[04] Épico e lírico.

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🥊

#JiminQueLute

Kendrick Lamar — FEAR.
Mick Jenkins — Jazz
Brent Faiyaz — Fuck The World
SiR — Something Foreign 

Já havia criado aquele cenário diversas vezes em sua mente.

De forma sincera, Jimin imaginou e fantasiou sobre o dia que visitaria a casa de seus pais como uma criança que sonha todas as noites em tornar-se um príncipe, ou quem sabe uma guerreira. Pensava em como seria recebido, se sua mãe o abraçaria e puxaria para dentro, se seu pai faria bulgogi com kimchi porque eram os pratos favoritos dos filhos. Depois, imaginava se cobrariam uma explicação para o que fez durante os seis anos que não pisou ali.

Tinha muitas coisas na cabeça, e ele também não deixava que mais nada entrasse. Jimin era do tipo que criava cenários mentais, refazia diálogos antes de dormir e que, assim, acabava criando opiniões baseadas em nada além de sua pura e própria paranoia. Era um fato, Namjoon o avisou sobre como isso poderia ser perigoso, mas o irmão mais novo nunca o escutava. Preferia seguir acreditando que seus pais eram fechados, que iriam cobrar justificativas e que estariam bravos consigo desde o dia que decidiu ir morar na capital.

Então, instintivamente, Jimin sentia medo. Estava apreensivo com a reação do casal Park quando os encontrasse após anos, com a conversa que teriam e com toda a situação. Evitou por tanto tempo pensar verdadeiramente sobre o assunto que ali, dentro do carro que os levava até a casa simples, ele sentia as mãos suando.

— O que foi, Mini? — a mão do irmão bagunçou seu cabelo e ele se encolheu, Namjoon possuía aquela mania desde que o cabelo de Jimin tornou-se grande o suficiente para poder brincar.

Estavam no carro à caminho de seu antigo lar, Taehyung conversava sobre algo aleatório com o motorista de aplicativo enquanto Jimin mantinha os olhos presos na janela. Ele e o irmão mais velho analisavam a paisagem, mas sentimentos completamente distintos cresciam nos peitos.

— Não é nada. — sorriu de leve ao olhar para o mais alto. — Tá tudo bem.

O rapaz afundou os dedos nos fios claros dele.

— Nunca é nada, porque é sempre algo, Jimin.

Mesmo que tentasse fugir das conversas com Namjoon, o jornalista sabia que acabaria, no mínimo, ouvindo-o. Ele era o único que entendia a personalidade complexada do mais baixo, até porque havia o observado desde que estavam no colegial. Porque Jimin até poderia tentar enganar a si mesmo quando imaginava que ele não sabia de nada, mas era óbvio que Namjoon estava ciente e tentava aconselhá-lo como podia.

Conhecia seu irmão mais novo e, por isso, Namjoon era do tipo compreensivo e nada invasivo. Dava tempo para Jimin, mas era tempo demais.

— Só estou pensando no que vai acontecer.

Ainda que não tivessem conversado sobre toda a situação do passado do jornalista, o mais velho sabia das situações que ocorreram e entendia , acima disso, que seu irmão precisava daquela conversa com os pais. Não só para um esclarecimento, mas também porque ele precisava compreender o que sentia e se perdoar, no fim.

— Apesar de tudo, são os nossos pais. — voltou a fazer carinhos nos fios do irmão e o abraçou de lado, de forma desajeitada. — Você os conhece, vai ficar tudo bem.

E ele sabia que Namjoon estava certo. No fundo, tinha plena certeza de que tudo ficaria bem, que eles se resolveriam. Contudo, à flor da pele as coisas acabavam sendo diferentes. À caminho de casa, Jimin sentia tudo como se estivesse entorpecido: muito e por todo o lugar. A ansiedade o consumia até que ele perdesse a razão mais uma vez.

Do Outro Lado Do Ringue | kook+minOnde histórias criam vida. Descubra agora