A noite nas ruas desta cidade é como uma massa negra devorando qualquer coisa que vê pela frente, sem dó nem piedade. É o terror de qualquer um andar por aqui depois que o sol vai para cama, os postes de luz sequer fazem seu trabalho devidamente; a maioria é tão preguiçosa que apenas pisca. Sem falar na distância de um para o outro, andar entre estes pontos é como arriscar tudo e ter a chance de alguma criatura demoníaca te puxar pelo esgoto em direção ao submundo.
E, bem, qualquer pessoa com bom senso estaria em sua casa prestes a ir dormir. Mas cá estou eu, caminhando a passos largos por esse labirinto deserto e faminto, sendo acompanhado apenas pelo eco incessante. É o ambiente perfeito para um serial killer de filme de terror, um assaltante ou forças sobrenaturais malignas; se eu gritar ninguém virá me socorrer. Se eu correr, irei me perder, mesmo que a cidade seja pequena. Mas eu preferia que este fosse o meu destino, a última coisa que quero é chegar em casa. E se ele ainda estiver acordado, esperando por mim?
Amanhã eu tenho aula, então ele não pode fazer muita coisa sem que isso chame a atenção quando chegar na escola, certo? Eu não posso faltar mais um dia ou a diretora irá chamá-lo lá para discutir sobre isso. E, bem, seria uma sentença de morte.
A ponta de meus dedos estão congelando por conta do frio de início de madrugada, e esfrego uma mão na outra a fim de tentar me aquecer. Será que devo achar algum banco na praça para passar a noite? Mas eu carrego uma mala e meu celular, não preciso ser roubado na situação atual em que me encontro. Se a mãe de Gregory não fosse uma vadia egoísta, eu poderia voltar apenas quando as coisas com meu pai estivessem melhores. Mas seria um milagre se isso realmente acontecer algum dia.— Mas, querido, ele já está aqui há dois dias! — sussurrou a mãe de Greg, enquanto terminava de lavar a louça. Meu amigo chacoalhou a cabeça em completa descrença, fuzilando a própria mãe com os olhos. Eu observava tudo pela escada, tentando ser o mais discreto possível para não chamar atenção.
— Ele é meu amigo, mãe! Amigos se ajudam quando há necessidade — ele retrucou mais alto do que deveria, e sua mãe fez um gesto de silêncio em completo desespero.
— Fique quieto ou ele vai nos ouvir!
Não quero ser um fardo para ninguém, muito menos para o meu amigo e causar uma briga em sua família. Se estou causando incômodo, prefiro ir embora do que ouvir essas coisas e fingir que está tudo bem, porque a sra. Collins é uma falsa que acha que irá para o céu fazendo essas coisas. Naquela hora, voltei para o quarto de Greg, que estávamos dividindo, e refiz a minha mala. Não é como se as minhas coisas estivessem espalhadas pelo quarto, nesses dois dias eu tentei ao máximo parecer invisível, não comendo muito e estou tomando banhos rápidos. Nem mesmo lavava as minhas roupas, as acumulei em uma sacola para fazer isso quando chegasse em casa. Mas parece que o pouco que eu comi e a pouca água que gastei foi o suficiente para surgir reclamações. Mas está tudo bem, eu peguei a minha mala e desci as escadas a fim de sair sem dar satisfações. Seria bem óbvio ir embora depois daquela discussão.
Greg me viu passar pela porta da cozinha, e entendeu o que estava acontecendo. Seus olhos escuros e redondos caíram como os de um cachorro culpado, ele levantou da cadeira num pulo a tempo de agarrar o meu pulso para murmurar um pedido de desculpas quase inaudível. E a escrota de sua mãe ao ver o movimento secou suas mãos depressa e colocou um sorriso imenso e completamente fingido no rosto.
— Oh, Marshall! Você já vai? Está escurecendo e o jantar está quase pronto! — ela sabia que eu escutei a conversa, seu sorriso falhava no lado esquerdo e mesmo assim ela não o tirava da boca. Naquele momento, eu não quis xingá-la ou responder à altura, por mais que eu estivesse no meu direito. Eu só... estou cansado, de tudo e todos. Retrucar não vale a pena, sem falar que não quis magoar Gregory. Ele tentou me ajudar ao máximo que pôde e sou muito grato por isso.
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Dark Nights (Gay/Yaoi)
Teen FictionMarshall está sempre reclamando de como sua vida é uma merda - e de fato é, sua relação com seu pai é grotesca e um boato em sua escola ainda o persegue, mesmo após um ano. Ultimamente as coisas andam de mal a pior, desde sua amizade com seu único...