Cᥲρίtᥙᥣo 15

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Minho fechou a porta atrás de si, olhando para o chão como se fosse muito trabalhoso manter os olhos em linha reta. As laterais de seus sapatos estavam sujas; com aquelas manchas de terra que se aderem a um cam a pegada de outro.

Foi só quando se deu conta deles que a imagem utópica desapareceu - mas não tão longe da realidade por causa da crueldade que carregava nela - que se formava do Norte em seu cérebro. Se perguntou algo tão banal como quantos médicos havia levado em seu desejo de chegar o mais rápido possível.

Embora não se importasse nem um pouco, para dizer a verdade, Minho ponderou sobre isso até ouvir as portas do corredor se abrindo automaticamente. Forçando-o a sair de seu transe, expondo a figura que acabava de passar.

Jisung.

Qualquer outra pessoa não teria notado a palidez que ocultava seu rubor natural e delicado. Era apenas Minho que podia ver além de sua habitual brancura amarelada, pois Jisung não tinha confiança o suficiente para permitir que estranhos olhassem para ele por mais tempo do que durava um olá e um adeus...Fazia sentido para o médico - depois de ter falado com Bang Chan - que ao contrário dos outros desertores, Jisung não foi queimado nem nas partes mais expostas de sua pele. Substituída pelas luzes da sala de cirurgia, Minho se deu conta que lhe tiraram até a luz do sol.

Não foi difícil para ele perceber que também estava tonto com o ziguezague de seus passos. Minho correu ao seu encontro, balançando sua jaqueta e olhando a intenção de Jisung de acelerar o passo quando sua anatomia se recusava a fazer qualquer esforço adicional e lhe disse não. Chegaram no meio do corredor, junto da porta aberta de uma das salas, e conseguiu segurá-lo pelos braços. Sentiu em primeira mão a febre que banhava seu rosto. Mas, o mais importante, sentiu a presença que se aproximava do outro lado e que, através da fenda muito estreita na porta, revelou a escura íris de seus olhos junto de uma covinha que o assustou.

Nem sequer deu a Jisung um olhar antes de empurrar seu corpo para dentro da sala. Orou para que ele não batesse na porta em desespero, como faria se estivesse do nada em um quarto escuro trancado sem motivo. Suas orações foram ouvidas por Jisung; como se estivesse acostumado, nem sequer respirou. A manobra de Minho demorou o tempo que a porta da frente levou para abrir e fechar permitindo que Huan Yue passasse.

- Doutor Lee. - cumprimentou.

Minho fingiu estar saindo da sala onde prendeu Jisung quando o outro médico se aproximou. Recebeu uma reverência de sua parte e, relutantemente, apenas por hábito, retribuiu. Esperou que a ave em seu pescoço se afastasse. No entanto, os olhos de Huan Yue estavam fixos nos dele e os do corvo permaneceram fixos em sua mão. Como se pudesse sentir o cheiro de Jisung contra as dobras de sua pele.

- Vi que você me antecipou em visitar Chan. Lamento informar que outro encontro será impossível a menos que eu não esteja.

- Está proibindo a entrada de um CEO?

- A porta estará sempre aberta. É apenas uma advertência nada mais. - esclareceu. - Coloquei câmeras de todos os ângulos lá, e nesta tarde também haverá microfones. Qualquer inconveniente podemos consertar com Jisung, o que acha?

Minho mordeu a língua e assentiu, como se não fosse pôr resistência caso Huan Yue se aproxime de Jisung. Sentiu como se os punhos que não deveriam se mover das laterais de seu corpo retumbassem em seu peito na esperança de encontrar algum alívio.

- Só queria ver como ele estava.

Aquilo poderia ter sido o final. Huan Yue poderia ter mantido as mãos nos bolsos e seu comportamento pacífico; talvez até mesmo se virado e deixado a área se não fosse pela necessidade de Minho de explodir. Seus punhos se controlaram. No entanto, não houve tempo ou força de vontade suficiente para silenciar o que rastejou em sua garganta.

𝐀𝐍𝐀𝐓𝐎𝐌𝐈𝐀 | minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora