Meu

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Capítulo 3 - Meu


Chanyeol era o tipo de amigo que provava o quanto se importava quando largava o vídeo game para te olhar. Não que ele deixasse de prestar atenção no que você falava enquanto jogava, mas se ele realmente abaixasse o manete ou desligasse a televisão para fazer algo por você... Aquilo significava que as coisas estavam ficando graves.

E aquela era a segunda vez que Park Chanyeol estava largando o celular contra a própria cama - sabendo que provavelmente perderia a partida que havia iniciado num de seus milhares de jogos online - para vir me socorrer enquanto eu colocava minhas vísceras para fora, em mais uma crise de vômito.

Na verdade, nas últimas semanas, vomitar e dormir pareciam ser as duas únicas coisas que eu fazia com maestria e meu melhor amigo havia percebido isso quando me obrigou a cancelar meu encontro com Sehun para que eu pudesse ir até sua casa, onde ele poderia manter os olhos em mim.

Admito que agora estava começando a perceber o quanto aquilo havia sido uma boa ideia, porque eu não saberia me explicar para o Oh se começasse a vomitar na frente dele. Já faziam duas semanas que ele mantinha sua promessa ferrenhamente e eu não era tocado de nenhuma forma sexual. Se ele me visse daquela forma, a situação apenas pioraria.

Isso estava me fazendo entrar em desespero.

E se antes eu ao menos tentava alguma coisa, agora, sete quilos mais magro do que quando aquela bendita virose havia começado, eu nem tentava minha sorte, ou provavelmente o tatuador iria gritar comigo por eu ser tão irresponsável.

O problema era que eu estava ficando... Preocupado.

Assustado talvez fosse a palavra certa.

"Baek..." Eu sabia que eventualmente Chanyeol falaria alguma coisa. Até aquele momento meu amigo se limitava a acariciar minhas costas e me ajudar a levantar do chão frio do banheiro, mas aparentemente ele havia alcançado seu limite de silêncio. E a ideia de ele falar o que já vinha passando pela minha cabeça... Meu Deus, eu não sabia o que iria fazer. "Você sabe que... Isso não parece ser uma virose, certo?"

Não... Não!

Ele tentou me erguer do chão, mas tudo que eu fiz foi apoiar as costas contra a parede de azulejos, sentindo os olhos arderem com força, enquanto eu me abraçava, como se sentisse frio. "Não... Eu não quero..." Sulucei, tentando não soar tão ridículo quanto me sentia. Qualquer adolescente teria tido um pouco mais de consciência do que eu... Qualquer um! E nem era necessário estar transando com alguém como Oh Sehun!

Chanyeol saiu do banheiro por um momento, e eu vi com o canto dos olhos o Park andar até a própria mochila e tirar de lá uma sacolinha plástica com uma caixinha dentro. Ele já estava planejando falar comigo sobre o assunto fazia um tempo, aparentemente.

Ele teve a iniciativa que eu não tive. Porque Chanyeol sempre foi mais maduro do que eu jamais seria.

"Não é melhor ter certeza?" Ele perguntou, sentando-se no chão ao meu lado, encostando na parede exatamente como eu, enquanto colocava a embalagem na minha mão. "Se nós soubermos o que é... Pelo menos iremos saber o que vamos enfrentar." Falou, naquele tom de voz materno que sempre foi tão característico dele quando estava preocupado. "Eu te ajudo."

"Eu não sei o que fazer se isso der positivo, Chanyeol..." Me impressionei com a engasgada que dei no meio da frase. Soou tão dolorido que eu quase cheguei a ter pena de mim mesmo... E ter pena de si mesmo era muito, muito ridículo. "Eu não sei o que fazer..." Admiti, passando espasmodicamente as mãos contra meus olhos, que escorriam lágrimas mesmo que eu não piscasse... Quase como uma torneira aberta.

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