celtics & rangers

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— Por que não estávamos conseguindo te ligar? — perguntou Thomas, o irmão de Jake, em chamada de vídeo. Jake havia acabado de chegar em casa; seu antigo celular era o que usava para ligações e coisas pessoais, e seu irmão havia tentado ligar diversas vezes naquela manhã, mas sem sucesso.

— Eu dei o meu celular — Jake explicou, deitando-se em sua cama com a câmera do celular apontada para o rosto. Na tela do celular, ele via seu irmão sentado na mesa da cozinha e sua cunhada, Grace, procurando alguma coisa nos armários ao fundo.

— Você deu o celular? Aquele que você comprou este ano? — Thomas perguntou espantado, Grace ainda não havia escutado nada da conversa dos irmãos. — Para quem foi a boa ação de hoje?

— Para a Margaret Henderson, sabe? — Jake disse, meio sem jeito.

— Querida, vem aqui — Thomas gritou para a esposa ao fundo, ao que ela correspondeu vindo com graciosidade ao seu encontro e lhe abraçando por trás. — Você me deve dez libras — Thomas olhou para a esposa com o ar de vencedor. Ela o respondeu com cara de quem não sabia do que ele estava falando.

— O quê? — ela perguntou afastando um pouco o corpo das costas do marido para visualizar melhor seu rosto. Sem ter ideia do que se tratava, acenou para a tela do celular — Oi, Jake! Como vai a vida morando sozinho? — Grace e Jake se consideravam como irmãos, por isso não tinham muitas reservas para brincadeiras.

— Com certeza muito melhor do que a vida de casado — ele brincou.

— Irmão, você não faz ideia do que está perdendo — Thomas disse enquanto acariciava as mãos de Grace com seus polegares, o que fez com que ela lhe deixasse um beijo no topo da cabeça e com que Jake fingisse estar com ânsia de vômito. — Mas não vamos mudar de assunto. Grace, — perto do irmão, ele não a chamava de amor; Grace achava isso engraçado — ele deu um celular... não qualquer celular... ele deu o celular dele para a filha dos Henderson.

— Henderson? Aquela família que... que... Jake! — Grace se virou abruptamente para o celular. — Você não está interessado nessa moça, está?

— Não — Jake tentou explicar, mas foi a única coisa que conseguiu dizer. Ele não havia pensado na possibilidade de aquele presente soar como um sinal de que ele a considerava como uma possível pretendente. Só o fato de cogitarem aquilo fez com que Jake paralisasse em seus movimentos corporais. Não queria que entendessem assim. Não queria que os pais dela entendessem assim. Não queria que ela entendesse assim.

— Foi o "não" mais convincente que já ouvi na vida — Thomas comentou revirando os olhos. — E é por isso que eu ganhei dez libras da minha esposa.

— Oh, não, Jake. Eu convenci a mim mesma de que nunca conheceria a moça que estava destinada a tirar meu marido de mim... Agora teremos de ser cunhadas? — Grace brincou, ainda não acostumada com a ideia de ter que, finalmente, conhecer a dona de algumas de suas inseguranças.

— Vocês são tão bestas! — Jake começou a se explicar. — Eu não gosto dela. E o meu "não" não foi convincente porque vocês me fizeram refletir sobre essa loucura, essa besteira, que fiz. Os pais dela não vão gostar...

— Provavelmente não vão... — Thomas concordou.

— Os irmãos dela vão pensar coisas, assim como vocês — Jake continuou, ainda reflexivo.

— Provavelmente sim — Thomas assentiu mais uma vez.

Ela pode pensar coisas... — Jake concluiu.

— Sim... ela provavelmente vai — Thomas riu. — Você é muito inconsequente! Mas... por que não ela? Ela me parece ser uma moça piedosa, ela não é? — Thomas tentou entender.

NÃO QUERO ACORDAROnde histórias criam vida. Descubra agora