ESPERAR

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O pingente de madeira que Lupos dera a Elida estava ali a sua frente , onde a inicial de seu nome agora dava lugar a algumas manchas vermelhas e escuras...

O coração de Lupos para por um estante contrastando com a chuva que caia cada vez mais forte sob sua roupas novamente ensopadas, mas não era como da ultima vez , nada era. Ele toma o pingente em suas mãos , se levanta com anorme rigidez pela dor enorme em seu corpo e andava quase que se arrastando pela floresta , em direção a sua casa.

- O que está... - Ele balbucia , com os olhos arregalados em direção ao chão lamacento , com o rosto insento de expressões .

Uma corrente gelada percorre seu corpo o abraçando , como se fizesse um carinho indesejado , como se ultrapassasse todas as suas defesas e ameaçasse atacar seu coração o envolvendo ,congelando enquanto a musica podia ser ouvida novamente...

Lá... Lá...
Lá... Lá... Lá... Lá...
Lá... Lá...


Ele tampa os ouvindo com força , gritando , tentando inutilmente afastar o som.
A chuva continua a cair , assim como a brisa gelada que o seguia enquanto se arrastava de volta pra casa com o pingente nas mãos. Quando finalmente sai da floresta e olha pra sua casa ele cai de joelhos. Tudo parecia manchado , como se todas as casas houvessem sido pintadas pelo céu escuro , como se as casas estevessem entrando ... no limbo.

LUNA ! - Ele entra em sua casa desesperado, procurando sua irmã e seus pais.

não não não não não não não
não não não não não não não
não não não não não não não

Ele vai em direção as escada , subindo os degraus com muita dificuldade se apoiando nas paredes quando ele finalmente consegue chegar ao topo , virando a direita onde fica o quarto de seus pais...

- Mas que por... - Ele consegue visualizar o vilareijo inteiro pelo enorme buraco onde antes era o quarto de seus pais.

Lupos tomba para o lado onde a parede o segurou , ele não falava nada , não expressava nada , sem choros , sem gritos , apenas estava de pé , imovel. Com os olhos fundos e inexpressivos ele sente o pingente em sua mão.

- ah é ... eu ainda tenho que covida-lá pra jantar não é , mãe ? - Ele balbucia , com os olhos pesados , olhando o nada.

Ele desce as escadas e encontra a flauta de seu pai em cima da mesa, ele a fita em silencio por um tempo , depois a pega e nota a folhinha que o pai dizia ser um enfeite agora avermelhada.Ele a guarda em suas roupas enquanto sai da casa onde a porta fora aparentemente arranhada por algo

Lup/e
Lu/ma
Lup/os
Lu/na

Ele olha sem expressar nada , com seus olhos fundos vai em direção a fazenda chamazul , olhando para o chão , sem notar as ruas silenciosas e vazias , como se fosse mais uma caminhada até a casa de sua amiga...

lá estava, os grandes moinhos agora manchados pela noite ,pelo limbo.O beco de outrora estava ao seu lado que recebeu apenas um olhar inexpressivo para a quela rosa , Lupos caminhava passo a passo , mancando com sua perna direita que era apenas usada como apoio para sua outra perna se mover. Depois de uma longa caminhada, estava na porta da casa ,encarando-a , imovel.

Alv/o
Mer/ida
Eli/da
Lupos

Elida havia posto seu nome em um cantinho da porta no dia que ele havia entregado o pingente a ela. É onde ele se senta , seu corpo cobria o nome atrás dele , abrançando seus joelhos com todas as dores que sentia naquele momento e a brisa gelada que o acompanhou desde a floresta...

- Eu só preciso ... esperar um pouco ... - Ele balbucia com o rosto entre os joelhos

Enquanto a chuva caia foi possivel ouvir ...

Lá... Lá...
Lá... Lá... Lá... Lá...
Lá... Lá...

Lupos cantava...

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⏰ Última atualização: Oct 08, 2020 ⏰

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