Enquanto meus olhos analisavam com cuidado o rosto do meu filho, minha mente trabalhava em busca de respostas. Eu queria entender o que estava acontecendo ao mesmo tempo em que lutava contra um sentimento cruel, quase devastador: culpa.
Por mais que eu tenha conversado com Eros a respeito de tudo o que aconteceu, não conseguia afastar de minha mente a confirmação de que eu era culpada por meu filho estar agora nessa cama de hospital. Será que não deixei de prestar atenção a detalhes que poderiam indicar que algo não ia bem? Está certo que ainda nem sabíamos o que ele tinha, mas o simples fato de estar tão indefeso naquela cama me deixava desse jeito. Assustada, quase em pânico.
Perdi a conta de quantas vezes uni minhas mãos em oração, rogando a Deus para que não fosse nada de grave. E logo em seguida eu me recriminava por recorrer a Ele nesse momento. Eu sei que não merecia, mas Reece sim. Ele era apenas uma criança indefesa que não merecia nenhuma enfermidade.
Eu sei que muitos vão me julgar por parecer precipitada, mas sabe aquela história de que o coração de mãe nunca se engana? Pois é. Por mais que eu tentasse ter pensamentos positivos, algo dentro de mim se remexia e vinha a quase certeza de que havia algo errado com meu filho. Não era uma indisposição qualquer.
—Deus, não permita isso.
Falei curvando-me para frente enquanto chorava baixinho. Reece não estava tendo uma noite tranquila, vez ou outra choramingando de alguma dor que não sabia especificar. Notei que sua pele estava um pouco avermelhada me deixando ainda mais apreensiva.
O pior de tudo era a espera interminável. Eu não conseguia dormir, obviamente, e estava bem desperta nas duas vezes em que uma enfermeira entrou no quarto para colher sangue de Reece. Assim que meu filho dormia eu chorava, não só por estar me doendo por ele estar naquela situação como por ver como ele era forte. Mesmo sentindo dor, ele aguentou firme enquanto retiravam o sangue. Ele apenas apertou fortemente a minha mão. Isso me acalentava um pouco.
Eu me sentei rapidamente ao sentir meu celular vibrar, constatando ser uma mensagem de Eros.
"Como estão as coisas? Reece está melhor?
"Está dormindo, mas um sono um pouco agitado."
A resposta, como sempre veio rápida.
"Normal. Só o fato de passar a noite no hospital já basta para que ele fique agitado. Mas e você, meu amor? Está mais calma?"
"Não estou, Eros. Desculpe. Por favor, desculpe se estou sendo fraca, mas não consigo impedir meus pensamentos. Eu sinto que há algo... um pouco pior do que parece."
Dessa vez a resposta demorou e eu me perguntei se Eros estava pensando o mesmo que eu ou ponderando suas palavras para não ser muito enérgico comigo. E meu coração derreteu um pouco ao ler sua mensagem.
"Eu entendo você. Não vou recriminá-la por isso. Você é mãe. Dizem que mãe sente as coisas, não é? Mas por favor, eu não estou concordando com seus pensamentos está bem? Você passou por tanta coisa nos últimos anos, meu amor. E eu sei que por mais que hoje estejamos bem, chega um momento tenso como esse em que tudo parece se juntar e explodir."
Fechei meus olhos pensando no quanto eu queria que ele estivesse comigo nesse momento.
"É a situação que está fazendo você ter esses pensamentos. E não se culpe por isso. Você está sendo apenas humana, Summy. E nós humanos sentimos medo. É compreensível. Nós não chegamos até aqui à toa, querida. Estaremos juntos para o que der e vier, está bem? Nosso menino é forte e seja lá o que esteja acontecendo, tudo ficará bem. Agora por que não tenta dormir um pouco? Eu estarei aí logo cedo."
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Meu inferno particular - DEGUSTAÇÃO
ChickLitSeis anos de vida conjugal. Seis anos dedicados ao marido Warren Hayden e ao filho Reece. Summer sempre se preocupou em ser a dedicada, amorosa e perfeita esposa e mãe. Seus planos de ingressar em uma faculdade foram adiados uma, duas...três vezes a...