Cᥲρίtᥙᥣo 17

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Jisung desfrutou do passeio nas costas de Minho até que ele o deixou na porta do banheiro de seu quarto e deu um beijo em seu ombro nu, sussurrando em seu ouvido que entraria em seu próprio banheiro. Em parte, isso o fez olhar para baixo, um pouco desapontado. Mas por outro lado, o aliviou e ele teve certeza de que Minho notou aquele detalhe quando seu peito esvaziou, liberando a sensação de nervosismo que vinha mantendo.

Não que não quisesse compartilhar algo tão íntimo como um banho com o mais velho. Tinha que admitir que quando Minho deixou escapar suas palavras, levou sua mente a um cenário carregado de vapor onde lhe lavaria o cabelo até que ficasse tão sedoso e brilhante quanto o maior costumava ter.

Logo se deu conta, entretanto, que Minho ainda não tinha visto cada parte de seu corpo, e não era nada mais do que o pudor que a Jisung lhe importava. Sim, isso o fazia corar ao pensar em seus olhos vagando por sua anatomia sem nada cobrindo sua parte inferior. Mas o pensamento que o apavorava estava escondido por trás de todas aquelas feridas que não estavam em seu torso e que, consequentemente, Minho ainda não havia contemplado.

Tinha a marca antiga que haviam deixado as torturas a que havia sido submetido para obter informações sobre os comitês de oposição que seu pai organizava. Jisung tinha nove anos e dali caminhava com uma marca retangular na região pélvica, outra marca triangular na panturrilha e outra do mesmo formato que o selava na coxa.

Essa e as milhares de outras cicatrizes - algumas ainda visíveis, outras desbotadas quase incapazes de serem vistas - eram sua demonstração explícita de que pertencia à Coreia do Norte e que, embora tivesse escapado, sua alma permaneceria marcada.

No dia seguinte, Minho o levantou mais cedo do que de costume. Provocando que se mexesse entre seus braços e gaguejasse palavras desconexas até atingir a lucidez e tomar a iniciativa de puxar os lençóis. Cumpriram sua rotina e, no final do café da manhã, Minho disse que tinha algumas missões para cumprir e por isso não iria ao hospital. Jisung, que já estava vestido para o trabalho, manteve o café nos lábios; com medo de que o mais velho lhe dissesse que ele teria que dirigir para chegar ao hospital.

- Você vai me levar? - perguntou. - Ou...Eu vou ter que dirigir o carro?

Minho riu e balançou a cabeça. Não. Definitivamente ele não se sentaria atrás do volante de um carro depois do que aconteceu com o carro de Jeongin e o corte dos vidros em seu braço. Jisung se sentiu aliviado e, em vez disso, Minho disse que o ensinaria a se locomover no metrô se isso não o incomodasse.

Não esperou que o menor se mostrasse tão ansioso para fazer o mesmo que o resto dos cidadãos. Nem todos possuíam um bom carro e tampouco paciência para lidar com o trânsito. Inclusive nas escadas, quando chegaram à estação mais próxima, Jisung se moveu energicamente e desceu as escadas rapidamente. Minho se atrapalhou para acompanhá-lo...Era isso, ou soltar sua mão.

Foi uma sorte que Minho decidiu acelerar seu ritmo. Ao chegar no metrô e contemplar tantas pessoas ao seu redor, - todas habituadas a levar esse estilo de vida e sem ter dúvidas sobre onde e como se deslocar para chegar aos seus locais de trabalho - Jisung deu alguns passos para trás, sentindo-se intimidado. Contra sua vontade, seu subconsciente o lembrou novamente; Que esta não era sua pátria. Que havia forçado o curso verdadeiro e trágico para o qual estava destinado.

- Aconteceu alguma coisa? - Minho perguntou. Franzindo a testa com a mudança repentina de atitude do garoto.

Jisung negou. Mas seu olhar triste mostrou o contrário.

- Está com medo. - concluiu.

- Yah! O que está dizendo - um homem gritando ao telefone o fez pular e acabar com seu desejo de esconder o que estava acontecendo de Minho. - Só um pouco.

𝐀𝐍𝐀𝐓𝐎𝐌𝐈𝐀 | minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora