Capítulo Dez

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LILY

Depois daquele episódio no banho, eu vesti uma calça preta que marcava minhas coxas, uma blusa branca de mangas longas, e um par de tênis da mesma cor. Eu nunca fui do tipo de garota que adorava exibir seu corpo, usando vestidos e roupas justas e curtas, por exemplo. Afinal eu não tinha para quem poder mostrar e talvez me elogiar. Então eu vestia o que me fazia sentir confortável, e definitivamente a escolha era a mais correta para se usar no meu trabalho.

Eu trabalhava num restaurente como uma forma de juntar dinheiro. E eu posso afirmar que depois de tanto tempo que passei servindo mesas, eu já tinha guardado uma boa quantia.

Mamãe sempre disse aquele ditado pra mim:

- Raio de sol, "O trabalho edifica o homem". E a preguiça são para aqueles que já tem a vida pronta e entregue de bandeja nas mãos, pois se não quiserem, não precisam trabalhar.

E nisso mamãe tinha razão. Ela sempre tinha. Quantas saudades.

Após deixar meus cabelos soltos, - dando apenas uma arrumadinha nos mesmos - conferi meu estado no espelho, e vi somente uma mulher com expressão abatida. Respirando fundo saio de casa, tranco a porta, e começo a caminhar.

Eu moro numa casa um pouco afastada da cidade, são cerca de 20 minutos de distância a pé, fica em um local arborizado e bem próximo aquela grande floresta.

Esses minutos de caminhada considero como uma forma de me exercitar. Embora a genética que herdei de mamãe me permita comer grandes quantidades de comida sem engordar, é essencial para uma boa circulação sanguínea e digestão, caminhar.

Olhando a hora no meu celular e vejo que talvez seja bom eu me apressar um pouco, para que tenha tempo de comer alguma coisa.

Com uma pequena corrida logo chego ao mercadinho no início da cidade. O mesmo mercadinho o qual a quase um ano atrás eu dava adeus a mamãe.

Entro, compro uma garrafinha de suco e saiu rapidamente. Este lugar me trás memórias, e neste momento não posso me dar o luxo de começar a chorar.

Aproveito e passo na padaria ao lado e compro rosquinhas doces e açucaradas. Sentando em um baquinho na pracinha próxima dali, começo a me alimentar e logo termino de comer e ando em direção ao restaurante.

Embora seja uma cidade um pouco pequena ainda existe um movimento mais acentuado no centro. E é pra lá que vou, pois é onde se encontra o meu local de trabalho.

Logo chego e já começo a me preparar para a chegada dos clientes, como ordenou meu chefe rabugento. Todo esse tempo trabalhando aqui e sempre me sentindo desconfortável com os olhares que ele me lançava. Mas calada, apenas saio de perto e matenho o máximo de distância possível, antes eu precisava do dinheiro mas agora acho que já juntei o suficiente para não pisar mas neste lugar, nessa cidade por muito tempo. Prefiro o ar livre de casa. Me ocuparei criando e escrevendo novas histórias ou pintando talvez, não sei.

Escrever é um hobby meu, assim como pintar quadros.

E perdida em pensamentos, eu não deixo de comparar o jeito gentil do Sr. Estranho com os jestos maliciosos em cada ação do meu chefe.

E mais uma vez meus pensamentos traidores me levam pra ele outra vez.

Para o meu Sr. Estranho.

Any 🦋

Meu Sr. EstranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora