— Então Twelve... — Manifestei-me por fim, após um intervalo extensivo encarando as estátuas. — Alguma impressão?
— Os símbolos entalhados no mármore me trazem na memória os hieróglifos do Egito Antigo. — Disse ele observando a fotografia tirada minutos antes, agora em forma de holograma.
— Talvez os designers do evento tenham se inspirado no traço egípcio para a arte.
Era pelo menos o único argumento que provinha do meu imaginário, porém, o grisalho rebateu com uma proposta intrigante. Se fosse uma simples influência, mesmo as pinturas rupestres serviriam de base para a criação desses desenhos, mas por que o Egito? Seria uma associação proposital?
A nossa reflexão não contribuiu para a progressão do enigma das esculturas, então guardamos os devaneios em uma gaveta serena
presente na mente até a chegada de uma oportunidade para utilizá-los.
Forcei meu lado racional várias vezes em busca de respostas e visualizei a fonte de luz até não entender mais nada. Comecei a observar a ordem das obras, me aproximando para tocá-las gentilmente. Foi em um momento quando levantei que notei haverem partes do piso pressionadas pelas esculturas, como um botão quadriculado já ativado. Com a ajuda do Twelve, deslizamos um objeto de arte sobre o chão e o fragmento do solo retornou a igualdade.
— Um puzzle de distribuição metódica? — Perguntou como se houvesse desvendado um mistério que tilintava em sua mente.
Parecia que sim.
Provavelmente a ideia seria organizar as estátuas conforme uma ordem crescente, até que todos os "botões" estivessem corretamente comprimidos.
Bastou alguns minutos para que eu e o rapaz descobríssemos a lógica. O estopim ocorreu no instante em que ele assistiu um dos símbolos cuidadosamente e concluiu semelhanças com uma coroa de monarquia. Em diante, chegamos na ideia do sistema social em formato de pirâmide.
Nossa dupla agitou os braços e gastou o material do solo com o arrastar interminável de esculturas. O quebra-cabeça foi ganhando forma à medida que deduzíamos o significado de cada desenho, e nesse meio-tempo, o efeito sonoro do chão sendo pressionado tomava conta das paredes.
— Penso que seja isso. — Falei ofegante após terminar o serviço.
— Porém nada ocorreu. — O rapaz colocou os dedos sobre o queixo, pensativo. — Talvez tenhamos organizado o conjunto com precipitação, mas ainda assim existe a possibilidade da nossa hipótese estar completamente errada.
Eu me sentei por algum tempo em descanso e o grisalho reorganizou a ordem do enigma vidrado no holograma. Ofereci a ajuda do meu raciocínio e montamos uma escala de posições, desde o símbolo que representaria os servos até o rei.
Um suspiro de alívio projetou-se nos nossos lábios quando ouvimos o estalar da última estátua sendo colocada sobre a luz externa, fazendo com que uma pequena passagem na parede se abrisse. O espaço simétrico continha as medidas exatas para colocar a alavanca tão disputada. Eu fixei o olhar no meu parceiro e o mesmo entendeu a mensagem. Quando Twelve o fez, um caminho antes invisível se abriu ao lado oposto da recepção e minha visão se aterrorizou durante o aparecimento do Jaguar duas vezes maior. Seu tamanho era completamente diferente em comparação com o outro que eu havia visto mais cedo. A perspectiva só piorava conforme ele adentrava no cômodo e a iluminação do lugar acendia em forma de tochas flamejantes.
— Então essa é a mamãe. — Brincou o platinado. — Ela não ficará nada feliz quando souber da ausência do filhote.
— Você ainda caçoa da situação?! — Involuntariamente, meus passos insistiram em regredir e meu corpo receou o novo desconhecido.
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SPES: The game
RomanceHá várias décadas, a Província de Pravus é um país de população imersa em uma deficiência de virtudes. Os pravusianos, assim chamados, são povos antiéticos , reféns de sua própria ignorância e incapazes de abrirem os olhos quanto o auto-reconhecimen...