Capítulo 44

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E as coisas estavam desandando.

Em menos de um mês, tudo virou de cabeça pra baixo, as coisas de bem foram a pior. Não literalmente bem, às coisas nunca estiveram bem.

Mas eu tinha a mamãe.

Eu nunca entendi porque meu pai - que não era meu pai - me odeia tanto. E se ele me odeia, pra que pedir a minha guarda?

Ele queria ficar com a minha mãe, mas não queria ficar comigo ? Porque ele quis ficar com a minha mãe sabendo que eu também iria junto ?

Tipo, ele não amava a minha mãe ? E minha mãe me amava, ele não deveria me amar também ?

Mamãe ainda não me contou a história inteira, ela me acha muito novo pra isso, mas agora eu sei que ela casou porque quis, ela foi forçada a isso.

Se ele fez alguma coisa de ruim com a minha mãe eu devo odiar essa pessoa, não é ?

Que bom, eu não tenho a mínima vontade de ser legal com o Ryuji.

Quando entramos no tribunal... a maneira como ele me olhou... foi tão forçada, poderia ser cheia de tristeza, saudades. Mas na minha mais sincera opinião, só vi raiva ali. E eu sabia, eu juro que eu sabia, que se ficasse nós dois sozinhos naquela sala, eu provavelmente, sairia machucado.

Quando me mandaram ficar longe da minha mãe, eu quis brigar com todo mundo, eu não podia ficar longe dela! Mas ela me acalmou e disse que tu ia ficar bem.

Será que ia mesmo?!

Bom, eu acredito nela.

Quando o discurso do advogado de Ryuki começou, eu tive que me segurar muito pra não mandar aquele velho enrugado calar a boca! Ele só sabia falar besteiras e era chato, nado do que ele dizia era verdade.

Mas eu fiquei quieto, mamãe tinha um plano, daria tudo certo.

"Temari teve crises....
No terceiro mês de gestação, Temari tentou interromper a gravidez, Graças a Deus que não conseguiu. Após o nascimento do nosso filho, ela até mesmo cogitou em colocá-lo na adoção. Tinha medo de mostrar fotos dele ou contar que estava grávida para os amigos com medo de julgarem o que ela fez, então o escondemos, parecia a escolha certa. "

Quando ele falou isso, eu nem consegui pensar direito, minha mãe nunca faria isso, ou faria ?

Ela me amava... Sim, ela me amava. Sim, Ryuji só queria jogar sujo contra a gente.

Mas ela não o corrigiu, não falou se era mentira, na verdade, ela apenas ficou calada.

Ela não negou....

Ela conversava com o tal Lawliet, ela parecia estar com raiva.

Será que ela estava pensando que isso a prejudicaria? Por isso a expressão de raiva, era realmente verdade ?

Ela voltou pra cá sem meu pai - o biológico - teve que conviver meses comigo dentro dela e quando eu nasci ela teve que olhar para uma miniatura dele... alguém que ela se lembrava todos os dias e que deixou para trás...

Não, não, não Shikadai, ela te ama, ela sempre te amou, não duvide disse.

E no final tudo vai dar certo.

E então meu pai surgiu, e eu já conseguia imaginar tudo o que iria acontecer. Ele ia falar que era meu pai, que ficaria comigo. E eu, ele e minha mãe sairíamos de lá de mãos dadas.

Mas só a primeira parte aconteceu.

Ele encarava minha mãe com raiva. Ele a olhava com raiva, muita raiva, não sei porque ele a olhou assim.

E confesso que isso me deu medo.

Minha mãe disse que ele não desistiria de mim, e nem dela. Mas e se ele desistiu dela ?

E se ele quiser ficar só comigo e não comigo e minha mãe ?

Eu não quero ficar sem minha mãe, mas também não quero ficar sem meu pai.

Eu quero os dois juntos, não quero ter que escolher isso.

"Então, Senhor Nara, correto ? Precisaremos de um exame de DNA antes de qualquer coisa. Tudo bem por você ? "

Tudo bem, eu saí de controle, eu admito, mas o que eu poderia fazer ?

Porque os adultos sempre tem que complicar tudo ? Porque eles não querem que eu fique com os meus pais ?

Sei que eu quase ferrei tudo quando eu quase chamei o meu...., ah papai.

Eu estava com medo, muito medo. O orfanato não é um lugar onde as crianças sem pais vão, não é ? E quando os pais as abandonam, ou quando não podiam ficar com elas...

Mas eu tinha pai e tinha mãe, eu tinha os dois. E eles queriam ficar comigo... não queriam ? Então porque eu tinha que ir para lá ?

Mas denovo, mamãe disse que tudo ia ficar bem.
Quando saímos, mamãe nem falou com o papai, ela foi para um lado, eu fui para outro e o papai também.

Quando eu entrei no lugar que eu ia tirar sangue, vi meu pai e o tio Naruto mas nem falar com eles eu podia...

Exames de sangue demoraram pra sair o resultado, não demoraram ? Então até a próxima sessão, irá demorar para vê-los...

Mamãe disse que tudo ia ficar bem, que tudo iria ocorrer bem. O papai estava aqui, ele estava aqui.... eu queria ficar com eles, eu não podia ?

Eu não pude nem abraça- los

Quando papai falou comigo eu pensei que estava tudo bem em falar com ele

Mas ele olhou pra trás, e eu sabia que não estava

E mais uma vez, eu tive que ir embora sem me despedir

E então, eu entrei novamente no carro dos policiais, que fizeram um caminho totalmente desconhecido pra mim.

Eu não escutei nada, nem risos e nem choro, nem quaisquer sinal que teria alguém lá dentro.

Abriram a porta após terem tocado a campainhas.

E então eu estava no lugar onde eu passaria os próximos dias.

∆ Shikadai P.O.V ∆

Entrei no prédio com os dois policiais, a sala era imensa e tinha alguns crianças perto das escadas, todas enfileiradas. Eram cerca de 16 crianças, 8 meninos e 8 meninas. Todos me olhavam curiosas. Do lado deles haviam duas mulheres, uma tinha os cabelos roxos e um sorriso acolhedor no rosto, e a outra era loira e aparentava ser mais séria.

— Olá, você deve ser o Shikadai, não é ? Meu nome é Guren, é um prazer ter você aqui. Esses serão seus amiguinhos, vamos crianças, se apresentem.

Todos falaram seus nomes - coisa que não me importei tanto, já que ia ficar apenas alguns dias aqui - algumas sorriam - principalmente um de olhos Rosas, acho que ele era um dos mais velhos - outras eram mais sérias, ninguém ali aparentava ter mais de 13 anos.

Os policiais atrás de mim saíram, Guren falou para eu me sentir a vontade e seguiu para uma sala, me deixando sozinho com o restante das crianças.

Ficamos algum tempo sem dizer nada, eu acho que as crianças esperavam que eu dissesse alguma coisa, para começar uma conversa.

Mas bem, eu não queria conversar

— Você é mudo ? - Uma menina de cabelo verde perguntou, e acabou recebendo uma cotovelada do menino de olhos Rosas -

— Fu, quieta! - ele a reprende

Assenti e ele se levantou puxando minha mão para me direcionar ao quarto.

Me levou ao banheiro e me deu uma toalha, um sabonete, uma escova de dentes e uma roupa limpa, para que eu pudesse tomar banho e escovar os dentes. Quando acabei, coloquei meu pijama e me deitei na cama.

Eu não tinha notado o quão cansado até eu deitar a cabeça no travesseiro e rapidamente dormir.

Fiz por amor - ShikatemaOnde histórias criam vida. Descubra agora