Os sons da noite invadem os sentidos de Narem e ela começa a se preparar para invadir, por assim dizer, Negrarvore. Lentamente ela começa a se aproximar pelos galhos das árvores mais baixas e próximas. Então, o momento esperado chega, o Guarda sai para trocar de lugar e os demais estão fazendo suas vigílias. O que ficou sozinho estava andando de um lado para o outro da entrada, fazia tempo que nenhuma carroça ou carruagem entrava ou saía e ele treinava malabarismos com sua lança. Ele é visivelmente jovem e com o físico em dia.
Narem percebeu que o jovem Guarda possuía uma arma a mais, uma arma pessoal, uma espada curta – Esse merece atenção – observa. Então, sem mais demoras ela se prepara para saltar. Estava perto o bastante para um salto tranquilo. É certo que as cidades possuem áreas descampadas em seus arredores, para evitar que intrusos escondam-se em árvores ou grama alta, mas evidentemente nem sempre o trabalho consegue ser bem feito.
Ao tomar impulso, porém, algo inesperado acontece – Merda! – o galho no qual ela apoiara-se não era tão firme quanto julgava e partiu-se assim que ela tomou impulso e deu início ao salto. Ela caiu batendo no muro e caindo ruidosamente numa grama alta, que amorteceu o impacto.
- O que foi isso?! – Grita o Guarda espantado – Quem está ai?!
- os deuses devem estar brincando comigo! – Reclama a drow em pensamento, sentindo-se muito frustrada.
O Guarda entra estava nervoso e aproximava-se lentamente do local onde Narem estava escondida. Ela escuta os passos vacilantes, mas constantes do cada vez mais próximo Guarda e ela sabe que precisa agir antes que o outro Guarda retorne. Então, ela sai do esconderijo, mas mantendo-se oculta nas sombras, com movimentos fluidos, um rolamento seguido de um corte preciso na perna direita... isso se o jovem Guarda, apesar de nervoso, não estivesse atento e não possuísse ótimos reflexos.
- Ei! Sangue meu você não vai tirar!
- Perfeito! – pensa a drow – Não tenho tempo pra isso!
- O que você quer? – O Guarda segurava fortemente a lança e tinha a postura firme, olhos atentos.
- Por incrível que pareça... – argumenta Narem, recuando – Quero ir à taverna.
O Guarda, nitidamente, não acredita e estreita os olhos, analisando a drow e a situação, claramente ganhando tempo para que o companheiro chegue – Certo... e precisava pular o muro pra isso?
- Drows podem entrar livrevemente? – Questiona Narem, já sem paciência.
- Bem... – Antes mesmo de conseguir formular uma resposta, apesar de não haver outra a não ser "não", o outro Guarda chega ao seu posto e vê a situação.
- Ei! O que está esperando? – O homem vinha rápido, nitidamente em investida contra Narem, que já se preparava fazendo ajustes discretos em sua postura – Ela é uma drow! Eles destruíram Alexandria!!! – mais de perto, pôde-se ver a ira no rosto do Guarda, que ao chegar perto o suficiente, salta em um ataque furioso.
- Klint, Não! – O Guarda jovem não tem tempo de reagir e apenas pode observar o homem desferir uma sequência de golpes contra Narem, que o analisa sem se preocupar com os golpes, todos desleixados e carregados de fúria, uma fúria que nem lhe pertencia, pois a queda de Alexandria fora a muito, muito tempo, quando talvez nem seus pais haviam nascido ainda.
- Que tipo de histórias dobre os drows esse humano ouviu? – Pensava.
Então, no meio daquele ataque desajeitado, uma lança cruza o espaço entre os dois. O jovem finalmente interveio – Calma vocês dois! – Porém, aproveitando-se da distração, com dois movimentos rápidos, Narem desarma o Guarda Klint e lhe acerta um soco certeiro na traquéia. Imediatamente o homem vai ao chão com as mãos no pescoço e soltando sons horríveis. Sem perder o ímpeto e nem a fluidez, a drow se lança de ombro contra o jovem que, habilmente, utiliza o escudo em defesa, o que não o impede de ceder dois passos pelo impacto.
Antes que ele pudesse se recompor, ela executa um giro seguido de um chute, que também acerta o escudo, porém, lança o guarda no chão, fazendo o ar escapar de seus pulmões.
Todo esse barulho acabou chamando a atenção dos Guardas que estavam na parte de cima do muro, armados com arcos além das lanças, e Narem os escuta aproximando-se logo acima – Mas que merda!
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Ascensão Vermelha - Os Tomos dos Deuses: Livro 1
FantasyNarem é uma drow que busca uma vida tranquila em um mundo que a rejeita, mas durante uma de suas muitas andanças ela chega na pequena cidade pesqueira de Sweetriver e o que ela encontra ao chegar pode mudar a sua vida e também significar um perigo m...