Culpa

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Eu fiquei na floresta das trevas por muito tempo. Sabia que a companhia ainda demoraria para chegar. Cerca de 7 meses. Eu comecei a me acostumar cada vez mais com aquela vida.

Thranduil me deu um lugar na guarda, e eu conseguia me provar todos os dias. Como ele dizia, eu tinha "potencial". Legolas sempre me ajudou bastante, e viramos bons amigos. Também conheci outros elfos. Tinha uma elfa chamada Tauriel, que me ajudou bastante. Uma presença feminina era boa. Mas sempre achei que houvesse algo entre ela e Legolas. Eu me surpreendia ao perceber que eu não gostava disso. Mas eu sempre reprimia esse sentimento. Eu não tinha motivos para não querer que eles ficassem juntos.

Sempre que tínhamos que sair para cumprir alguma missão, ou apenas patrulhar, Legolas vinha comigo. Quando não encontrávamos nada demais, a companhia dele realmente tornava as coisas mais legais.

Normalmente meus dias se resumiam a defender a floresta das aranhas. Elas vinham muito. Eu sabia que vinham de Dol Guldur, mas depois da reunião com o conselho branco em Valfenda, eu sabia que não havia a menor chance de Thranduil me ouvir. Além disso, ele perguntaria como eu sei dessa informação, e não demoraria muito ao assunto chegar aos anões. Então apenas fiz meu trabalho, matando-as.

Mas eu nunca me esquecia do meu verdadeiro propósito. Eu sabia que seria difícil conseguir um jeito de sair com os anões. Pois assim que eles pisassem na floresta, o meu dever pediria que eu os traísse. Mas esse agora não era meu único problema. Agora, tinham coisas que doeriam demais me despedir.

Eu não conseguia me imaginar deixando Legolas, Tauriel e todos os outros elfos que eu conhecia. Mas eu sabia que o único que poderia me entender era Legolas. Eu pediria ajuda a ele quando a hora chegasse. Era minha única chance de ajudar os anões a saírem da floresta. Eu me juntaria a eles assim que conseguisse uma brecha.

Mas por enquanto, eu não queria pensar nisso. Só queria aproveitar o tempo que eu tinha. Por que eu estava feliz.

                                                                                         ...

Bilbo acordou com a luz do sol iluminando o cômodo. Ele se levantou. Os anões não estavam lá. Mas havia o som de suas vozes em outra sala. Agora completamente desperto, Bilbo foi até lá.

Os anões e Gandalf estavam sentados em uma mesa. Em um dos cantos, estava sentado Beorn. Bilbo se sentou também.

- Então você é quem chamam de escudo de carvalho - disse Beorn a Thorin - Diga-me. Por que Azog o profano está caçando você?

- Conhece Azog? Como? - retrucou o anão.

- Meu povo foi o primeiro a viver nas montanhas, bem antes dos orcs chegarem do leste. O profano matou quase toda a minha família. Mas alguns ele escravizou. Não por trabalho, mas por diversão.

- Existem outros como você? - perguntou Bilbo.

- Já existiram muitos. Mas agora sou apenas eu. - ele fez uma pausa - Vocês precisam chegar a montanha antes do dia de Durin. Mas estão ficando sem tempo.

- Iremos pela floresta das trevas. - disse Gandalf. - Usaremos a trilha dos elfos. Ainda é um caminho seguro.

- Seguro? Os elfos da floresta não são como seus parentes. São mais perigosos. Não entendo por que todos agora querem correr para lá.

- Como assim todos? - Perguntou Thorin.

- Fazem alguns meses. Alguém esteve aqui, antes de vocês.  Disse que precisava ir para a floresta, e que tinha assuntos a tratar. Pediu minha ajuda.

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