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Ele olha para mim e depois sai sem dizer nada. Isto foi bastante estranho e constrangedor.

- Vossa majestade está com ele, digo de forma amorosa? - Mel pergunta-me.

- Não ele é só um amigo que estou a acompanhar em suas aventuras.

- Desculpe dizer isto, mas não devia sabe o que irão pensar. - o que ela diz não é novidade nenhuma para mim.

- Isso não me interessa. - digo a verdade.

Mel acaba de pentear meus cabelos e eu levanto-me e dirijo-me à entrada do quarto.

- Vossa majestade? - Mel chama-me.

- Sim.

- Deixe-me dizer que até fariam um belo casal.

Sorrio para a mesma e saio do quarto. Aquele sorriso que dei foi só uma maneira de não ser mal educada pois a minha vontade era rir na cara dela do que disse. Eu e Geralt, um casal. Onde já se viu?

Não digo que não tenho vontade disso porque na verdade aqui nas minhas confissões que nunca direi a um padre nem a ninguém, Geralt é um pedaço de mau caminho. Acho que metade das mulheres do reino querem dormir com ele e eu não era exceção. Mal claro que isso nunca iria passar de desejo e puras loucuras de sonhos e pensamentos. Geralt e eu era impossível de várias formas.

Saio daquela casa e encontro Geralt encostado à parede da casa em frente. Ele olha para mim e logo desvia o olhar. Vou até à sua beira e encosto-me à parede onde ele está e fico a poucos centímetros dele no seu lado direito.

- Tudo bem? - pergunto a ele.

- Mm.

- Minhas roupas estão a secar.

- Mm. - ele só faz aquele género de barulho com os lábios mais uma vez.

- Ainda iremos passar aqui a noite?

- Mm.

...

A noite tinha chegado e posso dizer que está bem fria. O dono daquela casa onde tomei banho tinha se oferecido para nos hospedar na mesma. Geralt não queria aceitar mas eu logo aceitei sem hesitar. O único problema era que aquele velho não tinha dito que só tinha um quarto disponível pelo que teria de dormir no mesmo sítio que Geralt.

Já estamos no quarto, Mel ofereceu-me um vestido para dormir mas eu preferi dormir com minha roupa que já estava seca e no meu corpo. Sinto-me mais confortável dormir assim pois tenho um homem no meu quarto.

Eu ando às voltas no quarto enquanto Geralt já está deitado na cama de barriga para cima e com os braços atrás da cabeça.

- Não dormes? - ele pergunta-me.

- Vais dormir aí? - pergunto a ele.

- Mm, onde mais havia de dormir?

- No chão. - falo como se aquilo fosse óbvio.

- Tentador, mas não. Está uma noite fria e esta casa está gelada.

- Eu não vou dormir na mesma cama que tu, não é ético e além disso estou noiva. - falo e ele faz uma cara estranha.

- Preferes congelar do que ser ética?

- Eu... - não completo o que ia dizer.

Geralt nota meu nervosismo e olha para mim. Até então ele falava sem me olhar nos olhos mas agora olha bem para eles. Parece que analisa-me.

- Nunca dormiste na mesma cama que um homem? - ele pergunta e eu arregalo os olhos.

- Dormia no meio dos meus pais quando era pequena e tinha pesadelos. - respondo algo que não tem nada a haver.

- Não foi isso que perguntei.

- Não, nunca dormi na mesma cama que um homem. - admito a ele.

Geralt levanta-se e vem ter comigo fica mesmo a minha frente a poucos centímetros de mim. Ele olha bem para mim e de alguma maneira aquela proximidade não está-me a incomodar.

- Prometo que irei te respeitar e não te tocarei de nenhuma forma, agora vai para a cama vossa majestade que está bem frio. - ele diz com uma voz que acho mais sensual que o normal.

- Ok. - acabo por concordar em ir para a cama.

Saio da sua beira e vou até à cama, deito-me e tapo meu corpo todo. Geralt deita-se ao meu lado e também se tapa. Tal como ele disse não me tocou e ficou bem na ponta da cama.
Adormeço poucos minutos depois.

Na manhã seguinte acordo e quando olho para o lado Geralt já não está lá.
Foi a primeira vez em muito tempo que consegui dormir uma noite seguida sem acordar.
Desde que meus pais morreram acordo sempre a meio da noite com pesadelos e esta noite não tive nenhum.

Levanto-me e de repente abrem a porta do quarto e era Geralt.

- Bom dia, anda vamos. - ele diz e parece apressado.

Sorte ter dormido com minha roupa. Sigo o mesmo para fora da casa. Nem sequer me deu tempo de agradecer pela estadia e despedir-me das pessoas.
O seu cavalo já está à entrada e subimos no mesmo.
Saímos daquela aldeia e continuamos o caminho para algum sítio que eu não sei qual seria. Na verdade acho que nem Geralt sabe qual será o próximo destino onde vamos dormir.

Passado três horas paramos pois eu preciso de fazer minhas necessidades. Afasto-me bem dele e vou até atrás de uns arbustos.
Volto para a sua beira e voltamos a seguir viagem.
Passado meia hora mais ou menos paramos para comer algo. Estamos à beira de um pomar no meio do nada. Geralt apanha duas maçãs e dá-me uma. Como a mesma e era deliciosa.
Sento-me no chão mesmo. Se agora me vissem sentada no chão sem ter uma manta por baixo seria criticada em todos os reinos existentes.
Como dizem basta uma rainha roer uma unha que ao final de uma semana já se sabe em todos os reinos.

- Storm em que tanto pensas? - Geralt pergunta-me.

- A imaginar o que iriam dizer se vissem-me nestes preparos.

- Ser rainha é bem chato.

- Porque dizes isso? - pergunto curiosa.

- Basta fazeres uma coisa que uma rainha não deve fazer que és logo criticada e além disso és conhecida em todos os reinos.

- Tu também o és.

- Meu nome sim mas nem em todos os reinos sabem meu aspeto.

Ia para responder mas ouvimos cavalos. Geralt puxa-me mais para o meio do pomar juntamente com seu cavalo. Na zona onde estamos não nos veriam mas nos veríamos quem passava.
Finalmente os vemos, são soldados de outro reino que vão a passar com um prisioneiro, percebe-se isso pela carruagem que usam que era uma das que se usa para prisioneiros. Passado uns minutos já não os ouvímos.

- Porque nos escondemos? - pergunto a Geralt.

- Mais vale prevenir, nunca sabemos quem será.

Geralt tinha razão. As vezes mais vale prevenir.


Até ao próximo capítulo.

Rainha e o BruxoOnde histórias criam vida. Descubra agora