Será que estava ficando louca? Não, não podia ser. Aquele homem era real e Marinette repetiu isso para si mesma durante o trajeto para casa.
Com certeza não tinha mais nenhum clima para festa. Mas como diria para Alya que desistiu de ir por conta do homem misterioso que tinha visto, embora não tivesse como provar? Como uma boa repórter, Alya trabalhava com provas. Talvez Alya imaginasse que era apenas uma desculpa de Marinette para não ir, uma desculpa bem criativa. Outra hipótese, seria achar que Marinette teria endoidado, pois por mais que fossem melhores amigas, seria bem difícil convencer Alya de que não estava completamente maluca.
Antes de subir as escadas, pensou em contar para seus pais o que tinha acontecido. Porém, ao notar eles totalmente concentrados em atender os clientes, Marinette ponderou se deveria mesmo interrompe-los por algo... Bobo, talvez.
Pensando melhor, será mesmo que tinha visto o que achava que tinha visto?
Marinette subiu para o seu quarto e ficou encarando a sacola com a fantasia por alguns poucos minutos. Ela ainda nem tinha visto o que Alya tinha escolhido pra ela, pois estava pensando no que acabara de acontecer.
Aos poucos a garota se convencia de que não tinha sido nada demais.
Marinette abriu a sacola com a fantasia e puxou o tecido vermelho para fora até que toda a sua extensão ficasse totalmente visível. Era de fato um collant vermelho com bolinhas pretas. Marinette fez careta.
— Sério mesmo, Alya? – notou que dentro da sacola tinha um outro pedaço de tecido com dois furos, uma máscara, e também um ioiô com a mesma estampa do traje.
A garota abriu o notebook e pesquisou "Miraculous", a série de onde Alya tinha tirado sua inspiração para a fantasia em grupo. A primeira imagem mostrava um grupo de super-heróis e no centro dele, estava uma heroína usando um traje parecido com o que Marinette tinha recebido e seu cabelo estava preso em duas marias-chiquinhas. Agora ela lembrava que Alya tinha dito que era melhor que Marinette se vestisse como a protagonista, pois era mais parecida com ela. Seus olhos percorreram os demais heróis e pararam no loiro, o que provavelmente seria a fantasia de Adrien, e rapidamente sentiu suas bochechas corarem. Adrien Agreste em uma fantasia de gato? Era demais para o seu pobre coração!
Depois de admirar a imagem, imaginando como ela e seus amigos ficariam nas fantasias, Marinette foi se arrumar para a festa. A essa altura o incidente de mais cedo estava cada vez mais distante da sua lembrança e sempre que arriscava voltar, Marinette o afastava com força. Não tinha visto nada demais, provavelmente era alguém fazendo uma brincadeira de mau gosto para colocar medo nas pessoas. Afinal, é Halloween, o dia mais assustador do ano.
Adrien estava tenso. Suas mãos seguravam o volante com relativa força enquanto avançava pela estrada deserta, em meio a uma chuva fina. Odiava o fato de sua casa ficar no meio do nada, no entanto não iria embora dali nem se o pagassem, pois era a casa onde tinha crescido com a sua mãe e tudo na construção fazia com que ela estivesse mais viva na lembrança de Adrien. Não que ele precisasse de uma casa para sentir que sua mãe está com ele, porém quando o seu pai sugeriu que se mudassem para Nova York, foi um grande choque para o loiro. Obviamente ele não aceitou se despedir de um local que trazia tantas lembranças boas. Gabriel Agreste aceitou com muita relutância a posição do seu filho e embora viajasse a Nova York com frequência, deixou que Adrien continuasse em Portland com Nathalie, sua assistente de maior confiança. Adrien e Nathalie tinham uma boa relação. Basicamente ela cuidava das necessidades dele, sem interferir em questões pessoais de sua vida e em troca ele não causava problemas. Era perfeito.
O motivo pelo qual o garoto estava tenso, no entanto, é que havia um pressentimento esquisito dentro do seu peito, principalmente depois de ver um homem estranho segurando um guarda-chuva quando saiu de casa pela manhã e na saída da escola mais cedo. Ele estava convencido de que tinha visto coisas, afinal, não era a primeira vez que a imaginação de Adrien o pregava peças. Todavia, achou que os pesadelos vívidos tinham o deixado em paz depois de tantos anos tomando a sua medicação corretamente.
Pensou em ligar o rádio para se distrair durante o trajeto, mas logo desistiu visto que, por algum motivo, o aparelho tinha parado de funcionar pela manhã. O que o deixava um pouco mais aliviado era o fato de que encontraria Marinette em breve e que o silêncio do carro seria preenchido pela voz de uma das melhores pessoas que ele já tinha conhecido.
Pensar em Marinette fez com que a tensão dos seus músculos se aliviassem e um pequeno sorriso brotou nos seus lábios.
Adrien não sabia se um dia voltaria a beijar os lábios da garota que mexia tanto com a sua cabeça, mas sabia que queria muito que isso acontecesse. Desde o verão ele tem ensaiado maneiras de dizer para ela o quanto estava apaixonado, porém nunca encontrava as palavras certas e sempre acabava ficando nervoso demais para tal. As brincadeiras que fazia com ela era uma maneira de aliviar sua tensão ao simplesmente estar com ela no mesmo cômodo.
O loiro aportou o volante novamente, mas dessa vez com determinação. Falaria o quanto estava apaixonado por Marinette hoje, na festa de Halloween. E se levasse um fora – o que era uma possibilidade grande na visão dele –, saberia que ao menos tinha tentado.
Depois de alguns minutos de um silêncio perturbador, Adrien parou na frente da casa de Marinette. Não esperou muito até que Marinette saísse de casa em passos apressados, vestindo um casaco preto por cima da fantasia, e adentrasse o veículo.
— Oi.
— Oi. Adorei o collant. – Adrien brincou e Marinette finalmente analisou a fantasia do garoto. Suas bochechas coraram de leve ao notar o traje preto e as orelhas de gato presas à cabeleira loira rebelde.
— Também gostei do seu. – brincou.
— Isso não é um collant, é um traje heroico. – os dois riram. – O que é a sua "arma"? A minha é um bastão. – Adrien puxou o bastão de plástico acinzentado que estava no banco de trás e mostrou para Marinette.
— Ioiô. – mostrou o objeto vermelho com bolinhas pretas.
— Nossa, assustador! – ironizou.
— Não subestime o poder da Ladybug! – brincou com o ioiô e deu soquinhos no ar.
— Jamais faria isso. Aliás, prazer, Chat Noir.
— Falando nisso, adorei o guizo. Assim fica mais fácil dos seus donos encontrarem você. – o loiro revirou os olhos e eles riram novamente – Podemos ir agora?
— Às ordens, my lady.
Adrien deu a partida e juntos se dirigiram para a casa de Alya, que ficava do outro lado da cidade. Pelo menos estaria com Marinette. Então mesmo que sua mente resolvesse lhe pregar certas peças novamente, não precisaria se preocupar, pois ao seu lado estava a incrível Ladybug. Talvez ela não conseguisse fazer nada com seu ioiô de brinquedo, no entanto Adrien sabia que Marinette não precisava de nenhuma arma para salvar a sua sanidade.
------------------------------
OLÁÁÁÁ!!!!
Agora vimos um pouco do "ponto de vista" do Adrien, o que acharam?
Não esqueçam que (à princípio) serão 5 capítulos e o último sai no Halloween, muahahaha!
Muito obrigada por terem lido, nos vemos no próximo capítulo! Espero que tenham gostado <3 xoxo
VOCÊ ESTÁ LENDO
Scream It Out
Hayran KurguMarinette e Adrien são dois adolescentes como quaisquer outros. Porém, na noite fria e chuvosa da festa de Halloween os dois acabam se deparando com uma lenda antiga. Uma lenda assustadora, que os perseguirá até que eles acabem com ela. Mas só há um...