Capítulo 6

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Analisando a situação, Narem percebe que a atenção dos Guardas está voltada ao local da batalha, tanto que algumas carroças entram e saem sem serem revistadas, os Guardas vão ter trabalho hoje, então encostando-se de costas no muro e aproveitando a camuflagem natural que as sombras conferem aos drows, ela segue até a entrada, sabendo que tem pouco tempo para entrar sem ser vista.

Contando mentalmente até três e colocando o capuz sobre a cabeça, ela entra em Negrarvore. A diferença de luminosidade é gritante.

A noite não havia começado a muito tempo, mas a cidade estava fervilhando, ao menos na Avenida Central, como o próprio nome diz, uma avenida exatamente no centro da cidade e que a cruza de uma extremidade à outra e é composta quase que exclusivamente de comércio dos mais variados. Casas e outras construções ficavam nas ruas distribuídas nas laterais da Avenida. Vista de cima, a cidade parece uma árvore enorme. Diz-se que Negrarvore é, atualmente, a maior cidade humana de Elísea, mas ainda assim é muito menor que a destruída Alexandria.

A Avenida Central estava à mil. Pessoas entrando e saindo de estabelecimentos, Guardas fazendo rondas e música aqui e ali, homens suspeitos com suas adagas escondidas e mulheres cheirosas demais e vestidas de menos preenchiam o lugar. Haviam goblins fazendo as mais diversas tarefas ali, tanto selvagens quanto escravos, halflings com suas barrigas salientes andavam distraidamente, seguido de olhares cheios de cobiça de ladinos e assobios de prostitutas. A noite aqui era viva, o que não queria dizer necessariamente que era bonita. Orcs, normalmente donos das tavernas mais sujas, jogavam um ou outro bêbado inconveniente para fora, Narem observou um desses bêbados, um anão, levantar-se brandindo uma espada, muito bonita por sinal, e entrar novamente apenas para ser jogado para fora novamente, sem a espada dessa vez.

A drow precisava encontrar uma taverna minimamente confiável então decidiu procurar nas ruas laterais, menos iluminadas, confiando nos seus sentidos, não de sua memória já que a última vez que ela esgueirou-se por essas construções fora a muito tempo atrás, antes mesmo do ataque gnoll.

- Espero que esteja tudo bem com aquelas duas – flagrou-se lembrando de Sweetriver e espantou o pensamento com um abanar de mão.

Sabendo que toda a Guarda estará em sua busca, ela se apressa em sair da Avenida e adentra em uma ruela à esquerda, menos iluminada, o que lhe favorece muito. Além de mal iluminada a rua era bem suja e lamacenta, espero estar pisando em lama. Os fundos de muitas lojas e tavernas ficavam ali e o lixo também era jogado lá. Muitos ratos e goblins selvagens disputavam qualquer coisa comestível, ou não venenosa, que pudesse ser achada ali. Haviam humanos bêbados e alguns mendigos largados naquele chão imundo.

Praticamente oculta pelas sombras, ela segue o mais silenciosamente possível. O cheiro no local não era nada agradável e Narem seguia tranquilamente até dois Guardas aparecem mais à frente, vindo da Avenida Central.

Narem olha ao redor, aproveitando enquanto os Guardas estão acordando um bêbado para que ele saia dali, e uma janela aberta num nível mais alto de uma construção lhe chama a atenção. Era muito comum em Negrarvore os comércios terem mais de um pavimento, principalmente no caso de estalagens que, para aumentar os lucros, também prestavam serviços de taverna, acontecia muito também de os comerciantes morarem no andar de cima de seus comércios, tudo para não correrem riscos desnecessários, pois apesar de toda a segurança que a Guarda oferece, crimes menores são muito frequentes. Apesar do barulho geral, ela não captou nenhum som saindo dali, seja lá o que aquele lugar fosse, não estava funcionando naquele momento.

Com um impulso e um salto, Narem consegue entrar no local sem ser percebida pelos Guardas. Agora, ela percebe que está em um quarto escuro.

- Perfeito, vamos vero que posso conseguir aqui.

Ascensão Vermelha - Os Tomos dos Deuses: Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora