Aranhas

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A companhia levou cerca de quatro dias para chegar a orla da floresta das trevas. Estranhamente, não tiveram nenhum encontro com os orcs.

O real motivo, era que Beorn estava os acompanhando de longe. Os orcs não se aproximavam dele, o que ajudava os anões. Ao mesmo tempo, ele poderia vigiar, para ver se os pôneis que havia emprestado seriam devolvidos.

Os anões não o viram. Os únicos que o notaram foram Gandalf e Bilbo.

Era meio de tarde quando chegaram na floresta. Todos desmontaram.

- Soltem os pôneis agora. Deixe que voltem ao seu dono - disse Gandalf.

Enquanto os anões soltavam os pôneis, Bilbo observou a floresta. Ele normalmente não tinha problemas com lugares escuros e apertados, mas aquela floresta parecia ameaçadora até para ele.

- Essa floresta parece doente - disse ele - Não teria como darmos a volta?

- Não a menos que andássemos duas milhas para o norte, ou duas vezes essa distância para o sul. Não temos tempo suficiente para isso. - Respondeu Gandalf.

O mago observou a floresta. As palavras de Galadriel lhe vieram a mente, como se estivessem programadas para aparecer naquela hora.

"Alguma coisa se move nas sombras, oculta. Escondida de nossa visão. Mas a cada dia ela fica mais forte. Cuidado com o Necromante, ele não é o que parece." E com uma pausa, continuou "Se nosso inimigo voltou, precisamos saber. Vá até os túmulos nas montanhas".

- As altas colinas - o mago resmungou para si mesmo - que seja.

Voltou-se para os anões, que estavam terminando de desamarrar os animais.

- Meu cavalo não, preciso dele.

- O que? - disse Bilbo - Você não vai nos deixar, vai?

- Eu não o faria a menos que precisasse.

Gandalf se aproximou do hobbit.

- Você mudou, Bilbo Bolseiro - disse ele - Não é mais o hobbit que saiu do condado.

- Eu ia contar para você - disse Bilbo. - Eu encontrei uma coisa nos túneis dos orcs.

Bilbo mexia no anel dentro do seu bolso, inquieto. Seria a melhor coisa contar a Gandalf?

- O que encontrou? - disse o mago.

Bilbo hesitou. E então desistiu.

- A minha coragem - ele concluiu.

- Ah, isso é muito bom. Vai  precisar - disse Gandalf. - Agora devo deixá-los. Mas não se esqueçam de ficar na trilha. Não saiam dela. Se saírem, nunca mais a encontrarão.

E com essas palavras, Gandalf se foi.

- Vamos - disse Thorin.

Ele guiou os anões para dentro da floresta. Bilbo olhou uma última vez para o sol, sabendo que haveria muito tempo antes que o visse de novo.

Os anões caminharam por muito tempo. A floresta parecia infinita, como se a cada passo deles, a floresta se estendesse mais. Chegou em um momento, que a floresta começou a lhes provocar ilusões. Parecia que estavam lá a muito mais tempo do que realmente estavam.

Bilbo passava o tempo observando a floresta. Não era grande coisa. Pelo menos não mais do que ele havia imaginado. Um grande emaranhado de árvores escuras e ameaçadoras, que pareciam se curvar sobre a companhia, decididas a embrenhá-los no meio de um labirinto intransponível. Não havia luz. O sol era apenas um sonho impossível. Na maior parte do tempo ficavam no escuro. Em alguns pontos havia uma luz cinzenta, onde conseguiam ver um pouco mais do que um palmo a sua frente.

A GreenLeaf #2Onde histórias criam vida. Descubra agora