Episódio 25

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Descendo do grande céu cinza que nos cobre, passando pelo ar gélido, úmido e melancólico ressaltando a tristeza do momento, da perda, uma gota de água da chuva que se instaura, caí sobre minha testa. As lágrimas que não consigo controlar, se misturam com a chuva. Neguei o guarda chuva, mas meus amigos e família, se protegem com os seus

Observamos o pastor que declara as últimas palavras, antes de enterrar o último caixão, o da Shophia... Íris se reconforta no abraço de seu pai, chorando com o rosto de encontro ao peito do pai. Patty se encontra ao lado dos meus amigos, tentando controlar as lágrimas. É quase impossível, acabamos de enterrar Jacob, e agora... Shophia...

—... Que Deus à encaminhe para o reino dos céus, amém—o pastor finalmente termina e todos começam a se retirar

—Barry... Vamos?—sinto as gotas de chuvas pararem de me molhar e meu traje para a ocasião, com o guarda chuva de Patty me cobrindo

—eu... Eu vou ficar mais... Mais um pouco. Já vou para casa—meio perdido, com os olhos no caixão dentro de sua cova, respondo Patty

—ok. Te espero no carro—sua mão com luva preta, deslisa pelo meu ombro

Ouço o barulho de gotas da água entrando em choque com seu guarda chuva, se afastando anunciando sua ida para o carro. Me agacho ficado de cócoras com as mãos juntas. Acabo pegando grãos de terra com a palma da mão direita e deixando cair alguns deles propositalmente. A terra que despenca, vai de encontro a madeira escura do caixão. Quando fecho por um período meus olhos, uma lágrima escorre...

—me desculpe... Shophia... Eu falhei com você... Com todos—admito o que me perturba

De novo... A história se repete. Nas minhas costas, sinto um olhar a me observar. Levantando, me viro para a direção e o vejo. Com seu corpo em vibração e olhos vermelhos, observando o estrago que causou. O que eu fiz pra ele? Por que ele faz tudo isso comigo? Desde de criança ele me tortura. O vejo ir embora com sua velocidade no meio de seus raios vermelhos. Ainda vou parar você...

Sigo para o carro de encontro a Patty que dirige de volta para seu apartamento, me levando junto. Assim que chegamos, subimos o prédio e adentro de sua casa, o clima melancólico e triste ainda se faz presente. Concordamos em trocar de roupas e por umas mais confortáveis. Eu optei por uma camiseta branca e calça de moletom. Sem mais energia, nos atiramos na cama. Ficamos por algum tempo sem falar nada, com o barulho de chuva no lado de fora, com os pingos dela batendo contra o vidro da janela

—tem sido tempos difíceis...—a voz doce dela quebra o silêncio, e antes encarando o teto sem rumo, a olho virando meu corpo ficando de lado. Sua mão pousa sobre a minha fazendo um leve carinho. Ela deixa um sorriso doce transparecer nos seus lábios com os olhos brilhando de lágrimas—... Perdemos pessoas que amávamos... Sua mãe, a Shophia, meu...—ela para por um tempo—irmão... Mas eles não iriam querer que desistimos, que parecemos de lutar—meu olhar vai para o colchão—ei, ei! Olha pra mim—nossos olhos se encontram—vamos conseguir passar por isso, juntos. Vamos parar esse filha da mãe, antes que ele cause mais vítimas. Você não pode parar e desistir agora, precisamos de você, as pessoas precisam de você, precisam do Flash... E você, é o Flash!—acabo respirando fundo e pego sua mão e a beijo com ternura

—obrigado. Você é muito importante para mim—falo ainda com sua mão perto de minha face

—você também é para mim. Eu te amo!—impossível não sorrir ao ouvir essas palavras saindo de sua boca

—eu também te amo—a puxo para um abraço carinhoso, e ficamos assim, pelo resto do dia e noite, se confortando um no outro, com carinhos e ternuras

No outro dia, acordamos juntos... Tá, se não fosse a Patty me acordar eu teria me atrasado mais uma vez mas não aconteceu. Nos arrumamos, tomamos nosso café, fizemos nossas higienes. Patty seguiu para a delegacia, enquanto fui para a casa de Joe e Íris. Assim que cheguei, vejo um caminhão de mudança sendo fechado com caixas dentro. Vou para dentro da casa e encontro com Joe

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