Por favor, atenda!

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     — Pond? — perguntou a agente, ao perder contato.
     Ele não respondia. A queda deve ter sido muito feia.
     Algo murmurou.
     — Pond? Agente Pond?
     — Cecília...
     — Pond, sua localização, diga a sua...
     A ligação cortou, novamente. Ela já estava nervosa, não suportava o suspense. Tentou ter outro contato, mas falhou.
     — Cecília — disse o agente, agora com a voz firme no rádio.
     — Sim? Pond, ouça-me bem: está ferido?
     — Tô... só um pouco. E, quanto as minhas coordenadas... Não sei bem. Acho que tô num armazém.
     — Certo. Mantenha na linha, irei pesquisar e...
     A ligação cortou. Mas logo voltou.
     — Agente?...

     Uma risada. Uma risada bem longa e calma, era escutada pelo rádio. Não era de Pond.
     O som de um clique soa, igual a de uma arma ao ser engatilhada.
     Para Cecília, a imagem na sua cabeça de Pond, sendo imobilizado na mira de uma arma, era o que deixava mais tensa.
     — POND?!! — surtou. Nunca havia chamado por ele assim, tão desesperada.
     Todos nas salas posteriores, ouviram o berro. Mas não agiram. Talvez por privacidade, ou luto — às vezes, agentes morrem diante do Agente Tático, e muitos deles sofrem após isso.

     Outra risada veio, mas nos corredores que levam à sala. Esta risada está aqui? Na CIA?, pensou ela, se afastando do computador, e encarando o corredor.
     Um homem apareceu na porta.
     Era Pond, com um smokey branco, e um buquê de rosas debaixo do braço.
     — Mas... como assim? O que está havendo... ? Você não estava em missão?
     O agente não respondeu, apenas se ajoelhou à ela, e disse:
     — Depois de tantas missões juntos, depois de tantos gritos seus, para eu sair vivo... Chegou a hora de fazer valer a pena. Cecília...
     — Ah... Pond — ela estava toda rosada, tímida pelo gesto inesperado do colega.
     — Você... Acha que estou bonito?
     Ela não respondeu, sem acreditar no que ouviu.
     — Estou? Vamos, Cece — disse ele, chamando-a pelo apelido carinhoso. — Tenho que ir para um encontro. A modelo russa, a que te falei, não vai esperar muito.
     A mulher continuou sem responder, virou-se ao computador, escreveu algo, e imprimiu na impressora ao lado. 
     — O que é isso? — perguntou ele.
     — Minha demissão.

Fim.

Contos Diversos Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora