Filhos do Infinito | Peter Parker

Capítulo Bônus: Flashback

Março de 2016

Peter

Isso não pode estar acontecendo.

É como se eu conseguisse ver o mundo de uma perspectiva totalmente nova de uma hora para a outra.

Olho para a picada novamente. Tudo começou a acontecer depois daquela aranha. Mas não era possível, era? Como uma aranha, aparentemente comum, poderia ter feito tantas mudanças no meu corpo?

Minha visão melhorou milagrosamente. Não preciso mais dos óculos. Meus sentidos estão mais aguçados. Tenho reflexos que nunca tive antes. Minha pele gerou uma aderência impressionante.

O que está acontecendo comigo?

— Peter! — ouço tia May chamando do outro lado da porta. — Emma está aqui. Quer falar com você.

A porta é aberta e Emma entra, jogando um caderno na minha escrivaninha e se jogando na cadeira de rodinhas.

— Toda a matéria que você perdeu hoje. Não precisa me agradecer, sei que sou muito gentil. — Ela diz, sorrindo e dando um giro na cadeira. — O que deu em você hoje? Estava tão animado com a feira de ciências, e de repente foi embora sem falar com ninguém.

— Eu não estava me sentindo bem... — pego o caderno e dou uma olhada no conteúdo. As letras não estavam mais embaçadas. Essa aranha melhorou mesmo minha visão.

Algo chama minha atenção em um dever que Emma anotou no fim da última folha.

— Trabalho em dupla de química? Não lembro de ter combinado nenhum trabalho com você. — digo rindo, mas quando me viro, Emma está me olhando com as sobrancelhas arqueadas.

— Você tá usando lentes de contato?

Desvio o olhar. Não faço ideia se é possível descobrir se alguém usa lentes apenas olhando para a pessoa.

— Sim, bem melhor que os óculos.

— Você não me conta mais nada. — ela se levanta da cadeira e chega mais perto. — Deixa eu ver como ficou em você?

— Fica normal. Quase não dá pra ver. E você está mudando de assunto. — busco novamente o caderno e entrego para ela. — Trabalho de química em dupla?

— Sim, e você vai ser meu par porque está disposto a ajudar sua melhor amiga a não reprovar.

Alguém bate na porta.

— Peter, sou eu, posso entrar? — ouço a voz do tio Ben.

— Claro. — Respondo e ele entra.

— Ah, olá, Emma. — ele sorri ao encontrá-la. — Não sabia que estaria aqui.

— Oi, tio Ben.

— Não quero atrapalhar a conversa dos dois, serei breve. — Ele volta o olhar para mim. — Peter, tenho algo pra você.

Ele me entrega uma caixa fechada, e eu o olho curioso.

— O que tem aqui? — pergunto, achando aquilo estranho. Meu aniversário estava longe, e não lembro de nenhum feriado esse mês digno de presentes.

— Abre logo, bobo, aí você descobre. — Emma diz, impaciente, se inclinando por cima do meu ombro para analisar a caixa.

— Tenho um presente pra você também, Emma. — meu tio fala, jogando uma barra de chocolate para ela, que pega animada. — Ia mandar Peter entregá-la amanhã na escola. Devia ter desconfiado que a encontraria aqui. Vocês dois não se desgrudam.