XVII. Ricos e tal

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Quando finalmente chegaram do aeroporto já era noite, e o cansaço era tanto que absolutamente todo mundo se resumiu a dormir. A noite toda. Dormiriam o dia seguinte inteiro também, se a sra. Tucker não tivesse acordado todo mundo da casa quando saiu pelo corredor batendo nas panelas.

O sol batia no rosto de Thomas, e incomodava seus olhos, mas ele não sentia a mínima vontade de levantar, mesmo que isso significasse que iria perder o passeio até o centro. Havia uma força gravitacional absurda puxando-o para a cama, agarrando-o aos lençóis e transformando o ato de levantar em uma tarefa impossível.

Isso, porém, até Trevor pular em suas costas.

— Vamos, cabeção, senão a gente não vai aproveitar nada do dia! — disse ele, como se fosse um discurso que serviria mais para si mesmo do que para qualquer pessoa.

Thomas, então, não teve outra alternativa além de levantar. Infelizmente.

O dia estava quente. Tipo, muito quente, e ele logo se desfez das roupas de frio que estava vestindo. Depois de tomar um banho caprichado, arrancando toda a sonolência de seu corpo cansado, beliscou umas coisinhas na cozinha e, tão rápido quanto era possível, estava pronto para conhecer a cidade. Talvez toda essa coisa de ser turista fosse emocionante, e acreditar nisso o motivou um pouco.

Eles passaram por várias lojinhas com artesanatos locais que enlouqueceram Elizabeth, e acabou sobrando para Dante carregar as tranqueiras que ela fez questão de comprar. Tudo era tão bonito que a vontade de sair comprando absolutamente qualquer coisa que oferecessem era tentador, por isso ninguém se atreveu a julgar a sra. Tucker. Quando a hora do almoço chegou, a parada foi em um restaurante magnífico à beira-mar, com direito a pratos exóticos e deliciosos. Cole, por exemplo, atacava os tacos de pescado como se eles fossem sair correndo da mesa.

— Eu amo frutos do mar — ele se justificou, com a mão cobrindo a boca cheia de camarões e o rosto vermelho, envergonhado.

Todo mundo acabou rindo.

A melhor parte do dia, no entanto, foi só quando os adultos ficavam no restaurante, bebendo e conversando, e o filhos foram descobrir o que fazer pela cidade. Eles tiveram a ideia de se enfiar em provadores para experimentar roupas praianas, e embora não fosse o Havaí, algumas coleções eram inspiradas. Quais eram as chances de dar certo? Mínimas. Cole, o modelo da coleção de verão, ficava hilário toda vez que aparecia com uma roupa extravagante, combinações de cores duvidosas e óculos de sol maiores que o rosto.

— Como estou, Bran? Lindo? — perguntou ele, com uma careta, quando saiu do provador só com uma saia rosa-choque colada e um colar havaiano no pescoço.

O garotinho soltou uma risada genuína, e todo mundo o acompanhou. Inclusive o próprio modelo, que se curvou para trás em meio à gargalhada, colocando as mãos na cintura e deixando tudo ainda mais engraçado.

— Você está fa-bu-lo-so! — sibilou Brandon, num filete de voz, quando se recuperou do ataque de riso.

Cole mordeu exageradamente os lábios avermelhados por um batom barato, colocando um cabelo imaginário para trás dos ombros e agradecendo, modesto, o que só despertou mais e mais risadas. A viagem toda não seria nada se ele não estivesse ali, e a essa altura Thomas já havia se convencido disso.

Assim que a noite caiu, eles voltaram para a casa, exaustos do belo dia de bate perna, mas eufóricos demais para reclamar. Tudo era bastante aconchegante e ventilado, não havia do que reclamar. Não estavam em um resort nem nada, o que significava privacidade, e por isso Thomas nunca agradeceu tanto o fato de os Tucker serem podres de ricos, ao ponto de apenas terem uma casa beira-mar numa cidade paradisíaca.

Delírios Não Apaixonados (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora