O dia amanheceu um tanto nublado, o palpite de Thomas era de que o clima melancólico era para acompanhar seu estado emocional.
Hoje era sábado, e significava muitas coisas além disso. Uma semana que fugia de seus três melhores amigos, vários dias que só falava o necessário com o pai, e plus, dia do seu aniversário. O que dizer? Ele não estava em um clima lá muito festivo para comemorar. Hoje também era o grande jogo contra Bayside High, e a única coisa boa sobre isso é que não haveria aula.
As coisas já estavam mais esclarecidas em sua cabeça, e esse era um avanço. Nada que umas boas sessões de choro incessante em posição fetal não resolvessem.
Contudo, ainda estava magoado o suficiente para preferir ficar sozinho a maior parte do tempo na escola e também fora dela. Alyssa o havia rejeitado, Hunter e Naomi o traíram, e a situação não estava tão boa com seu coroa, afinal. Tudo o que precisava era de tempo para aprender a lidar com o ritmo que as coisas estavam seguindo, e agora havia de sobra.
Às 11h em ponto, Trevor entrou no quarto e pulou em cima de Thomas, como já era de lei, e isso o animou um pouco. Era tipo uma tradição, coisa de antes dele sequer nascer, coisa de quando sua mãe ainda estava viva. Ele adorava.
— Quem diria, hein? 16 aninhos — cantarolou Trevor, com um sorrisinho travesso. Ele tirou um prato de waffles lambuzado de mel que escondia nas costas e entregou ao irmão. — Não é como os que o papai faz, mas dá pro gasto.
— Dá sim. — Thomas se permitiu sorrir também, dando um abraço meio sem jeito nele. Qualquer ato de carinho quando se tratava dos dois era estritamente esquisito. — Obrigado, Trev. Tá perfeito.
— Eu sei. Tudo que eu faço é assim mesmo.
O mais novo revirou os olhos.
— Sei.
— É sério! — Trevor passou a mão no cabelo oxigenado, fingindo colocar um topete imaginário para trás, já que sua cabeça era praticamente raspada. — Eu diria pra você me ver transando, porque é perfeito, mas seria muito estranho, sabe?
— Eca!! — gritou Thomas, franzindo o nariz e forçando a cara de nojo.
Não conteve a risada, no entanto, assim como o irmão, que se jogou para trás em meio a gargalhada. Só vieram parar meio minuto depois, que foi quando começaram a comer.
— Ele já te ligou? — perguntou Trevor, enfiando uma panqueca de formato duvidoso na boca.
— Sim — resmungou Thomas, em resposta. Não queria falar sobre aquilo, mas sabia que teria de compartilhar com o irmão em algum momento. Eles eram cúmplices em tudo dentro daquela casa. — Ele me desejou feliz aniversário, disse que sentia muito por não estar aqui e me mandou olhar no escritório dele.
— E você foi?
— Eu ainda nem levantei da cama, Trev!
— Justo! — Ele riu um pouco, depois ficou sério. Embora fosse um babaca a maior parte do tempo, Trevor se preocupava demais com o irmão mais novo, mesmo que nunca admitisse. — O que você disse a ele?
— Bem, eu agradeci. Disse que o amava, mesmo à distância. Pedi desculpas, e ele falou pra gente conversar quando ele chegar amanhã.
— Já tava na hora mesmo. Você tem que pegar leve com ele, mano. Ele te ama mais que tudo.
— Eu sei... — Thomas terminou sua última panqueca e levantou-se da cama. Queria mudar de assunto. — Enfim, o que tem marcado pra hoje?
Trevor ficou pensativo por um instante, então a animação tomou conta dele.
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Delírios Não Apaixonados (romance gay)
Genç KurguThomas Standall vive a (in)felicidade do Ensino Médio como qualquer um tem de passar em algum momento, conhecendo seus altos e baixos de perto, porém estando, ainda assim, bastante estável em sua zona de conforto... Até alguém abalar seu coraçãozinh...