Faça o que eu digo

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Foi aos doze anos que Kyle Broflovski foi expulso do internato. Se lembrava muito bem, até porque, não era uma coisa difícil de se esquecer.
 
Era na terceira aula do dia e assim como as outras crianças, ele esperava pela a chegada do intervalo.
A ansiedade era tanta que podia se ouvir sons de cochichos ecoando pela as salas. Barulhos, que apesar de serem proibidos, era difícil serem conter, pois era impossível prestar atenção em mais de oitenta crianças ao mesmo tempo.

Os mais atentos percebiam as diferentes reações do salão. Alguns cochichavam, outros escreviam freneticamente, mas a maioria estava de olhos entreabertos, se esforçando para não dormirem em meio às explicações. Porém tudo muda quando uma figura inesperada entra em cena.

O diretor chegava abrindo a porta discretamente, mas isso já foi suficiente para todos os olhares se virarem em sua direção.

Todos ficam em silêncio. Desejavam saber, o que uma figura de tanta autoridade tinha a dizer. Mal sabia Kyle, que as palavras a seguir seriam as últimas que ouviria em sala de aula.

  O diretor chama pelo o nome de Broflovski e o ruivo levanta de imediato, fazendo-lhe uma reverência. O adulto manda o seguir até sua sala e o garoto logo obedece, saindo de sua mesinha de madeira, sem nem pegar os materiais escolares.

Fora da sala, os dois percorreram um longuíssimo corredor, que além de comprido também era mal iluminado, o que tornava a atmosfera entre os dois ainda mais tensa.

   A pouca luz da janela que iluminava metade da face do diretor, fazia ele ficar muito mais assustador. Sua imagem lembrava vagamente a descrição dos vampiros que o menino lia em seus livros e o seu olhar amargurado o fazia reforçar ainda mais o estereótipo.

Kyle respirava fundo, tentava não sentir medo, afinal, aquilo era só fruto da sua imaginação.

Então, tentando se distrair, pensou em outro assunto. Se perguntou o real motivo para o diretor ter o chamado. E em um grande suspiro analisou todas as possibilidades.

  Seu uniforme estava perfeitamente arrumado, então não podia ser uma questão de vestimenta; Lembrava-se de levar todos os materiais para a aula, havia aberto o livro na página certa e até tinha maneirado em argumentar contra os maus professores, hábito que o fez ir na diretoria outras vezes.

  Nunca fazia gracinhas ou maldades. Era um garoto  estudioso, prestava atenção em todas as aulas e até as melhorava com suas palavras.

Era um doce de menino e sempre tirava excelentes notas. Um aluno que qualquer um teria do que se orgulhar.

Mas se tinha tantas qualidades, o que ele fez de errado, afinal ?

Ainda confuso, o menino anda em direção à diretoria. Curioso para saber o porquê de estar indo até lá, Kyle interrompe sua caminhada e dá uma espiadela na sala do diretor, porém o que ele vê não é muito agradável aos olhos .

   Sentada em uma das cadeiras dispostas, estava sua mãe. O garoto, mesmo de longe, podia observar o olhar cauteloso que a mulher transmitia à cadeira do diretor, esperando ansiosamentepela a volta dos dois homens.

O estresse da mulher dava para ser sentido á distância, mas ela se esforçava ao máximo para conter-lo, suas pernas balançavam freneticamente e sua mão direita apertava com força o braço oposto.

Ela queria gritar, reclamar, quebrar tudo que estivesse por perto, mas estava se contendo, já que aquele não era um local adequado para tais atitudes.

Para Kyle, aqueles pensamentos eram familiares, já que ele herdara os mesmos costumes quando estava em uma íra profunda.

E quando o menino a viu assim, com tanto ódio no corpo, já sabia que coisa boa não viria. Temendo ainda mais o motivo da reunião.

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