"Heather"- parte 3.

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Não falou mais com ninguém depois que Sean foi embora. Apenas se trancou no quarto e colocou os fones de ouvido, tentando afastar todo o tipo de pensamento da mente com a maior e mais alta quantidade de músicas que escutava.
Ainda sentia o coração apertado com mais cedo, ouvir dele que ela era seu sonho desde os doze anos doeu como uma facada no peito, e agora só queria sumir do mundo e de seus problemas.
Não soube ao certo por quanto tempo ficou sozinha, presa com seus fones e arrependimentos, mas já havia escurecido quando se levantou e tomou um banho.

Only if you knew
(Se ao menos você soubesse)

How much I liked you
(O quanto eu gostava de você)

Encostou a testa na parede fria do box enquanto sentia as lágrimas e água caírem por seu corpo, misturadas até chegarem ao ralo.

Why would ever you kiss me?
(Por que você me beijaria?)

I'm not even half as pretty
(Eu nem tenho a metade da beleza dela)

Se sentia tão culpada por tanta coisa, culpada por não ter expressado seus sentimentos antes, culpada por não ter protestado quando ele lhe contou sobre Tate, culpada por ter contado hoje.

But how could I hate her?
(Mas como eu poderia odiá-la?)

She's such an angel
(Ela é um anjo)

But then again, kinda wish she were dead.
(Mas, de novo, eu meio que queria que ela estivesse morta.)

Se enrolou na toalha, caminhando até o closet e vestiu a primeira coisa que viu pela frente e gemeu, sua cabeça parecia que explodiria de tanto doer por chorar. Precisava de analgésicos, mas sair do quarto não estava em seus planos.
Se jogou na cama ao decidir que não sairia, afundando o rosto num travesseiro e abraçou outro, o enfiando entre suas pernas, como se fosse um feto, enrolada na cama. Não se importou nem com o fato de molhar o mesmo, sabia que as lágrimas não iriam embora por tão cedo.
Fechou os olhos, apertando mais o travesseiro contra si e respirou fundo, precisava dormir, pelo menos tentar, e descobriu que era mais uma coisa que não era capaz de fazer naquela noite.
Ouviu três batidas fracas na porta, mas nem se deu o trabalho de responder, permanecendo intacta. Mais três batidas, agora mais fortes.

"Mamãe, não quero conversar agora..."- falou.- "Vou ficar bem, prometo."

"Promete mesmo?"

Ela abriu os olhos, aquela com certeza não era a voz de sua mãe. Se levantou e enxugou as lágrimas, parando ao abrir a porta e encontrar o melhor amigo.

"O que você..."- começou.- "Achei que ia sair com a Tate.."

"Posso entrar?"- ele perguntou.

Kaycee assentiu com a cabeça e lhe deu passagem, fechando a porta do quarto.

"Me encontrei com a Tate hoje, como falei mais cedo."- começou.

"Sean, por favor, eu não quero saber sobre vocês dois, não agora que você já sabe a minha situação."- interrompeu.- "Não sei o que tá fazendo aqui, mas se quiser nós podemos ficar quietos, okay? Sem palavras e nada do gênero."

Ele se aproximou dela, observando seus olhos, nariz e bochechas vermelhas de choro, surpreso em como ela permanecia linda mesmo naquela situação. Respirou fundo.

"Eu vim aqui pra falar Kaycee, não vou largar mão do que tenho pra te dizer."- falou, a observando abaixar a cabeça e respirou fundo.- "Saí com a Tate hoje Kaycee, e conversei com ela."

Ela ergueu os olhos para ele.

"Conversou? Conversou sobre o que?"

Passou os dedos pelo rosto dela, afastando uma mecha que lhe caia no rosto e a olhou nos olhos.

"Sobre você."

"Sobre mim?"- perguntou, sentindo o coração acelerar.

Ele assentiu com a cabeça.

"Tate é uma boa garota Kaycee."- falou, continuando o caminho com os dedos, agora nos ombros dela.- "E é completamente a favor do amor."

O encarou, sem entender onde ele queria chegar com aquilo, mas sabia que seu toque a estava deixando nervosa. Sean respirou fundo, descendo os dedos até chegarem nas mãos da melhor amiga e entrelaçou seus dedos nos dela.

"Terminamos o namoro Kay."- falou de uma vez.

Ela prendeu a respiração ao ouvir aquilo, se afastando dele e o encarou.

"Você não podia ter feito isso Sean..."- negou com a cabeça, sentindo as lágrimas caírem.- "Não Sean, não podia."

Começou a andar de um lado para o outro, a informação lhe atormentando a mente.

"Por que não?"- ele perguntou.

"Você não podia terminar um namoro com uma pessoa incrível por minha causa Sean."- respondeu, passando as mãos pelos cabelos enquanto andava.

Ele se aproximou dela e segurou seus braços, a fazendo parar.

"Kaycee, me escuta."- falou, erguendo sua cabeça e a olhou nos olhos.- "Foi uma decisão tomada por nós dois, aceita por nós dois, e sugerida por ela."

Parou ao ouvir a última parte.

"Sugerida por ela?"- repetiu baixo.

Sean assentiu com a cabeça.

"Eu não sei como, mas a única pessoa que não enxergava o quão apaixonado eu sou por você, era você."- falou.- "Tate me disse que nosso namoro não era certo, e que menos certo ainda era o fato de eu já ter a pessoa perfeita pra mim e não estar com ela."

Kaycee o observava falar, sem palavras para dizer com tudo o que ouvia dele.

"Você é a minha esquisita Kaycee, e eu sou o seu perdedor."- segurou o rosto dela com as duas mãos e sorriu.- "E vai ser assim pra sempre, se você quiser."

Ela balançou a cabeça, o abraçando com força e afundou o rosto na curva do pescoço dele, desabando mais uma vez. Sean a segurou, sentindo as pernas dela o envolverem pela cintura e apertou o abraço, se sentando na cama e suspirou com a proximidade deles.
Se afastou um pouco para olhá-la, enxugando uma lágrima do rosto da melhor amiga.

"Eu quero."- ela sussurrou, perto o suficiente para sentir a respiração dele contra a sua.

Ele sorriu, se aproximando devagar dela e juntou seus lábios, iniciando um beijo lento. Kaycee o puxou mais para perto, tentando se agarrar ao máximo nele e estender aquele momento pelo maior tempo possível.
Aprofundou o beijo, suspirando ao sentir a mão dele em sua nuca e a outra em sua cintura, acariciando ali. Sean sorriu contra sua boca e finalizou o beijo com uma mordida em seu lábio inferior, se afastando enquanto tentavam recuperar o ar que haviam perdido.
Se olharam, rindo logo depois.

"Acabei de beijar a minha melhor amiga."- ele falou, deslizando as mãos pela cintura dela.

"E eu acabei de beijar meu melhor amigo."- sorriu, passando os braços em volta do pescoço dele.- "Finalmente."

Riram de novo, Kaycee brincou com o cabelo dele e o encarou, suspirando ao colar seus lábios mais uma vez.
O abraçou ao se separar dele, com a cabeça deitada em seu ombro enquanto o sentia acariciar suas costas lentamente.

"Se você quiser, podemos ficar quietos agora, sem palavras e nada do gênero."- ele falou.

"Acho uma ótima ideia."- ela respondeu e fechou os olhos, suspirando e apertou o abraço.

Conseguiam sentir os batimentos cardíacos um do outro, e era a única coisa que escutavam no quarto dela, porque não haviam palavras propriamente ditas, mas sabiam que o peito gritava de felicidade naquele momento em que tanto esperavam viver. Um do outro, sempre seria assim, se eles quisessem.

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Voltei com a terceira parte deste! Espero tanto que gostem como eu gostei... beijos de luz e até a próxima💛✨

Sim, nós somos apenas melhores amigos.Onde histórias criam vida. Descubra agora