Em sonhos, a mente de Meg sempre voltava para lá. Faculdade, primeiro dia de aula. Talvez porque seus dias na faculdade tivessem sido algo totalmente novo na vida de uma garota de 17 anos que morava no campo, que não tinha nada mais que uma amiga, por sinal dois anos mais jovem, e que nunca havia frequentado uma escola. Ela já havia passado pela experiência de se formar em Letras, havia feito algumas colegas na faculdade, mas nunca havia se acostumado àquele lugar. Foram 4 anos de muitos estranhismos. Quando achou que estivesse se acostumando, estava já para terminar a faculdade.
Nos sonhos, era como se algo tivesse dado errado, como se seus anos de faculdade tivessem sido invalidados e ela tivesse que cursar todos os períodos novamente. Quase sempre que isso acontecia, Meg ficava ciente: estava sonhando.
Andando pelo campus com sua mochila exageradamente pesada por conta dos incontáveis livros que carregava, Meg podia sentir novamente o aroma de poluição e um leve toque de nicotina que exalava pelo local recheado de estudantes. Ela odiava aquele cheiro, por isso sempre passava por um atalho não muito frequentado no campus. Estava passando tranquilamente por debaixo de uma conhecida árvore quando o viu. Ele estava diferente, um pouco mais alto e com um cabelo inconfundivelmente castanho escuro, mas era definitivamente a mesma pessoa. Ela sentia que era ele, então, sim, era ele.
Chegou mais perto. Ele estava estacionando sua bicicleta, no tempo perfeito para se encontrarem. Ele levantou o olhar da bicicleta para Meg, um olhar curioso surgiu em seu rosto.
— Olá. Eu te conheço de algum lugar, não? — era a primeira vez que ele se direcionava a ela enquanto ela mesma, e a sua voz parecia muito mais bonita agora que ela o ouvia com ouvidos humanos, não equinos (se é que isso faz sentido).
— Olá. Eu te conheço, sim — foi o que ela disse, sorrindo sem mostrar-lhe os dentes. Será que ele ousaria falar de seus dentes novamente? Ela riu do pensamento, deixando seu sorriso à mostra. E ele sorriu de volta.
— De onde? — ele franziu o cenho enquanto a convidava para continuarem a andar pelo campus. — Eu não me esqueceria desse rosto... — Meg podia sentir seu coração saltitar ao som daquela voz.
— Eu te conheço dos meus so-nhos — ela disse subitamente, só entendendo as implicações do que disse ao pronunciar a última sílaba hesitante.
— Uou! Essa foi boa. — O rapaz corou! E o embaraço foi suficiente para ele voltar, como que num passe de mágica, a ser loiro à vista da constrangida moça sonhadora.
— Não... Não foi uma cantada. Isso aqui é um sonho — Meg tentou explicar.
— Você quer dizer, então, que isso aqui que estamos vivendo não é real? — o garoto diz com um sorriso no rosto, porém aparentemente um tanto preocupado.
— Se não fosse um sonho, você não teria cabelo castanho há alguns segundos... — Meg tentou convencê-lo, vendo-o colocar a mão sobre a cabeça.
— Quê? — É a única coisa que ele consegue falar.
— É, e eu não tenho por que estar aqui... Eu já me formei, mas sempre volto aqui em sonhos — Meg explicou, tentando não fazer o rapaz se assustar. — O que você veio fazer aqui?
— Eu vim... — o rapaz parou e lançou seu olhar para a bicicleta a distância. — Eu não sei. Eu simplesmente coloquei a bicicleta ali e estou agora aqui conversando com você. Não me lembro de nada anterior...
— Tudo bem. É só um sonho. — Meg riu. — E eu sonho com você tem um tempo.
— Você quer dizer que eu não existo? — o rapaz pareceu extremamente ofendido.
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NÃO QUERO ACORDAR
SpiritualMeg é uma sonhadora, às vezes ela ousa falar que prefere os sonhos à realidade. Jake, por outro lado, já acordou faz tempo. Sua realidade acabou por sufocar seus sonhos. Quando ambos se encontram, a ambiguidade é notável. Enquanto ela tem a cabeça n...