filhas & conselhos

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"Posso te proteger de ladrões e garanhões, 

mas nunca poderei protegê-la de si mesma".

É bom te ver, Meg — o rapaz de seus sonhos disse a ela na sua inconfundível voz.

O cenário do sonho era a sala de estar da casa de Meg. Era estranho tê-lo em casa, ainda mais naquele silêncio. Era estranho que a sua casa ficasse em silêncio, na verdade. Isso indicava que estavam sozinhos, e Meg nunca estivera sozinha com um rapaz dentro de casa. E era justamente por isso, por essa proteção que sempre sentiu vinda tanto de seu pai quanto de seus irmãos que sabia: era um sonho. Aquele era um sonho simplesmente pelo fato de não se sentir segura. E, na grande maioria do tempo, era normal que Meg se sentisse segura.

Eu não me lembro de ter-lhe dito meu nome. Como você sabe? — Meg perguntou enquanto se sentava o mais distante possível do rapaz no sofá.

— Eu simplesmente sei — o rapaz respondeu, dando de ombros. — Assim como tenho certeza que você sabe o meu.

— Não tenho ideia — ela respondeu, sentindo-se um pouco estranha e mexendo nos cabelos sem qualquer consciência disso.

— É só falar um nome... — ele sorriu para ela, e o seu sorriso significava alguma coisa. — Eu posso ser quem você quiser.

— Isso me soa muito surreal. Não quero inventar um nome para você. Isso estragaria tudo — ela disse, por fim.

— Tudo o quê? — ele parecia não entender.

— Ora, a mágica de se conhecer alguém.

— Não seja por isso — ele disse, levantando-se do sofá e estendendo a mão para Meg. — Muito prazer, sou Philip. Mas a senhorita pode me chamar de Phil.

— Que bom saber seu nome, finalmente, Phil — ela disse ao estender a mão para cumprimentá-lo. — Muito prazer.

— Encantado — ele sorriu para ela de uma forma realmente encantadora, sentando-se novamente no sofá, o que ainda deixava Meg desconfortável. Onde estariam os seus irmãos?

— Você quer caminhar lá fora? Não costumo ficar sozinha em casa — ela disse, tentando não mostrar estar incomodada, pois gostava da presença de Phil.

— Não vejo por quê. Achei que você gostasse de ficar em minha companhia — Phil parecia ofendido, quase fazendo beicinho.

— Eu gosto — Meg disse rapidamente para deixar claro que o problema não estava nele, mas no lugar silencioso e meio escuro em que estavam. — Mas acho que meu pai não vai gostar de te ver aqui...

— Seu pai não vai aparecer — ele sugeriu com um ar de sabedoria. — A menos que você queira. Mas, hum, quer saber a minha opinião?

— Sim, claro — Meg respondeu, achando que alguma opinião sábia sairia de seus lábios.

— Acho que você deveria aproveitar mais tempo comigo, não? — ele disse com um sorriso encantador, o que fez alguma coisa dentro da barriga de Meg dar um leve pulinho. — Você tem o seu pai durante todo o dia, mas tem pouquíssimo tempo para estar comigo. E eu sinto sua falta.

"Esse papo está ficando meio estranho", uma pulguinha parecia sussurrar no ouvido de Meg. Se havia uma coisa que aprendera com seu pai era que nunca deveria deixá-lo afastado. Ele fazia questão de orientá-la em todos os sentidos da vida. E um rapaz não parecia começar bem quando colocava-se numa posição contrária ao seu pai. Como se para estar na presença de um, ela tivesse que deixar de lado as orientações do outro. Por outro lado, a sensação de estar finalmente com alguém que parecia gostar de estar a sós com ela a fazia sentir coisas diferentes, as quais nunca havia sentido antes. Era tudo tão certo, porém tão errado.

NÃO QUERO ACORDAROnde histórias criam vida. Descubra agora