O Grito

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Não acredito que o Adrien e Marinette nos deixaram plantados! – Alya por fim desistiu de ligar para os amigos e puxou Nino pela mão. Os dois iam caminhando para a festa, com suas fantasias de Rena Rouge e Carapace, fantasias essas que deveriam se completar com a de Adrien, Marinette e Chloé. Para a felicidade deles, a chuva tinha parado e o máximo com o que precisavam se preocupar, era de desviar das poças de água que estavam sobre a calçada. Afinal, agora teriam que ir andando mesmo.

Nino xingou a si mesmo mentalmente por não ter ido com seu carro até a casa da namorada, assim poderiam contornar esse imprevisto. Contudo, achou que não precisaria, pois Adrien seria o motorista da noite, e acabou pegando uma carona com a sua mãe.

— Não é típico do Adrien se atrasar.

— Mas é da Marinette. – Nino revirou os olhos. Detestava quando Alya ficava irritada com alguma coisa, pois isso fazia com que ela não pensasse direito.

— Deve ter acontecido alguma coisa. – acrescentou.

— Deve sim. A Marinette deve ter odiado a fantasia e se recusado a colocar, então o Adrien deve estar lá tentando convencê-la.

— Se é por isso, por que não atendem as nossas ligações? – Alya parou de andar e encarou o namorado.

— Talvez eles estejam fazendo outras coisas também. Os dois acham que nos enganam, mas sabemos que há algo entre eles. – Nino assentiu. Era fato que ele e Alya vinham desconfiando dos dois amigos desde as últimas férias em que ficaram fora da cidade, e Marinette e Adrien acabaram passando um tempo juntos. Alya queria perguntar e saber o que estava acontecendo, como sempre a curiosidade falando mais alto, porém Nino a convenceu de não fazer isso. Se os amigos quisessem contar, já teriam feito. E se fosse algo sério, uma hora ou outra saberiam.

— Vamos logo. Não quero me atrasar. – por fim, segurou a namorada pela mão e a puxou para irem andando. A sorte dele é que Alya não morava muito longe da escola, porém a chuva poderia voltar a qualquer momento.

Os dois caminhavam em silêncio, pois Alya ainda estava irritada com Adrien e Marinette, e Nino sabia que quando sua namorada estava assim, era melhor deixa-la quieta. Ele também estava um pouco irritado, todavia a preocupação falava mais alto. Se Marinette e Adrien não aparecessem na festa, ligariam para seus pais ou para a polícia se fosse preciso.

Alya e Nino passaram por algumas crianças que saíram pra pedir doces, porém logo deixaram a parte residencial do bairro, passando por prédios e ruas vazias. Em poucos minutos estariam na escola. Isto é, se seu trajeto não tivesse sido interrompido.

— Ouvi dizer que gosta de contar lendas, Alya. É verdade? – Alya e Nino pararam de repente. Uma voz feminina, parecendo estar fora de sintonia, vinha de dentro de um dos becos.

— Quem está aí? – uma sombra pousou em cima do contêiner de lixo.

— Ah, não é ninguém! Sou só um gato de rua. – agora era uma voz masculina, a voz da sombra.

— Vamos embora. – Nino sussurrou, empurrando de leve a namorada. Quando os dois pensaram em sair correndo, outra sombra surge em sua frente, impedindo a passagem.

— Por que a pressa? Ainda nem começamos!

— O quê? Marinette? – Alya forçou a visão e o medo passou para irritação. — Já não bastava você e o Adrien terem nos dado um bolo, agora isso? Que tipo de brincadeira sem g... – parou de falar quando se aproximou da amiga e notou que havia algo de muito errado com ela. A fantasia de Ladybug estava rasgada em várias partes, Marinette ainda usava a máscara, porém seu rosto e corpo estavam cobertos de sangue.

— Desculpe o nosso comportamento, estávamos fazendo coisas importantes. – Adrien surgiu atrás deles. O garoto se encontrava no mesmo estado assustador que Marinette.

— O que aconteceu? – Nino segurou Alya em seus braços, não tendo para onde ir. O pavor tomava conta dos dois, não só pelo estados que seus amigos se encontravam, mas também pela expressão macabra e a voz distorcida deles. O que quer que tinha acontecido com eles, não tinha sido um mero acidente. Isso não fazia parte de uma brincadeira.

— Achei que você soubesse, Nino. – Marinette fitou o próprio ioiô – Afinal, me perguntou se eu estava preparada para ter a minha alma consumida hoje de manhã.

— Marinette... – a voz de Alya saiu tão baixa que mal pode ser ouvida. Lágrimas escorriam de seus olhos, enquanto o peito subia e descia em uma respiração desregulada.

— Por que estão fazendo isso com a gente?

— Acredite, não é pessoal.

— Não se preocupem. Somos amigos, não somos? – a atenção de Alya e Nino se voltou para Adrien, que se aproximava mais com o bastão na mão – Seremos bonzinhos. Não é, my lady?

— É claro. – Marinette começou a se aproximar também, fazendo Alya e Nino permanecerem parados no mesmo lugar, tremendo de medo. – Vamos passar a eternidade juntos. Vai ser divertido, ao menos para nós. – o ar frio da noite batia contra suas peles, as luzes dos postes começaram a piscar e logo algo gelado parecia subir por seus corpos.

Alya e Nino começaram a gritar e se debater. Marinette segurou a garota e a jogou de costas no chão em um gesto rápido. Nino fez menção de ajuda-la, porém Adrien o prendeu pela camisa e o jogou dentro do beco escuro. As luzes da rua se apagaram de vez e a chuva voltou a cair com mais força e violência, abafando os protestos dos dois namorados que estavam tendo suas almas consumidas pelos arautos da escuridão, escolhidos na noite de Halloween.

Do outro lado da rua, o velho chinês segurando o guarda-chuva deu um sorriso enquanto observava tudo. Um trovão rasgou os céus e a única coisa ouvida foi um grito agudo. E depois o silêncio completo, exceto pelas gotas de chuva caindo constantemente.

Estava feito.


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AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! CALMA, NÃO VAI EMBORA porque tem epílogo rs!

Vou me despedindo aqui, mas não esqueçam de conferir o epílogo na próxima página hehehe! Pelo visto vocês gostaram bastante dessa shortfic e eu admito que não esperava. Acho que melhorei o meu desempenho com esse tipo de narrativa. 

Quem sabe não teremos mais em breve? ^^

Feliz Halloween, obrigada por ter lido <3 xoxo

Scream It OutOnde histórias criam vida. Descubra agora