Capítulo 4

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NOAH

Minha manhã foi resumido em filmes da Barbie e guloseimas com a Maya. E depois de entregar ela para o pai fiz uma visitinha na casa de meus pais, e eu não sou bobo e nem nada, pedi para minha mãe fazer minha sobremesa favorita.

Pavê de abacaxi com calda de chocolate. Eu chamo de torta, mas minha mãe  sempre me corrige.

Acabou que na hora do almoço Adam e a ruivinha apareceram aqui e eu ainda me lembro muito bem da minha cara de indignação ao descobrir que Adam tem costume de visitar minha mãe.

Sem me consultar! Como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Não me importo de assumir o quanto fiquei enciumado com isso e o pior foi ter que olhar a cara de satisfação dele o tempo todo.  Maya tentava controlar o risinho junto de minha mãe, mas eu via bem. Uma hora dei de ombros mesmo inconformado com isso e foquei apenas na interação da minha mãe com a pequena, um tempinho depois do meu pai chegar. Ambas felizes comentando sobre bolo de limão e como Maya tem indo na escola.

Eu sempre vou me sentir inteiro podendo estar presente vendo Maya recebendo o mesmo afeto que eu tenho de minha mãe.

Minha pequena ruiva perdeu a mãe muito cedo - tinha apenas três anos- , a mãe da ruiva sofreu um acidente gravíssimo depois de uma briga entre ela e o seu pai. Quando Adam me contou isso pela primeiro vez foi um momento doloroso para ambos e, nesse dia, eu pude perceber que o Adam nunca foi um homem completamente inteiro.

Talvez pela culpa que o persegue. Mas aquela garotinha foi a única salvação dele.

Assim que sai  do carro e levei toda minha atenção á casa de marinette - minha vizinha, a loira mais bonita que eu já vi em toda minha vida- que estava ao lado de uma moça grávida e duas pequenas crianças bem animadas; observei a loira atentamente enquanto andava até a porta de minha casa, ela tinha um brilho nos olhos de uma maneira tão bonita que eu adoraria poder ver de mais perto.

Não sei como foi possível ou se os céus me ouviram naquele momento, mas assim que parei de ser um obsessor e decidi entrar em casa, me assustei vendo a loira andando em minha direção. Pensei que quase poderia infartar ali, mas na verdade foi no momento em que senti o toque de sua mão.

A torta dela com certeza foi uma das melhores coisas que eu já comi e isso que eu nem sou tão fã de morango e, naquele momento prestando atenção em tudo que ela dizia deu para perceber bem o quanto ela é fascinada pela tal fruta.

Será que abacaxi e morangos dão certo juntos? Por mais ácidos que eles possam ser nunca deixa de ser doce e dar um gostinho de quero mais ao terminar.

— Marin... Opa! Quem é esse? — Sou tirado dos pensamentos quando aparece uma mulher um tanto mais velha bem parecida com a Marinette.

Minha vizinha parou de comer a torta imediatamente que tinha pegado á pouco tempo para olhar a mulher que se aproximava.

— Ele é o Noah, vó! Meu vizinho daqui do lado.

— Noah, essa é minha vó. — dou um pequeno sorriso para a mais velha.

— Olá, querido! Me chamo Marta. — diz simpática, enquanto abraça os ombros de sua neta.

— Oi.. Prazer em conhecê-la.

Ela sorriu e olhou para mão da Marinette onde supostamente o copo que tem a sobremesa dela lá.

— Meu deus, garota! Daqui a pouco vai estar rolando por ai de tanto comer essa torta. — Marinette resmungou algumas coisa e deu de ombros amostrando a língua para ela.

— Menina, me respeite! — Marta acerta um tapa -que eu acredito que não tenha sido forte- na cabeça da loira.

— Tenho pena do homem que se apaixonar por você. — diz revirando os olhos e volta para dentro da casa.

— Dramática..

— Eu ouvi isso! — soltamos uma risada e eu nego lentamente com a cabeça.

Essa senhora é uma comédia, me lembra o mesmo senso de humor de sua neta.

— Minha avó é uma graça.. Sua avó é assim também? — Minha avó é capaz de ser pior.

— Pior..

— Você é um homem de poucas palavras, né?

Não vendo outra alternativa, eu apenas aceno com a cabeça.

— Mesmo..? Não sou um incômodo?— Pergunta, meio cabisbaixa. — Olha, se eu for o problema, desculpa. Tenho pensado bastante nisso..

E ela não tem culpa de pensar assim.

— Se caso eu estiver incomodando peço desculpas também. E.. Meu Deus, eu tô falando muito! Perdão, mas eu falo bastante quando estou nervosa e.. Esquece! — acabei dando uma gargalhada, pois eu já tinha notado o nervosismo dela.

Ela sorriu um pouco sem jeito e eu respirei fundo umas três vezes para formular uma resposta descente que seria em vão como todas as outras.

— N-Não..Você não é. — Por que eu não consigo falar com ela direito?

— Eu não sou o problema então? — eu assinto e ela sorri mais uma vez. — Por que não consegue falar comigo?

— Eu..— respiro fundo e olho para o chão.

— Tudo bem — acredito que não esteja. — Quando estiver preparado você vai conseguir. Já sabe que eu não mordo. — a mesma da uma piscadinha na minha direção.

Uma simples piscada e eu senti com se uma bala perdida tivesse atravessado meu peito.

— Eu preciso..

— Precisa ir, né? — ri e eu concordo lentamente.

— Tudo bem. Foi um prazer conversar com você de qualquer maneira, Sr. Misterioso. — dou um leve sorriso, acenado mais uma vez.

Porém antes que eu pudesse dar algum passo para trás, Marinette corre para dentro de sua casa me deixando confuso. Então, espero por ela de braços cruzados em sua porta. Não demora mais de dois minutos e a loira volta com um pote que não é tão pequeno e nem muito grande e me entrega.

— Leva. É o bolo de morango que eu fiz ontem. — Ela disse, e eu reparei nas bochechas dela ganhando um tom mais rosado. Fofa. — Prometo que não está envenenado.

— Obrigado. — digo baixo, soltando um pequeno riso.

Antes de sair eu espero ela entrar primeiro e depois de se despedir pela última vez a mesma entra e, em seguida, me viro na direção da minha casa e ando rapidamente sem parar para pensar no quanto estou sendo o homem mais realizado.

E como isso é bobo.

Me sinto bobo.

Porque sem dúvidas essa foi uma das melhores tardes que eu já passei, e Maya que me perdoe por dizer isso.

Meu Vizinho Esquisito  - em revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora