Acomodou-se na poltrona de lã roxa. Pegou a garrafa de whisky, e encheu dois copos largos. Entregou nas mãos de Omar. — Obrigado por vir.
— Seja direto, Dinesh. — Cruzou as pernas, retirando o manto bege do chão.
Dinesh devolveu o copo à bandeja de prata, e pigarreou. — Pois bem, eu estou com um carregamento de petróleo na Índia. E queria um de seus navios, para transportar até Portugal.
— Por que Portugal? — disse ao franzir a testa.
— Lá não há suspeitas. Pensei na Venezuela, mas teríamos que passar pelo Brasil.
— Correto... Aquele país é um verdadeiro zoológico. Mas, Dinesh, porquê o meu navio?
— Ele é enorme, porém, discreto. Não possui a função de camuflagem-ambiente? — perguntou.
— Sim...
Dinesh sorriu. — Então? Tudo certo?
— Olha, não tô afim de ser pego por federais. Pois então, faça isso por si só — Ele bebeu do whisky, rindo, enquanto mirava a face para janela.***
Retirei meu arco nas costas, peguei junto as flechas de cabo escuro, que deixei no chão mais cedo. Trouxe o braço além do ombro, usando do polegar como mira.
Cerrei um dos olhos, e... larguei a corda. Minha flechada voa à vidraça do prédio vizinho, que refletiam o Centro Corporativo todo.
— Nesta noite — disse eu. —, ceifo mais uma vida desnecessária pro mundo. Em nome de suas vítimas, e suas famílias...***
— C-como? — disse Dinesh. — Por que não?
Omar visualizou seu copo vazio, que brilhava rosa e azul ao girar. — As luzes de Night City são muito... tentadoras.
— Omar. — Dinesh suspirou, e relaxou os ombros. — Isso vai dá lucro, eu juro.
— Lucro? Huh. Sua empresa está quase falida, como o seu povo. Nem sei o porquê estou dando ouvidos a você... !
Árabe filho da puta, Dinesh pensou.
— Aceite. Você não nasceu para isso, Dinesh. Deixe os adultos fazerem o resto...
Omar levantou da poltrona, e percorreu a vasta sala, que é tomada da iluminação do centro. Apertou o botão do elevador, e aguardou.— Espere. — disse Dinesh. — Eu tenho algo mais pra falar...
Omar encarou um pouco o indiano através da ponta do pano vermelho, preso em sua cabeça por uma coroa de borracha sintética.
— Omar, pagarei boa parte do lucro quando puder. Prometo.
— A é? — Sorrindo, apertou a mão dele e gargalhou. — Nos vemos semana que vem então, no nosso navio.Cacos de vidro se espalham, quando uma flecha perfurou a poltrona. Nela, exalou uma fumaça densa e branca. Os guarda-costas puxaram pro chão os dois empresários, e apontaram suas pistolas de cano cerrado à comprida janela.
***
Invadi o prédio. A silhueta que formou em mim, criada pelo néon da rua, chamou a atenção dos seguranças, aposto.
Eles abriram fogo. De frente aos tiros, atirei duas flechas no peito de um segurança, logo uma faca-curta em outro.
O elevador subiu, e a porta se abriu com cinco seguranças saltando dela. Com garras que saíram das falanges, correram até mim, prontos para neutralizar.
Observei de relance um árabe fugir ao elevador, não tenho nada com ele.
Parado, saquei e disparei flechas, que atravessaram os guardas-costas presentes.A fumaça sumiu, e tudo que via era um homem de terno dourado, arrastar-se ao elevador.
Puxei a última flecha da mochila, e atingi o pé dele. O próprio berrou de dor. — Mal... maldito! Miserável!...
Retirei uma flecha do peito de um cadáver, e o pus no arco. Apontei na face do milionário, e caminhei lento até ele.
O próximo elevador está por vir, notei.
— Me deixe... — implorou o indiano. — Eu... eu lhe pago, o quanto quiser... !!
Desviei o olhar, quando recuei o arco. Odeio isso, cara. — Não necessito de grana — respondi.
— Mas, eu não fiz nada...
— Molestou jovens... você, molestou aquelas jovens!
O eco das sirenes chegaram naquele andar.
— Todas elas rezam a noite, na esperança de não ocorrer novamente. Mas às vezes acabam sendo vítimas novamente! Como sobreviver assim, com essa merda!?
Na hora retomei o arco, apontando de volta para cabeça do desgraçado.
— N... não importa! — disse o indiano, tentando se reerguer. — Vão pagar pra te caçar, e irão te matar, eu juro... !
— Que isso se realize — falei num tom irônico.
— Ah, e sobre a idade das vítimas — Ele deu risada. —, a idade nada mais é do que um número.
— Sim. E a cadeia... é só um lugar.***
“Plim!”
O elevador chegou. Os policiais verificaram a presença de mais alguém no local. Nada.
Um deles se agachou, e fez cara feia pelo jeito que a flecha rasgou o rosto de Dinesh.---
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Contos Diversos Vol. 1
Cerita Pendek[Concluído] Contos, Flash Fictions e microcontos de todo gênero escrito por mim, e feito para você. Público quando der na telha. A Rude e Dolorosa Morte - conto [Fantasia] A Deriva em Marte - flash fiction [Sci-fi] O Desgraçado é um Gênio - microcon...