Era engraçado pensar em como a vida está sempre nos colocando à prova. Eu voltei no tempo, me lembrando da mulher quebrada, traída, ferida que não conhecia o amor-próprio. Em como me vi desesperada buscando uma maneira de reconquistar meu marido achando que isso seria a coisa mais importante da minha vida.
Mas eu busquei forças que eu nem sabia que existiam dentro e mim e dei a volta por cima, recuperando minha autoestima, conquistando o amor de um homem maravilhoso, vendo meu filho crescer cercado de mais amor e sem sentir a falta do traste em nossas vidas. Eu estava vivendo a melhor fase da minha vida.
E assim, de repente, como num passe de mágica eu me vi tendo que buscar novamente forças para enfrentar a notícia que, a princípio abalou minhas estruturas. Eu não tive cabeça para ouvir ninguém, muito menos para buscar mais informações. Eu me desesperei... e blasfemei contra a vida, contra o mundo...o universo. Era injusto que isso estivesse acontecendo conosco.
Felizmente, como sempre, eu tive o suporte de uma das pessoas mais importantes da minha vida: Eros. Foi ele quem me amparou, que secou minhas lágrimas, que me embalou em seu colo como se eu fosse uma criança. Como se fosse eu que precisasse de cuidados e não nosso filho.
Eu me lembro exatamente das palavras que me fizeram perder o chão, ditas pela doutora Emily.
"— Essa doença é muito difícil de ser diagnosticada, Summer. Principalmente porque Reece não apresentou muitos dos sintomas esperados. Eu quero mais exames, antes de afirmar com convicção que seu filho pode estar com lúpus."
Eu não sabia o que aquela doença provocava, qual era tratamento ou se existia tratamento. Eu não sabia nada. Mas a informação que havia algum problema com um dos rins de Reece me deixou apavorada. Naquele dia Reece foi liberado para voltar para casa, mas as idas ao consultório médico continuaram. Dia após dia, cada vez mais exames.
Aparentemente ele estava bem, mas duas semanas após aquele episódio ele voltou a reclamar de dores, dessa vez nas articulações e surgiram algumas feridas nas mãos e nariz. Mais exames e uma biópsia e então tínhamos a confirmação.
Meu filho, meu pequeno Reece sofria de Lúpus. Embora seja uma doença rara na infância, principalmente na idade em que Reece se encontra, há casos de início antes dos dezesseis anos. Cerca de uma em cada duzentas mil crianças são atingidas. A maioria do sexo feminino.
E essa informação talvez tenha desencadeado toda minha onda de desespero. Se era tão raro...porque justo com ele? E tambem porque eu não sabia o que aquela doença poderia provocar na vida do meu filho. Eu só sabia de uma coisa: eu precisava novamente mostrar toda minha força. Eu não poderia cair, apesar de ter feito isso quando soube da notícia.
Isso aconteceu há pouco mais de um mês e desde então nossa vida deu uma guinada. As visitas ao reumatologista se tornaram constantes, mas acredito que o que mais tenha mexido em nossa vida, principalmente com Reece foram as restrições. Restrições alimentares, a esforços físicos, cuidados com a exposição solar. Como privar uma criança cheia de energia de fazer tudo isso? Eu sentia meu peito rasgando de dor e sangrando toda vez que Reece queria fazer algo que infelizmente não podia.
Ele entendia, eu acho, mas ainda assim não deixava de ser triste ver meu filho ser podado daquela maneira.
Eu fechei meus olhos e inspirei profundamente sentindo os braços fortes em volta da minha cintura, deixei minha cabeça pender para trás, encontrando o abrigo que precisava no peito de Eros. Eu estava de pé à porta da cozinha, observando o gramado onde Reece adorava ficar desde a primeira vez em que estivemos na casa de Eros.
—Já é tarde, amor. Você precisa vir para cama.
—Estou sem sono.
—Eu sei, mas venha se deitar assim mesmo. A gente conversa um pouco, você relaxa e talvez consiga dormir.
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Meu inferno particular - DEGUSTAÇÃO
ChickLitSeis anos de vida conjugal. Seis anos dedicados ao marido Warren Hayden e ao filho Reece. Summer sempre se preocupou em ser a dedicada, amorosa e perfeita esposa e mãe. Seus planos de ingressar em uma faculdade foram adiados uma, duas...três vezes a...