotado.

— Está tudo bem, eu acho. Não é como se eu ainda tivesse 16 anos. — Digo ironicamente.

— Tem cara.

Rimos.

— Mudando de assunto. — Recosto minhas costas e a encaro com a cabeça relaxada para trás sentido a brisa bater em meus cabelos. — Então quer dizer que Elffen, aquela elfa rabugenta, se casou com o gostoso do Irikson.

Elffen fica vermelha e me olha nervosa.

Ela tenta argumentar, mas é em vão.

Rio de sua cara, e mesmo tentando ficar raivosa, acaba não conseguindo e cai na gargalhada.

— Fico feliz. Pelo menos um de nós conseguiu ser feliz.

— Você também pode. Sabe muito bem disso.

Ergo minhas sobrancelhas duvidando de suas palavras.

— Enfim, não irei mais te atrapalhar.

— Atrapalhar em que? — Questiono, mas logo me dou conta. — Ah sim. Você que sabe. Se quiser ficar mais, fique à vontade.

A elfa faz um sinal com sua mão negando a possibilidade. Me beija no rosto e caminha de volta para o salão.

— Matteo. — Vejo as luzes e as pessoas andando no interior do salão atrás de si. — Sabe que você não está sozinho, não é?

Demoro um pouco, mas acabo sorrindo e concordando. Sabia que podia contar com ela.

Volto a minha posição inicial e apenas continuo a observar o céu estrelado.

Depois de um tempo pude ouvir os passos relutantes daquele que me observava.

Um corpo para ao meu lado e não preciso olhar para saber quem seria. Sorrio minimamente.

— Está uma linda noite. — Tento conter a risada, mas falho miseravelmente.

Encaro Derek me observando confuso. Deve estar se perguntando se falara algo de errado. Tadinho.

O Humano - EpífaneOnde histórias criam vida. Descubra agora