O Homem

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O sinal indicando o final das aulas tocou e logo os estudantes saíram apressados pelo corredor, quase como se suas vidas dependessem disso. A maioria dos alunos estava animada para o baile de Halloween que aconteceria mais tarde, o que explicava a pressa além do comum. A brisa fria que invadia o corredor, deu lugar ao calor dos corpos apressados para voltar para casa, o que era meio reconfortante para Marinette, principalmente depois de pensar ter visto uma pessoa a observando.

— Não esqueçam! Vamos chegar mais cedo no baile, já que eu vou ser o DJ. – Nino fez gestos no ar, como se estivesse dançando uma música animada. Os quatro amigos caminhavam pelo estacionamento, procurando por seus respectivos carros. A chuva tinha dado uma pausa, no entanto, a umidade ainda era pesada no ar.

— Tá legal. Você vai estar na casa da Alya?

— Sim, parceiro.

— Então eu passo pra pegar a Marinette, depois eu vou pra casa da Alya e aí vamos todos para o baile. Em um carro só é mais fácil.

— E as fantasias? – Marinette lembrou impaciente. Não queria ser a última a ver sua fantasia, não depois do que Adrien tinha sugerido. Ao menos, se fosse tão horrível quanto estava imaginando, poderia ter tempo de inventar uma desculpa e não ir nesse baile. Marinette nem fazia questão de ir ao baile pra começo de conversa, só decidiu ir depois de Alya insistir muito e precisar de alguém para "completar" a fantasia em grupo. Agora, estava começando a se arrepender.

— Estão no meu carro. – Adrien apontou para o veículo preto, grandioso e até mesmo intimidador. Marinette não sabia qual era o modelo, mas sabia que devia ser muito caro. O pai de Adrien era Gabriel Agreste, um famoso designer de moda, que quase sempre estava em Nova York à negócios. O fato de Adrien querer ficar Portland, a cidade de sua mãe, fez com que Gabriel contratasse uma assistente para ficar com Adrien enquanto ele estivesse fora. Marinette imaginava que cuidar de Adrien não deveria ser um problema, afinal, ele era um garoto calmo e por mais que às vezes fosse um pouco irritante, ela conseguia ver o lado sensível a adorável dele. – Aqui. – o loiro entregou uma sacola para cada um e pelo plástico, Marinette notou que tinha vermelho na sua fantasia. Um collant vermelho, perfeitamente ridículo. – A Chloé já pegou a dela.

— Será que vai servir? – Marinette questionou na esperança que aquela pudesse ser a sua desculpa para não precisar ir fantasiada ao baile.

— Quer experimentar? Fica à vontade! – Adrien gesticulou com a mão e escorou-se no carro. A garota revirou os olhos.

— Acho que sim, amiga. As medidas estão certas. – Alya retirou algo que parecia ser uma flauta da sacola. – Qualquer coisa você me avisa. Mas acho que vai dar certo. – Marinette olhou para a sua sacola, pensando em pegar a sua fantasia, mas não queria que os amigos vissem a sua reação caso ela realmente odiasse.

— Tá bem. Obrigada, Adrien. – o loiro assentiu – Vou indo.

— Vejo você às nove. – ouviu ele gritar.

— Tchau! – Nino e Alya se despediram.

Marinette adentrou no seu carro velho – cujo modelo não era suficientemente importante para que ela se lembrasse o nome – e colocou a sacola com a fantasia no banco ao lado, olhando para ela como se fosse um objeto estranho. Na verdade estava pensando em como se livraria dela, mas não achou nenhum resposta convincente. Também pensava que Alya ficaria chateada caso Marinette desse para trás agora. Não podia simplesmente se livrar de algo que a amiga comprara com tanto carinho.

— Espero que não seja tão ruim quanto parece. – a garota deu partida e saiu do estacionamento da escola, pegando a estrada para sua casa.

Infelizmente a família de Marinette se mudou recentemente para o outro lado da cidade – por conta do ponto de comércio ser melhor. A parte boa é que o trajeto era um bom momento para ficar sozinha sem toda a barulheira de uma padaria funcionando. O problema é que estava muito frio e chuvoso, e o carro de Marinette não tinha aquecimento – mal tinha o necessário para ser considerado um carro, pedir um aquecedor era demais para o bolso dos pais de Marinette –, então ela só queria chegar logo em casa. O que com a sua sorte, não era um pedido fácil.

O carro morreu exatamente no momento que o sinal fechou. Naquela rua não havia mais nenhum carro, o que Marinette considerava algo bom, pois seria um mico ainda maior se ela tivesse que tentar dar um jeito no motor em uma rua movimentada com todos olhando na direção dela.

— Anda logo, lata velha! – Marinette socou a direção com uma das mãos, enquanto tentava dar a partida com a outra – Sério isso? – resmungou e desceu do carro. Deu uma batidinha estratégica no capô e conseguiu abrir. Marinette não entendia nada de carros, mas sabia que o cabo de ignição era um problema sério, então ela ajeitou a peça na esperança que fosse apenas isso e voltou para o carro após fechar o capô. Deu a partida novamente e o carro não ligou, deixando Marinette completamente frustrada. Depois de um longo suspiro, a mão de Marinette pousou na fechadura e antes que ela pensasse em abrir a porta, uma sombra do outro lado da rua chamou a sua atenção. Marinette sentiu um arrepio percorrer o seu corpo. Era a mesma sombra que a observou pela janela da escola. O homem ainda segurava o guarda-chuva e agora não tinha dúvidas de que ele estava olhando pra ela, pois não tinha mais ninguém na rua.

A chuva começou a cair e Marinette deslizou a sua mão para a chave e tentou ligar o carro, enquanto ainda encarava o homem. O carro ainda não ligava, deixando a garota ainda mais desesperada.

Quem era aquele homem? Por que estava a perseguindo? Como ele aparecia do nada? Marinette tentava desesperadamente ligar o carro, sem sucesso, pois ela sabia que o problema – qualquer que fosse – não tinha sido resolvido. Mas ela não sairia lá fora de novo, de jeito nenhum! Suas mãos desistiram de virar a chave e então tatearam o painel em busca do celular. Assim que ela encontrou o aparelho, uma batida no vidro do carro fez com que ela derrubasse o celular devido ao susto e desse um grito agudo de medo. Parecia que o homem estava do seu lado, o medo que Marinette sentia agora era ainda mais intenso. A garota fechou os olhos se preparando para o pior, porém nada aconteceu. Então quando ela abriu os olhos não tinha nada ao lado dela e homem não estava mais na rua. Mesmo que não estivesse mais o enxergando, Marinette sabia que ele era real, ela não podia ter imaginado aquilo.

Tentou dar a partida de novo e para sua surpresa, o carro ligou. Ela agarrou a direção com força e saiu dali o mais rápido que o limite de velocidade e a estrada molhada permitiam.


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Então gente, eu possivelmente vou atualizar a fanfic às terças-feiras e o último capítulo será no Halloween (31/10), o que quer dizer que a fanfic terá 5 capítulos. Pode ser que ela venha a ter mais. Apesar disso, vai terminar no Halloween de qualquer maneira ^^ 


Muito obrigada por terem lido, espero que tenham gostado <3 xoxo

Scream It OutOnde histórias criam vida. Descubra agora