Ele era sombrio e distante, eu o considerava o vilão daquela história.
Ele não era.🎭
Já havia se passado uma semana que Emma estava morando no Grace House, ela havia feito amizade com todos os outros órfãos. Claro havia Ray, ele era uma exceção a esse todo.
O garoto passava o dia inteiro na biblioteca, às vezes em uma árvore do lado de fora do casarão, sua rotina não era muito movimentada.
Ele era um preguiçoso anti-social.
- Emma, vamos todos brincar de esconde-esconde, quer participar? - Don apareceu na porta do quarto feminino. Ela era a única dentro do cômodo.
- Todos? - questionou duvidosa.
- A maioria - ele deu de ombros. Ray não participaria é claro.
A ruiva concordou deixando o livro de lado e seguindo o moreno até o andar debaixo.
Depois de uma pequena disputa de zerinho ou um o contador foi decidido, seria Nat - o garoto havia perdido para todos os outros.
Muito a contra gosto, a contagem começou:
- Um - todos começaram a se esconder.
Emma correu para dentro do casarão, em busca de um bom esconderijo, ainda não conhecia muito bem o local e nem os melhores esconderijos para a brincadeira, então acabou por subir as escadas e ir para a biblioteca, ao contrário do que pensou Ray não estava lá como de costume "É meu dia de sorte" pensou feliz. A ruiva subiu a escada que levava para o "andar" de cima da biblioteca planejando se esconder lá, ela só não contava em encontrar uma companhia felina cochilando por ali.
- Você?! - ela praticamente gritou ao avistar o felino daquela noite, como se ele fosse responde-la com um "oi, sou eu mesmo."
O gato repousava em cima de um livro aberto, ao ouvir a voz da garota ele abriu um dos olhos a encarou e depois voltou a fecha-lo.
Ignorando-a.
- Era só o que me faltava, ser ignorada por um felino - murmurou brava. Como se tivesse sido xingada pelo pior dos palavrões. - mas o que eu poderia esperar de um animal que tem o rei na barriga, não é mesmo?
O gato abriu os dois olhos e se sentou encarando-a mortalmente. Emma sorriu ladina.
- Ora, ora, o preguiçoso ficou sentido com as minhas palavras?
A garota realmente estava discutindo com um gato.
- O que será que ele vai fazer? Me arranhar?
Naquele momento ela nem mesmo raciocinava ou pensava em suas palavras, e ela continuaria com a discussão se não fosse pela voz de Nat soar no corredor.
- Aonde foi que eles se esconderam? - o garoto murmurou bravo.
Emma se encolheu e tampou a boca, com medo de que ele a ouvisse. Ouviu a porta ser aberta, Nat olhava da mesma para dentro da biblioteca.
"Okay! Apenas fique em silêncio Emma!" Repetiu em seus pensamentos, tudo dependia dela ficar em silêncio.
Ou não.
Um pouco antes de Nat fechar a porta o gato começou a miar, ele miava como se estivesse apanhando ou como se fosse morrer. Emma o encarou e o gato devolveu o olhar. Ele estava fazendo de proposito.
- Não gatinho, por favor - a ruiva começou a sussurrar, pedindo para que o gato parasse.
Ele não parou.
Ela tentou pegar o gato, mais o felino foi mais rápido e pulou em sua cabeça a fazendo cair de barriga no chão de madeira do pequeno andar.
Nat a ouviu.
- Eu te pego felino ranziza, eu te pego - Emma murmurou em tom de ameaça.
O gato? A olhou com deboche, como se a desafiasse a cumprir sua promessa.
Naquele momento a garota anotou mais um "nome" a sua lista negra:
1. Ray, o emo anti-social.
2. O gato preto da biblioteca.A ruiva desceu as escadas junto de Nat - que se gabava por tê-la encontrado - para ir em busca do resto da turma.
Poucos segundos depois Ray saiu de dentro da biblioteca, se espreguiçando, com um livro nas mãos.
O garoto tinha um sorriso debochado no rosto, mas que logo sumiu ao ouvir um barulho vindo do quarto ao fim do corredor.
- Tsc. - resmungou.
A passos apressados Ray chegou e abriu a porta do quarto. Temendo que não tivesse chegado a tempo.
- Phil! - O moreno gritou. O garotinho estava em cima de um caixote, terminando de puxar o pano azul que cobria o espelho da parede. - O que pensa que está fazendo? Mama já não avisou para não entrar aqui?
O garotinho desceu do caixote e olhou envergonhado para o mais velho.
- Desculpa - pediu o pequeno.
- Tudo bem, só não entre mais aqui, okay? - o pequenino concordou com a cabeça. - Você está brincando com os outros? - Ele concordou novamente. - Vamos, vou te ajudar a se esconder.
- Sério? - Ray concordou. - obrigada Ray!
Phil pegou na mão de Ray e começou a sair do quarto, puxando o moreno junto dele.
Ray deu uma última olhada para o espelho e pode ver Norman o encarando mortalmente e de punho fechado.
- Não foi dessa vez, Norman - Ray silibou antes de sair do quarto e bater a porta.
O reflexo do menino de cabelos brancos e olhos azuis abaixou a cabeça e abriu um sorriso irônico com as palavras do moreno.
- É, não foi - o espelho voltou a refletir o quarto escuro - ainda, Ray.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O outro lado | TPN
Fanfiction𝐎 𝐎𝐔𝐓𝐑𝐎 𝐋𝐀𝐃𝐎 | OBRA CONCLUÍDA. Emma havia acabado de perder os pais para um acidente de carro, a garota acabou sendo mandada para o orfanato Grace House, o lugar a princípio parecia ser só um lugar normal, para órfãos normais. Mas não era...